O presidente da nação mais comentada do planeta, Donald Trump, preconizou o muro do isolamento entre norte-americanos e mexicanos, para salvaguardar o domínio de seu país sobre o outro; também, para demonstrar poderio sobrepujante aos negros, pobres, mulheres, refugiados, miseráveis do mundo que não sejam de sua estirpe dominante. No passado e no presente, sempre houve discursos herméticos aos outros que pensam e agem diferente. Quantos se autodenominaram grandes e poderosos devido ao arsenal bélico e força político-econômica. O que restou desses déspotas e famigerados fabricadores de vaidade intrínseca? Ficou o que, hoje, se revê nas inusitadas formas de gestores das políticas aparentes.
Muros que custam bilhões de vultos gastos armazenam o egocentrismo exacerbado ainda imperante nos tempos chamados modernos. Pessoas e sistemas que insistem em permanecer de pé, em detrimento das vidas alheias, ressurgem do pensamento e das ações contrárias à vida humana. Vê-se que falta, simplesmente, o humanismo que supera os preconceitos e as tentativas desnorteadas do valor vital para todos. O que dizer da corrupção que avassala e se estende por todo lado, nesse lamaçal da pós-modernidade? Não há canto que seja impune e isento de atos e consequências corruptivas. Segundo a ONG Anticorrupção Transparência Internacional, níveis crescentes da corrupção e desigualdade social geram contexto propício para ascensão de populismos. Como muitos não acreditam nos “políticos”, sem saber que todos o somos, o cenário fica apropriado para os “ que não são políticos” que se tornam os representantes dessa sociedade caótica. Não ser político torna-se elogio e prática para ser político com outras armas e até com as mesmas da pseudo-política. A corrupção nas grandes e pequenas administrações é comum na arte dos mortais.
Há muitos muros que se tornaram barreiras no distanciamento dos seres humanos. Países, nações, povos e sistemas se travam em lutas por dominação econômica, prestígio e força de hegemonia cultural. Há quem diga que os muros protegem e dão segurança; contudo eles encobrem o sentido original do que pretendem. São frutos do ego, da irrefreada tentativa da dominação, da ambição. O outro não pode participar de minha felicidade e, por isso, deve ser eliminado ou, no mínimo, isolado do meu convívio. Fascismos, nazismos falsos nacionalismos são expressão do desejo doentio da fragilidade humana. Loucos continuam sendo criados no laboratório da vida. até que muitos morram porque não são do meu partido, crença, força e vaidade política. Seria tão bom que os muros dessem lugar às pontes para redescobrir o diálogo e a verdade do outro com quem nos relacionamos. O outro somos nós também. Eliminá-lo é aniquilar a própria existência. Muros ou pontes: eis a definição humana.