Arquidiocese de Mariana
Atingidos pelo Rompimento das Barragens

27/jan/2016
Comunhão e participação

O papa Francisco tem nos ajudado a retomar a Igreja do Concílio Vaticano II definida como Povo de Deus. Um dos aspectos mais interessantes da Igreja assim entendida é o princípio da comunhão e participação, que deve marcar sua vida e missão. Para o papa, isso é possível desde que a Igreja seja cada vez mais sinodal, isto é, “uma Igreja da escuta, ciente de que escutar ‘é mais do que ouvir’. É uma escuta recíproca, onde cada um tem algo a aprender. Povo fiel, Colégio Episcopal, Bispo de Roma: cada um à escuta dos outros; e todos à escuta do Espírito Santo, o ‘Espírito da verdade’ (Jo 14, 17), para conhecer aquilo que Ele ‘diz às Igrejas’ (Ap 2, 7)”. O primeiro nível desta sinodalidade, de acordo com o papa, acontece nas dioceses cujos organismos de comunhão só tornarão a Igreja sinodal se “permanecerem ligados a ‘baixo’ e partirem do povo, dos problemas do dia-a-dia”.

A sinodalidade expressa comunhão e participação na medida em que assegura o caminhar unidos em meio à diversidade que caracteriza a riqueza de nossa Igreja. “Aquilo que o Senhor nos pede, de certo modo está já tudo contido na palavra Sínodo. Caminhar juntos – leigos, pastores, Bispo de Roma – é um conceito fácil de exprimir em palavras, mas não é assim fácil pô-lo em prática”, adverte Francisco.

Nossa arquidiocese, ao longo das últimas décadas, tem trilhado o caminho da sinodalidade, mesmo que com imperfeições e limites. As assembleias nos níveis comunitário, paroquial, de forania, regional e arquidiocesana, bem como de algumas pastorais, comprovam esse esforço. Os grandes avanços que tivemos na atuação dos cristãos leigos e leigas, na organização de nossas comunidades, pastorais e serviços são fruto desse caminho de comunhão e participação. Os Conselhos Pastorais e para Assuntos econômicos, em seus vários níveis, bem como as coordenações pastorais e de movimentos, também expressam nosso empenho em construir uma Igreja Povo de Deus, que reconhece e valoriza o trabalho de cada batizado.

São muitas as ferramentas que nos auxiliam nesse propósito desde cursos e encontros de formação até a produção de materiais de evangelização e orientações de práticas pastorais que asseguram a unidade da linguagem e da ação sem, contudo, levar a nenhum tipo de enquadramento. O Projeto Arquidiocesano de Evangelização (PAE), no entanto, ganha destaque no ideal de uma Igreja comunhão e participação. Por meio dele, definimos metas comuns e as ações para alcançá-las com vistas a tornar presente entre nós o Reino de Deus, sempre inspirados no Evangelho.

Um projeto diocesano de pastoral só cumpre esse papel quando construído a muitas mãos, cabeças e corações. Redemos graças a Deus porque assim tem sido em nossa arquidiocese nos últimos 20 anos, quando aprovamos nosso primeiro Plano Bienal de Evangelização (1995). No primeiro semestre deste ano, todas as instâncias e organismos de nossa arquidiocese são chamados a fazer, de forma intensa e comprometida, a experiência da sinodalidade. Como? Estudando e aperfeiçoando o Instrumento de Trabalho do qual nascerá nosso quarto PAE, que será aprovado na assembleia de novembro deste ano.

Pe. Geraldo Martins

Coordenador de Pastoral

   

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