A mensagem do 50° Dia Mundial das Comunicações e a reflexão sobre ética nos meios de comunicação nortearam o debate do II Encontro de Comunicadores com Dom Geraldo realizado no sábado, 14 de maio, em Congonhas. O evento, que contou com cerca de 70 participantes, teve assessoria do padre Márcio Paiva.
O arcebispo de Mariana, Dom Geraldo Lyrio Rocha, ressaltou que este encontro está no contexto da comemoração do Dia Mundial das Comunicações. “A Igreja se instituiu essa comemoração pela importância que tem a comunicação. E essa comemoração se faz no domingo, dia da Assessão do Senhor, porque o grande comunicador do Pai, Jesus, ao se despedir, definitivamente do seus discípulos, confiou-lhes a sublime missão de comunicar. Comunicar o que? Comunicar a boa notícia, o evangelho”, disse.
Ética
“Parece que falar em ética nos meios de comunicação significa cercear a liberdade, significa controle. E não é disso que nós estamos falando. A liberdade humana não é absoluta, a liberdade dos meios de comunicação não é uma liberdade infinita; ela é uma liberdade como os outros. O ponto de partida da nossa vida é essa interdependência. E a liberdade de um meio de comunicação com os outros não é absoluta”, disse o padre Márcio Paiva.
A influência da tecnologia no cenário ético também foi pontuada. “A revolução tecnológica nos favorece essa rapidez extremada. Nesse mundo de informações rápidas e bombardeio de informação, às vezes nos distanciamos da realidade e nos distanciamos uns dos outros. Esse é o desafio da ética na comunicação. Ao invés de estarmos próximos, estamos cada vez mais distantes. O fato de termos um bombardeio de informação faz com que as pessoas se distanciam uma das outras. E, pior ainda, as pessoas se confundem”, afirma.
Ato de amor
Outro ponto de destaque na fala do padre Márcio foi ressaltar que comunicar é um ato de amor. “A comunicação mais profunda que nós carregamos em nossa vida é a de mãe para filho. O Papa Francisco enfatiza a misericórdia, mas como comunicar é um ato de amor, comunicar é compartilhar, comunicar é dividir. Quando eu digo que é um ato de amor, é esse que comunica. Mas se eu quero transmitir uma notícia, produzir um programa com determinado interesse, eu não comunico. Eu construo uma realidade, mas comunicar é compartilhar é um ato de amor”.
Para a participante do encontro, Bianca Nascimento, da Pascom da paróquia Bom Pastor de Barbacena, essa edição foi muito importante e enriquecedora. “O padre Márcio esclareceu muitas questões e colocou algumas interrogações na nossa cabeça, além de alguns desafios. Comunicar é muito mais amplo do que a gente pensa. Precisamos ter mais cuidado e zelo com a comunicação, foi um momento de muito aprendizado”, conta.
Comunicação católica
“A importância dos veículos de comunicação católicos é muito grande porque em uma vida onde a maioria da população estava no campo os contatos se davam de forma pessoal. Com a urbanização da nossa vida e com o desenvolvimento da tecnologia, tantos meios e tantos ambientes para nos encontrarmos e evangelizarmos. Então onde há o ser humano, se ele está na rádio, na TV, no Blog, no whastapp e em outros meios a evangelização precisa acontecer,” ressalta o padre Márcio Paiva.
Marcelle Barbosa, da Paróquia São José Operário de Congonhas, conta que esse encontro veio para suprir uma necessidade de formarção. “Algumas iniciativas individuais surgiram na paróquia, mas a gente sentia que precisávamos trabalhar com uma comunicação mais eficiente. E conversando com essas pessoas, nós resolvemos centralizar e realizar uma comunicação eficaz porque algumas coisas estavam ficando a desejar, e o poder das palavras é muito forte e, então, nós precisamos aprender como usá-las e lembrar que envolve várias pessoas. Ai veio o segundo encontro de comunicadores, que foi muito enriquecedor”, explica.
O lançamento da cartilha da Pastoral da Comunicação (Pascom) foi feito durante o encontro. Segundo o padre José Geraldo Oliveira, esse material tem como objetivo orientar as paróquias da arquidiocese. “A Pascom é a ação da igreja neste mundo que vivemos, tão marcado por tantas lutas a favor da vida, do sofrimento, e a comunicação sem dúvida está presente em toda a nossa vida e, principalmente nesse momento, precisamos nos especializar nesse trabalho pastoral. A Pascom é essa convivência e esse trabalho de ir em busca do outro na promoção da vida e na busca do outra e da dignidade humana”, afrimar.
Dividida em três momentos, a cartilha apresenta o contexto da arquidiocese, em relação à comunicação, traz a fundamentação bíblica e teológica da comunicação e direciona as comunidades para a organização da Pastoral da Comunicação, dando destaque para a figura do comunicador pastoral.
“É interessante que toda paróquia tenha essa pessoa, o comunicador ou a comunicadora pastoral que será o elo de ligação entre o DACOM e a paróquia. A participação neste encontro foi muito positiva e que a cartilha agradou à aqueles que a receberam e ela já está disponível para que seja o primeiro passo na organização dessa pastoral nas comunidades, nas paróquias e na arquidiocese”, acrescenta o padre José Geraldo.