As CEBs no mundo urbano

12/06/2017 às 14h41

Pe. Geraldo Martins

“As CEBs, em nosso, país nasceram no seio da Igreja Instituição e tornaram-se ‘um novo modo de ser Igreja’. Pode-se afirmar que é ao redor delas que se desenvolve e se desenvolverá cada vez mais, no futuro, a ação pastoral e evangelizadora da Igreja”. Assim se expressou a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em 1982, demonstrando seu apoio e sua esperança nas Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) como o novo jeito da Igreja ser.

Passadas mais de três décadas dessa afirmação, as CEBs continuam sendo esperança da Igreja, não só do Brasil, como da América Latina, como disseram os bispos na Conferência de Aparecida, em 2007 ao afirmarem que as CEBs são “expressão visível da opção preferencial pelos pobres”, além de “fonte e semente de variados serviços e ministérios a serviço da vida na sociedade e na Igreja”, tornando-se, dessa forma, “sinal de vitalidade na Igreja particular” (DAp 179).

Na Arquidiocese de Mariana, as CEBs tomaram novo impulso a partir de 1988 e, desde então, têm sido uma opção de nossa Igreja particular. Os dois últimos Projetos Arquidiocesanos de Evangelização (PAE) dão testemunho disso ao acentuarem a importância da organização de nossas comunidades, com o protagonismo dos leigos a quem são confiados variados ministérios. Sonhamos com comunidades vivas, atuantes, que se reúnem para partilhar o pão da Palavra e da Eucaristia de onde nasce o compromisso com os pobres e com a transformação da sociedade.

Preparando-se para o 14º Encontro Intereclesial das CEBs, que acontecerá em janeiro do próximo ano, em Londrina, no Paraná, as CEBs de nossa Arquidiocese realizarão seu 31º Encontro na cidade de Senhora de Oliveira, nos dias 14 a 16 de julho. A preocupação recai sobre os desafios que o mundo urbano traz às CEBs, considerando que o fenômeno da urbanização revela mais de 84% da população brasileira morando nas cidades.

“O mundo urbano é um desafio para as CEBs: ao longo de sua história elas têm feito o possível para cumprir sua missão de tornar a sociedade mais humana, mas constatam que as cidades não são plenamente espaços de convivência saudável e pacífica entre seus habitantes”, constata o texto base do 14º Intereclesial de CEBs. Nesse contexto, um dos primeiros desafios das CEBs é superar a ideia de que elas só se concretizam no campo ou nas periferias das grandes cidades.

Tornar as CEBs presentes e atuantes também nas cidades exigirá empenho, criatividade, ousadia e, sobretudo, opção por uma Igreja identificada com os pobres e comprometida com a justiça social. Uma Igreja assim estará plenamente identificada com a Igreja desejada pelo papa Francisco para quem as Comunidades de Base “trazem um novo ardor evangelizador e uma capacidade de diálogo com o mundo que renovam a Igreja, mas, para isso é preciso que elas não percam o contato com esta realidade muito rica da paróquia local e que se integrem de bom grado na pastoral orgânica da Igreja particular” (Mensagem para o 13º Intereclesial - 2014).


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