Homilia de Dom Geraldo no Rito de Coroação da imagem de Nossa Senhora Aparecida

26/06/2017 às 10h15

Homilia de Dom Geraldo Lyrio Rocha, no Rito de Coroação da imagem de Nossa Senhora Aparecida nesse domingo, 25 de junho, por ocasião do encerramento da peregrinação da imagem da Padroeira do Brasil, à Arquidiocese de Mariana:

Nesta celebração do rito litúrgico de coroação da imagem de Nossa Senhora Aparecida, tendo ouvido a proclamação do Evangelho da Anunciação (Lc 1, 26-38), iluminadoras são as palavras de Pio XII, na encíclica Fulgens Corona na comemoração do centenário do dogma da Imaculada Conceição:

Como a santíssima Virgem é saudada com as palavras "cheia de graça" (Lc 1, 28), claramente se manifesta que, com essa singular e solene saudação, nunca até então ouvida, se quer significar que a Mãe de Deus foi a sede de todas as graças divinas, e ornada com todos os carismas do Espírito Santo, e, mais ainda, com o tesouro quase infinito deles, ela nunca esteve sujeita à maldição do pecado (cf. FC 8).

Os santos Padres, desde os primeiros anos da Igreja, claramente ensinaram esta doutrina e afirmaram que a Santíssima Virgem Maria foi "lírio entre espinhos, terra absolutamente intacta, imaculada, sempre bendita, livre de todo contágio do pecado, lenho incorruptível, fonte sempre límpida, a única que foi somente filha da vida e não da morte, o germe não da ira mas da graça, completamente ilibada, santa, alheia a toda espécie de pecado, mais bela que a beleza, mais santa que a santidade, a única santa, superior a todos, com exceção de Deus, por natureza mais bela, mais formosa, mais santa que os próprios querubins, serafins e todo o exército dos anjos" (cf. FC 9)

A peregrinação da imagem de Nossa Senhora Aparecida, iniciada em nossa arquidiocese em dezembro de 2014 e que hoje estamos encerrando, bem como a coração desta venerável imagem “não deve apenas fortalecer no ânimo de todos os fiéis a fé católica e a piedade ardente para com a virgem Mãe de Deus, mas deve levar-nos à imitação da Virgem. Como todas as mães experimentam profundos sentimentos quando descobrem que as feições do seu filho reproduzem alguma semelhança com as suas, assim Maria, nossa dulcíssima Mãe, não pode ter maior desejo, nem maior alegria do que ver reproduzidos os traços e as virtudes de sua alma nos pensamentos, nas palavras e nas obras daqueles que ela recebeu por filhos aos pés da cruz do seu Unigênito” (cf. FC 20).

Mas para que a piedade não permaneça apenas uma palavra vã, nem se torne uma simples imagem passageira da religião, nem um sentimento fraco e inconsciente de um momento, antes seja sincera, verdadeira e eficaz, deve estimular-nos a todos, segundo as condições de cada um, à conquista da virtude. É necessário que, antes de tudo, a todos excite àquela pureza e integridade de costumes que foge até da mais pequena mancha de pecado (cf. FC 21).

A santíssima Virgem, repete a todos e a cada um de nós aquelas mesmas palavras que proferiu nas bodas de Caná, apontando Jesus Cristo aos servos do banquete: "Fazei tudo o que ele vos disser" (Jo 2,5) (cf. FC 22).

De grande atualidade são as palavras de Pio XII: “Muitas são as graças que, nas presentes circunstâncias, todos devem implorar da proteção da bem-aventurada Virgem, da sua intercessão e do seu poder mediador. Peçam, principalmente, que os costumes, cada vez mais, se conformem com os ensinamentos cristãos, auxiliados com a divina graça, pois que a fé sem obras é morta (Tg 2, 20.26), e ninguém pode fazer coisa alguma para o bem público, como é necessário, se primeiro não brilhar na virtude, como exemplo para todos os outros” (FC 31). O que estamos vendo no Brasil é exatamente o contrário, pois o mau exemplo parte exatamente daqueles que deveriam de dedicar ao bem comum e acabaram mergulhando no atoleiro da corrupção, movidos por ambição e outros desordenados interesses pessoais, de grupos ou de partidos políticos. Imploramos à Padroeira do Brasil que ajude nossa Pátria a sair dessa crise que tem raízes morais e consequências gravíssimas para a vida do povo brasileiro no campo social, político e econômico.

Peçamos à Virgem Aparecida, com insistência, que as crianças e a juventude cresçam sadias e puras e não se contaminem com o ar corrompido do mundo, e, fugindo de todas as ciladas, não se deixem dominar pelos vícios, pela maldade, pela impureza, pelo mau uso da sexualidade e pelas drogas e as livre da violência que tem causado tantos mortes (cf FC 32).

Peçamos à Senhora Aparecida que a idade adulta se distinga pela honestidade e fortaleza cristãs; que no lar resplandeça a fidelidade, floresça com os filhos educados reta e santamente e se fortaleça na concórdia e no mútuo auxílio e que nossas famílias vivam na união, no amor e na paz (cf. FC 33).

Imploremos à Mãe querida, que os idosos se alegrem com os frutos de uma vida vivida na prática do bem e possam ser sempre cercados de respeito, amor e carinho, especialmente de seus familiares, e tenham seus direitos garantidos e respeitados em nossa sociedade. E assim, vivam na esperança de um dia receber o prêmio de suas longas canseiras nesta vida (cf. FC 34).

Peçamos a Nossa Senhora Aparecida que no Brasil haja pão para os famintos, justiça para os oprimidos, acolhida para os refugiados, teto hospitaleiro para os que não têm casa, liberdade para aqueles que injustamente foram lançados no cárcere, alegria da luz resplandecente para os que são cegos no corpo e na alma, e se reconciliem aqueles que vivem separados pelo ódio, pela inveja e pela discórdia (cf. FC 35). Que todos os brasileiros possam desfrutar de uma vida digna, numa sociedade fundada na verdade, na justiça e no respeito aos direitos e à dignidade do ser humano.

Por intercessão de Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, brilhe para todos a verdadeira paz que nos é concedida por seu Filho Jesus, Senhor da História, Rei do Universo e Príncipe da paz. Amém!


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