Vivemos, no Brasil, o retrocesso de direitos conquistados com muita luta e mobilização social. A atual situação, tendo a frente o governo Temer e, em curso, a retomada do projeto neoliberal, com reformas que priorizam o mercado e não as necessidades do povo, voltadas para resolver a crise econômica no país, não nos pode paralisar. Isto seria um “suicídio social”.
Ao contrário, a situação dada, por mais complexa e desafiada, deve provocar em nós a solidariedade, a organização popular e de classe na luta por nossos direitos. Nenhum direito a menos!
O mar “não está para peixe”, alguns vão dizer. De fato, cresce o desencanto com a política e com os políticos. Eles, em sua maioria, não nos representam, fazem-se surdos ao clamor popular e se mostram dados mais aos próprios interesses e do mercado que às necessidades e anseios da população, sobretudo mais sofredora, que clama por direitos básicos, dignidade e cidadania.
É verdade que nos sentimos acuados, desprovidos, a princípio, de força necessária, diante deste governo que, qual rolo compressor, em suas medidas, mostra um Estado que se volta contra os interesses da sociedade e se curva aos interesses do capital financeiro internacional, das grandes empresas e do agronegócio.
Mas não podemos abrir mão de nossos sonhos e de nosso compromisso, à luz da fé, com a defesa da vida e da dignidade da pessoa humana e a promoção do bem comum.
A nós é confiada a construção de uma sociedade pautada no bem viver. Iniciativas como a mobilização local para a solidariedade humana e para reclamar direitos e a junção das forças vivas, das igrejas e da sociedade civil organizada – movimentos, associações, sindicatos… podem, neste momento, fazer a diferença. Precisamos fazer-nos ouvir…, tomar as ruas… nos indignar!
Também num cenário a médio e longo prazo, trabalhar a conscientização sociopolítica; abrir instâncias de formação para a cidadania e compromisso sócio-partidário e nos valer de mecanismos de participação, amparados em lei, em vista de um Brasil justo e solidário, onde a vida esteja em primeiro lugar.
É com este propósito que a dimensão sociopolítica se articula em preparação para o próximo Grito dos Excluídos. Dia 7 de setembro está chegando. Organize-se, mobilize outros mais – sua comunidade, seu grupo eclesial e social e venha participar conosco em Congonhas.
Por direitos e democracia, a luta é todo dia!
Pe. Marcelo Moreira Santiago