Arquidiocese de Mariana
Atingidos pelo Rompimento das Barragens

12/maio/2010
Tribunal Eclesiástico realizará última sessão do processo de Beatificação de dom Viçoso

Dom Antonio José Ferreira Viçoso (1787-1875), português, (natural de Peniche, /Leiria), ordenado sacerdote em 1818, chegou ao Brasil de dom João VI no ano seguinte. Inicialmente abriu aqui o Colégio do Caraça e se dedicou ao serviço da Palavra de Deus, pregando frutuosas missões nos povoados mineiros. Ocupado depois na educação da juventude, esteve por 15 anos em Jacuecanga, entorno de Angra dos Reis. Regressando a Minas (1837), foi eleito Superior Geral dos Lazaristas e, no ano de 1844, separado para o episcopado. Ordenado Bispo no Mosteiro de São Bento, Rio de Janeiro, governou, com inexcedível zelo pastoral, o bispado de Mariana por 29 anos: foi então pai extremoso dos pobres e órfãos, protetor dos escravos, abnegado missionário, reformador do clero, defensor dos direitos da Igreja, exemplar devoto da Virgem Maria. Seu bendito nome não mais se apagou na memória agradecida dos mineiros.

Dom Silvério Gomes Pimenta, seu afilhado e primeiro biógrafo, plenamente convicto da alta virtude de seu antecessor, abriu logo seu Processo de Canonização, instituindo um Tribunal Eclesiástico no ano de 1916, o qual chegou a celebrar na Arquidiocese 15 sessões referentes. Colheu então provas de vários supostos milagres atribuídos à intercessão do Servo de Deus. Há quase um século, a Cúria de Mariana vem recebendo ininterruptamente comunicações iteradas de bênçãos, graças e favores, atribuídos à mediação celeste de dom Viçoso. A maioria destas manifestações de agradecimento chega do território mineiro, mas procedem muitas de localidades outras, inclusive do exterior (Portugal, Canadá).

Interrompidos estes empenhos com a morte de dom Silvério(1922), o Processo foi, com renovado entusiasmo, reaberto no início do governo de dom Oscar de Oliveira (1960-1988). Obtido da Santa Sé o regulamentar Nihil Obstat (01-03-1985), foi então elaborado por padres marianenses um alentado estudo histórico Super  Vita, Virtutibus in genere et fama Sanctitatis do Servo de Deus, trabalho este que recebeu franca aprovação da Sagrada Congregação pro Sanctis (10-10-1986).

A etapa seguinte consistiu numa criteriosa pesquisa das virtudes praticadas pelo Servo de Deus em grau superlativo (Positio super Virtutibus), peça esta compilada, competentemente pelo professor Maurílio Camello, vertida depois para língua italiana pelo padre Lauro Palu, CM. Também a Congregação pro Sanctis do Vaticano honrou com sua aprovação mais esta diligência observada aqui em nível diocesano (23-04-2002).

Depois disto, ganhou início o processo de Beatificação objetivando levar a Roma, cercada de muitas garantias e comprovações, a apresentação de um adsertum mirum (suposto milagre), atribuído à intercessão de dom Viçoso.

Pensou-se, a principio, no surpreendente restabelecimento do sr. arcebispo dom Luciano, politraumatizado naquele deplorável desastre automobilístico na serra de Itabirito (MG), no ano de 1990. Alguns óbices processuais [o constrangimento de o sr. arcebispo ser simultaneamente o “actor” (responsável primeiro pelo processo) e também o beneficiado pelo suposto milagre / a dificuldade maior de reunir documentação comprobatória medico-hospitalar para apresentação à Santa Sé] pesaram em favor da escolha de uma outra opção.

Entrementes, suscitou admiração geral a extraordinária recuperação de saúde do padre Célio Maria Dell’Amore, CM, então Reitor do Santuário do Caraça, acometido ali em setembro do ano 2000 de grave enfermidade (hemorragia subaracnoidea), socorrido em Santa Bárbara e depois em Belo Horizonte (CTI do Hospetal Madre Teresa). E ele alcançou uma melhora definitiva e quase imediata, depois do toque em sua cabeça do solidéu de dom Viçoso, que lhe trouxeram do Caraça.

O sr. arcebispo dom Geraldo Lyrio Rocha, logo após a sua posse (2007), instituiu o Tribunal Eclesiástico, nomeando Delegado Episcopal o Monsenhor Flávio Carneiro Rodrigues; Promotor de Justiça, os padres Roberto Natali Starlino; Notário Atuário, Geovane Luis da Silva; Notário Adjunto e Tradutor, Edmar José da Silva; Tradutora Adjunta a irmã Lucila Mendonça; Cursor o sr. Jair Duarte Ferreira; e Médicos Peritos, os Doutores Sebastião da Silva Gusmão, Audary Ferreira Cruz e Silvio de Sousa Andrade.

A primeira sessão ocorreu no recinto da Catedral Basílica de Mariana no dia 13 de dezembro de 2007. Depois desta, mais 13 sessões aconteceram na Cúria Metropolitana, sendo então ouvidos e, meticulosamente tomados, os testemunhos prestados por oito depoentes, que acompanharam de perto a enfermidade do sacerdote, e pelos três médicos peritos, que então o assistiram.

 

Última sessão

Reunida toda a documentação e quase encerrados os trabalhos pertinentes, a última sessão (XV) está programada para acontecer no próximo dia 22 de maio, sábado, memória litúrgica de Santa Rita de Cássia e vigília da Solenidade de Pentecostes, às 19 horas, após concelebração eucarística, na Catedral Basílica.

Ganha assim força e estímulo nossa justificada esperança de contemplar dom Viçoso honrado nos altares de nossas Igrejas. Nesta bendita causa, sobre a motivação menor do júbilo de ganhar um santo mineiro, muito mais nos compele o interesse primeiro e maior com a glorificação de Deus três vezes santo e com a dignidade do sacerdócio de Jesus Cristo.

 

Colaborou: Mons. Flávio Carneiro Rodrigues

Diretor do Arquivo Eclesiástico da Arquidiocese de Mariana

Delegado Episcopal no Processo de Beatificação de Dom Antônio Ferreira Viçoso

   

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