Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
O Dia do Papa, comemorado este ano dia 2 de julho, oferece oportunidade para uma reflexão sobre o papel do bispo de Roma, sucessor do Apóstolo Pedro. As palavras de Cristo foram meridianamente claras: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16,18). Após sua ressurreição, Cristo, conferindo-lhe o primado detalhou a missão do chefe de sua Igreja: “Apascenta os meus cordeiros, apascenta as minhas ovelhas” (Jo 21,15-19). Mostrou assim a universalidade do rebanho, sem exceção alguma. Constituiu Pedro chefe supremo da Igreja, a qual ele deveria apascentar e, portanto, governar. O bispo de Roma é a cabeça do Colégio dos Bispos, que participa da responsabilidade pela Igreja em todo o mundo. Em comunhão com o Papa os bispos governam a Igreja no vínculo da paz, do amor e da unidade. Como Vigário de Cristo e cabeça visível de toda a Igreja, o Papa exerce sobre ela o primado e o magistério infalível. Sua missão pastoral se estende por toda a terra. A Pedro Jesus afirmou: “Eis que satanás vos procurou para vos joeirar como o trigo; mas eu roguei por ti, a fim de que a tua fé não desfaleça, e tu, uma vez convertido, confirma os teus irmãos” (Lc 22, 31-32). Através dos tempos os papas tiveram consciência de sua sublime tarefa. No ano de 2008, por exemplo, Bento XVI dizia aos jovens australianos por ocasião da Jornada Mundial da Juventude: “Meus jovens irmãos e irmãs, eu vim para vos confirmar na fé e para abrir vossos corações ao poder do Espírito de Cristo e às riquezas de seus dons”. Assim tem sido o magistério papal, visando transmitir a doutrina de Jesus em toda sua integridade, firmando a unidade da fé. Ao longo da história os Papas têm cuidado para que se evitem distorções teológicas, más interpretações das mensagens do Filho de Deus e qualquer tipo de sectarismo. Tarefa admirável também de preservar a Igreja do cisma para que a unidade eclesial seja uma realidade fundamental, não obstante as dissensões dos irmãos separados da cátedra petrina. Donde se professar no Credo: “Creio na Igreja una, santa, católica e apostólica”. Por tudo isto grande a atenção dos fiéis a tudo que ensina o Papa através de suas homilias, de seus discursos, de suas mensagens nos meios de comunicação social. As encíclicas papais ou as exortações apostólicas enriquecem extraordinariamente a cultura teológica de nossa a Igreja. Trata-se de um magistério proficiente exercido pelo Papa atento às necessidades de cada contexto histórico. Para os nossos dias nos quais o espírito do mal vai semeando o indiferentismo nas modernas sociedades, mais do que nunca é preciso estar os cristãos atentos às orientações do Sumo Pontífice. Ele concita a remar contra a corrente das doutrinas contrárias aos ensinamentos de Cristo. Incentiva a piedade popular como um tesouro da Igreja. Tem insistido no valor da família, da fé e da justiça como baluartes de uma sociedade verdadeiramente organizada à luz do Evangelho. Lembra sempre que o Sacramento da Confissão leva à reconciliação com Deus e abre caminho para a fraternidade, oferecendo remédio espiritual para as necessidades de cada um. A esperança que gera a alegria existencial é um de seus temas preferidos, afirmando “A alegria de saber Jesus vivo entre nós é, de fato, incontida”. Sua luta pela paz no mundo todo tem merecido os aplausos até daqueles que não são católicos. Neste dia dedicado ao Papa nem se poderia esquecer de que o atual Pontífice clama pela perseverança dos discípulos de Cristo na fé. Ele aponta para todos o Concílio Vaticano II como o protagonista dos fiéis leigos na obra imprescindível da evangelização e promoção humana em virtude do Batismo recebido. Ressaltou: “Incorporado à Igreja cada membro do Povo de Deus é inseparavelmente discípulo missionário”. Fixemos finalmente que o Papa Francisco vem encorajando a todos a trabalharem em favor da inclusão social dos mais necessitados, direcionando sempre a eles uma “atenção religiosa e espiritual prioritária”. Saibamos sempre viver tão preciosos ensinamentos e elevemos continuamente nossas preces a Deus, para que Ele ilumine e sustente o Chefe de nossa Igreja por entre as turbulências hodiernas.
* Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.