Pe. Geraldo Martins
O mês de setembro, tradicionalmente no Brasil dedicado à Bíblia, nos dá a oportunidade de falar sobre a Animação Bíblica da Pastoral, estabelecida pela CNBB como terceira urgência na ação evangelizadora. Esta expressão se difere do que se costumou chamar simplesmente de Pastoral Bíblica. Bento XVI chamou a atenção para esse detalhe na exortação pós-sinodal Verbum Domini. “O Sínodo convidou a um esforço pastoral particular para que a Palavra de Deus apareça em lugar central na vida da Igreja, recomendando que ‘se incremente a pastoral bíblica, não em justaposição com outras formas da pastoral, mas como animação bíblica da pastoral inteira’” (VD, 73).
O Vaticano II ensina que “toda a pregação da Igreja, como a própria religião cristã, seja alimentada e regida pela Sagrada Escritura” (Dei Verbum, 21). Animação bíblica da pastoral significa, portanto, “entender e assumir a Palavra de Deus como a alma, o coração de toda a pastoral, de toda a ação evangelizadora de tudo o que somos e fazemos”. Trata-se, portanto, de fazer com que cada cristão se familiarize com a Bíblia e a tenha como fonte inspiradora para sua vida.
As Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil indicam algumas pistas para tornar a animação bíblica da pastoral prática comum em nossas comunidades. A primeira delas é fazer com que cada católico tenha sua bíblia, especialmente os mais pobres. Seria muito interessante que, no mês da Bíblia, as comunidades fizessem campanhas para doar uma bíblia a quem não tem, incentivando sua leitura diária.
Outra pista indicada pela CNBB são os grupos de reflexão que meditam a Palavra “em estreita relação com seu contexto social” (DGAE 95). Em nossa arquidiocese, essa prática ganhou força com o Projeto Arquidiocesano de Evangelização. No 28º Encontro Arquidiocesano das CEBs, realizado no inicio de agosto, foi muito forte o testemunho dos que participam dos grupos de reflexão. Eles são fundamentais para a formação de nossas comunidades. Nem todas as paróquias, porém, conseguiram dar-lhes o merecido cuidado. Uma terceira pista mostra a Leitura orante da palavra como caminho para o encontro pessoal com Jesus Cristo. Os bispos incentivam, ainda, a formação de ministros e ministras da Palavra, tanto na função de leitores quanto na de pregadores a quem cabe a partilha da Palavra, especialmente, nas celebrações sem a presença do padre.
Em 2010, a CNBB promoveu um excelente congresso sobre a Animação Bíblica da Pastoral. Vale a pena revisitar, no site da CNBB, os textos deste congresso. Eles podem nos ajudar a intensificar nossa reflexão sobre esta urgência da ação evangelizadora em nossa arquidiocese.