Esperança e resistência marcaram a 3ª Romaria das Águas e da Terra

04/06/2018 às 12h24

Em clima de fé, esperança e resistência a 3ª Romaria das Águas e da Terra foi realizada nesse domingo (3) em Ponte Nova. Refletindo sobre o tema "Bacia do Rio Doce, nossa Casa Comum", a caminhada reuniu mais de 2.000 romeiros das Dioceses da Província Eclesiástica de Mariana para reafirmar o compromisso com os atingidos pelo rompimento da barragem do Fundão, em toda a extensão da Bacia Hidrográfica do Rio Doce.

“Queremos nesta Romaria testemunhar a nossa fé, o nosso compromisso de cidadania, em defesa da vida e de nossa casa comum, a mãe terra. Renunciamos aqui esse sistema econômico centrado no dinheiro, que tem necessidade de saquear a natureza para manter este ritmo louco de consumo. Um sistema predatório que leva a exaustão dos bens da natureza, que sacrifica a mãe terra, por ser um sistema injusto e excludente”, ressaltou o coordenador arquidiocesano da Dimensão Sociopolítica, padre Marcelo Santiago.

Acompanhados pelas imagens de Nossa Senhora Aparecida e São Francisco, os romeiros, além de atingidos e representantes de movimentos e sindicatos, caminharam pelas ruas da cidade levando faixas, cartazes e cruzes. As margens do Rio Piranga os participantes realizaram um ato simbólico de abraçar o rio e jogar água limpa no rio.

“Estamos às margens do Rio Piranga. As margens de um dos principais afluentes do Rio Doce para rezar pelos rios e córregos que compõem essa bacia. A quinta bacia hidrográfica do Brasil em extensão e com uma enorme população. O Rio Doce nasce nas proximidades de Mariana e deságua no estado do Espírito Santo. Estamos aqui para protestar contra esse crime socioambiental de responsabilidade das empresas mineradoras, que depois de mais 2 anos e meio quase nada foi feito para salvar a vida da Bacia e na Bacia do Rio Doce”, afirmou padre Nelito Nonato Dornelas, da Diocese de Governador Valadares (MG).

A romaria foi encerramento na praça Palmeiras com uma missa presidida pelo administrador apostólico da arquidiocese, Dom Geraldo Lyrio Rocha. A celebração contou com a presença de vários padres.

Na homilia, Dom Geraldo chamou a atenção para a inversão dos valores que provoca danos às águas e à terra por causa da busca desordenada do lucro, amparada por políticas econômicas predatórias que destroem a natureza, desrespeita a vida e a dignidade humana. “Não podemos silenciar diante de Governos em âmbito federal, estadual ou municipal e de órgãos públicos que se omitem em sua tarefa de fiscalizar os empreendimentos minerários, especialmente nesta região. Mais uma vez denunciamos o desrespeito aos direitos dos atingidos e atingidas, pelo rompimento da barragem de Fundão, no distrito de Bento Rodrigues, município de Mariana e que causou graves danos às pessoas e ao meio ambiente em toda a extensão do Rio Doce”, disse.

O administrador apostólico ressaltou que é preciso estender o olhar para o impacto da mineração sobre a água. “Trata-se de um bem que é finito e, ao mesmo tempo, essencial para a vida, por isso, de direito universal. A exploração insustentável das atividades mineradoras ameaça esse bem indispensável, prejudicando o meio ambiente, destruindo vegetações, provocando desequilíbrio no regime de circulação de águas superficiais e subterrâneas, modificando essencialmente o lençol freático, causando a destruição de inúmeras nascentes, levando à escassez desse bem precioso e gerando impactos prejudiciais à saúde, à produção de alimentos e à própria vida”, sublinhou.

Dom Geraldo encerrou sua fala renovando o apelo dos bispos das Dioceses da Bacia do Rio Doce. “Estimulem os que lutam em defesa da “casa comum” para que não desanimem diante dos obstáculos e da prepotência dos grandes e poderosos. Ajudem a salvar o Rio Doce, com tudo o que ele significa para tanta gente em Minas Gerais e no Espírito Santo. Perseverem na luta a favor da vida e da esperança, na certeza de que “a paz é fruto da justiça””, finalizou.

Após a celebração foi lida a carta compromisso da 3ª Romaria das Águas e da Terra e realizada uma homenagem para Dom Geraldo.

Leia a palavra de Dom Geraldo na Romaria das Águas e da Terra

Confira as fotos da Romaria.

3ª Romaria das Águas e da Terra

 

 

 

 


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