Reunião Pastoral: Como Planejar e Executar

23/11/2017 às 09h50

Dentre as queixas crônicas que quase todos nós ouvimos em nossos grupos e comunidades estão as reclamações constantes em relações às reuniões: “é tanta reunião que já não aguento mais”; “reunião é só para entregar papel”. Como raiz desses problemas, podemos colocar a falta de planejamento e preparação das reuniões, a ausência de uma metodologia eficaz e a falta de espiritualidade e oração. Neste texto, pretendemos refletir um pouco sobre essas questões e apresentar um meio, dentre tantos, que possa ajudar nossas pastorais a fazer reuniões mais participadas e produtivas.

 

Oração e Palavra de Deus

Ao participar de diversas reuniões, vemos, muitas vezes, como são feitas as orações. Em muitos casos percebemos que não são preparadas anteriormente, fica-se muito numa oração de improviso, que acaba sendo uma oração sem começo e sem fim. Quando se começa uma reunião, rezando o Pai nosso e a ave Maria, temos sempre a impressão de que ninguém preparou a oração para aquele momento.

Toda oração deve ter inicio com a invocação da Santíssima Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo, pois este é o Deus em quem nós acreditamos e por causa dele é que estamos reunidos. A oração ou uma música invocando o Espírito Santo também não pode faltar.

Deve seguir a esta invocação a leitura de um trecho bíblico, especialmente escolhido, de preferência, em sintonia com o objetivo da reunião. Toda reunião deve ser orientada pela Palavra de Deus e pela prática de Jesus e guiada pelo Espírito Santo. É bom que haja um momento de partilha e reflexão da Palavra que foi proclama.

 

Preparando a Reunião

Preparar com antecedência qualquer reunião é fundamental para o seu bom desenvolvimento e eficácia.

1. Normalmente, quem prepara a reunião é o coordenador, mas para evitar centralização, autoritarismo ou monopólio da reunião, é bom que tenha sempre mais duas ou três pessoas que o ajudem a prepará-la.

2. Mesmo que a reunião já esteja prevista no calendário, é importante que os participantes sejam relembrados com alguns dias de antecedência, quanto à data, local e horário.

3. Uma reunião frutuosa deve ter começo, meio e fim, com objetivo(s) bem definido(s). Não deve passar dos noventa minutos. É tempo suficiente para se discutir e tomar decisões.

4. Preparar a pauta da reunião. Isso exige do coordenador: organização dos assuntos, distribuição do tempo para cada um, principalmente para os assuntos mais importantes.

5. Preparar o momento de oração e escolher o texto bíblico que servirá de inspiração para os assuntos a serem tratados. Este momento de oração não deve ser longo: entre 10 e 15 minutos.

6. O coordenador deve ser aquele que promove a unidade do grupo, ajuda a unir as várias ideias e propostas, ajuda todos a participar e dá oportunidade para todos falarem. Não monopoliza a palavra nem impõe suas ideias. Numa reunião de pastoral, muitas vezes, deve ser o que menos fala e o que mais sabe ouvir.

 

Dinâmica de uma Reunião Pastoral

1. ACOLHIDA E SAUDAÇÃO: No horário marcado, o coordenador da reunião acolhe a todos com alegria. Uma música sempre alegra o ambiente e ajuda a rezar melhor. Deve ser um cântico escolhido em sintonia com o contexto da oração e da reunião.

2. ORAÇÃO E MOMENTO DA PALAVRA DE DEUS: A espiritualidade, estar sob a ação do Espírito Santo, deve permear toda a reunião. A oração e a Partilha da Palavra de Deus são importantes.

3. MEMÓRIA DA REUNIÃO ANTERIOR: Fazer a memória da reunião, através da sua ata, para que a história não se perca. É importante que a ata seja lida no início, para que se possa fazer a ligação com os assuntos da reunião anterior. E ainda, para poder constatar se as decisões tomadas anteriormente foram colocadas em prática por todos.

4. APRESENTAÇÃO DOS OBJETIVOS: É muito importante que, antes de iniciar os assuntos, o coordenador exponha claramente o(s) objetivo(s) da reunião. Deve ter claro para si o porquê da reunião, o que se pretende com ela e como chegar ao objetivo.

5. APRESENTAÇÃO DA PAUTA: O coordenador deve apresentar, previamente, os assuntos que serão tratados na reunião. Isto não significa chegar e determinar tudo, mas discutir a pauta, com a participação de todos, e deixar espaço para que outros assuntos importantes sejam acrescentados. Deve-se evitar, porém, uma pauta muito extensa, de modo que todos os assuntos possam ser tratados no tempo previsto. É bom lembrar que o importante não é resolver todos os problemas, mas tomar decisões que todos possam executar.

6. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS ASSUNTOS: Reunião de pastoral é para discutir, aperfeiçoar, avaliar, direcionar, ver os novos desafios e exigências da pastoral. Não se perde tempo falando do que não está em pauta. Vale então um questionamento para aqueles agentes de pastoral que sempre reclamam que sua pastoral não vai para frente, que sempre são os mesmos e dizem que ninguém quer trabalhar na sua pastoral. Será que as reuniões da sua pastoral são conduzidas com espiritualidade e com objetivos pastorais? Uma reunião conduzida desta forma não ultrapassará o tempo de uma hora e trinta minutos. Mais que isto, já se torna um tempo perdido ou improdutivo. Uma reunião bem conduzida levará os seus membros a um comprometimento com o que foi discutido e decidido. E todos se responsabilizarão pelos trabalhos a serem realizados.

7. ATA DA REUNIÃO: É importante que, durante toda a reunião, o(a) secretário(a) esteja anotando tudo que foi falado e discutido, para constar na ata, que será lavrada posteriormente, lida e assinada na reunião seguinte.

8. MOTIVAÇÃO: Finalizando, o coordenador deve estar atento para que todos saiam bem da reunião, sentindo-se motivados a continuar o trabalho. Aqui cabe uma palavra de agradecimento e de incentivo aos participantes.

9. ORAÇÃO FINAL: A oração final é parte integrante da reunião. Também deve ser preparada e bem conduzida. Pode-se finalizar com um salmo, a oração do padroeiro ou outra. Quando o padre está apresente, este pode encerrar a reunião, invocando a bênção de Deus.

As reuniões ordinárias dos grupos de pastoral são importantes para manter a unidade na diversidade, para caminhar rumo a um objetivo comum, para tomar decisões consensuais, para avaliar a caminhada, corrigir os erros e evangelizar melhor, uma vez que vivemos a nossa fé em comunidade, ou seja, rezando e trabalhando juntos.

 

Para Refletir

1. Em sua comunidade, os grupos de pastoral se reúnem com frequência? Para que? Essas reuniões são bem preparadas?

2. Depois de cada reunião, o grupo cresce, a comunidade evangeliza melhor? Ou as reuniões não alteram em nada a caminhada da comunidade?

 

Pe. José Geraldo de Oliveira

Vigário Episcopal da Região Centro

 

Referências bibliográficas:

1. Pe. Elisio Mello em: HTTP://xa.yimg.com/kg/groups/.../A Espiritualidade do Agente de Pastoral.doc

2. Os Conselhos que a gente quer. Arquidiocese de Vitória - ES


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