28º Romaria dos Trabalhadores e Trabalhadoras reúne mais de 2000 pessoas em Congonhas

03/05/2018 às 09h56

Congonhas recebeu, no dia 1º de maio, a 28ª Romaria dos Trabalhadores e Trabalhadoras, que reuniu mais de 2000 pessoas nas ruas centrais da cidade, com bandeiras, cânticos e gritos de ordem, em protesto contra a explorações do trabalho e a destruição do meio ambiente e em favor da vida e do trabalho digno e justo,  inspirados pelo tema ““Mineração para quê e para quem? Por uma economia à serviço da vida”.

Reunidos na praça da igreja de Nossa Senhora da Conceição, representantes da igreja, dos movimentos sociais e populares, sindicatos e lideranças locais refletiram o tema da romaria que marca o dia do trabalhador na Arquidiocese.  O coordenador da Dimensão Sociopolítica, padre Marcelo Moreira Santiago, comentou sobre os crimes ambientais de responsabilidade das mineradoras, como em Mariana, no rompimento da barragem de Fundão e, recentemente, nos dois vazamentos de minério de ferro em Santo Antônio do Grama. “Assusta e indigna a todos nós a ganância das empresas mineradoras, em toda essa região do território da Arquidiocese de Mariana. Elas, ávidas do lucro, têm ‘olhos de cifrão’ – em tudo, veem o dinheiro e não a vida. Estão na contramão do sonho de Deus que, ao dar vida todas as coisas, viu que ‘tudo era bom, muito bom’ e confiou ao ser humano o cuidado com a casa comum, a mãe terra”, afirmou.

Para a militante do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), Raiara Pires, esses casos não são isolados, mas consequência do atual modelo de mineração. “Tratar esse debate com a toda a população se faz urgente e necessário porque tragédia como as que ocorreram foram pautadas numa dinâmica perversa, que coloca o lucro acima das pessoas. É importante cada vez mais refletir e unir a sociedade para reivindicar ações que pautam a soberania popular, para decidir onde vai ser minerado, como vai ser minerado, as taxas que vão ser cobrados, para que o lucro seja refletido em saúde, educação, em ganhos para o conjunto da sociedade”, defende.

O administrador apostólico da Arquidiocese de Mariana, Dom Geraldo Lyrio Rocha, que presidiu a missa de encerramento da 28ª Romaria dos Trabalhadores e Trabalhadoras, disse em sua homilia ser ainda mais urgente e atual a declaração que fez em 2012 na Festa do Bom Jesus, em Congonhas, diante dos impactos da atividade mineradora. “Diante dos grandes investimentos econômicos, os cidadãos, por meio de mecanismos de controle social, têm direito a reivindicar melhorias sociais e ambientais, a cobrar medidas eficazes que atendam às prioridades defendidas pela comunidade, a exigir que os impostos sejam devidamente aplicados em sua finalidade e a lutar por medidas que garantam o respeito à dignidade de todos, com especial atenção aos trabalhadores e suas famílias”, alertou.

Com um histórico grande de participações nas romarias, Joelma Coelho Ferreira, da Paróquia Cristo Rei, de Ouro Preto, diz que o que a motiva a participar todos os anos é lutar pelo que é justo e bom. “Se eu estou na romaria, eu estou lutando por um bem maior que é o bem dos nossos direitos, da nossa bacia, dos nossos líderes políticos”, reflete.

O pároco da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, padre Paulo Barbosa, que acolheu a romaria, reforça que o evento deixou uma conclusão: não se pode ficar de braços cruzados. "Temos que nos mobilizar, participar, temos que somar juntos essa experiência de luta, fraternidade e solidariedade entre nós mesmos porque os pobres simples têm que estar unidos, do contrário os grandes vão sempre dominar. A romaria fica como expressão dessa luta de todos aqueles que acreditam que ainda existe uma utopia, um sonho, uma meta para ser alcançada", afirma, agradecendo o empenho e dedicação dos que planejaram e ajudaram na preparação da romaria.

 

Homenagem a Dom Geraldo

Ao final da celebração, foi lida a nota da CNBB por ocasião do Dia do Trabalhador e da Trabalhadora. Na ocasião, a comunidade de Congonhas e a Dimensão Sociopolítica da Arquidiocese fizeram homenagens a Dom Geraldo, agradecendo o seu pastoreio por mais de onze anos à frente da Arquidiocese, e o presentearam com um báculo, feito na própria comunidade. “É um símbolo dos cuidados do pastor para com suas ovelhas, com o registro do carinho, do zelo e do amor com que Dom Geraldo vem conduzindo o rebanho de nossa Igreja Particular de Mariana”, comenta o coordenador da Dimensão Sociopolítica, padre Marcelo Santiago.

Ao agradecer, Dom Geraldo pediu que com o mesmo amor com que a Arquidiocese o acolheu e que se consolidou em todos esses anos, seja também, de igual modo, ofertado ao novo arcebispo, Dom Airton José dos Santos, nomeado no dia 25 de abril.

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                                      28ª Romaria dos Trabalhadores


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