Luta, fé e tradição marcaram a XXVI Romaria dos Trabalhadores e Trabalhadoras. A caminhada que reuniu mais de 3.000 pessoas em Urucânia foi promovida no dia 1° de maio, dia do trabalhador. Juntamente com esse momento, a Região Pastora Mariana Leste acolheu a Imagem Peregrina de Nossa Senhora Aparecida.
“1° de maio, dia do trabalhador e da trabalhadora. Dia de comemoramos as lutas dos trabalhadores, como a redução da jornada de trabalho, que significa um reconhecimento da dignidade do trabalhador e da trabalhadora. Por isso, toda ano, no dia 1° de maio recorda-se a história e se reafirma a dignidade do trabalhador e da trabalhadora, com todos os direitos que não podem ser esquecidos. O trabalhador e a trabalhadora precisam ser respeitados pelos seus direitos, por sua dignidade de pessoa humana, que é filho e filha de Deus. Gente não é coisa, gente não é objeto, trabalhador não é maquina, mas sim pessoa, pessoa humana, carregada de bençãos e de sua filiação divina”, afirma o arcebispo de Mariana, Dom Geraldo Lyrio Rocha.
Para o vigário episcopal da Região Leste, padre Valter Monteiro, a Romaria é sempre um momento importante e rico de caminhada da igreja, principalmente da Região Leste, que é muito engajada na causas sociais. “Diante desse momento tão difícil que estamos vivendo, na conjuntura nacional, essa política tão conturbada, os políticos, a manipulação dos meios sociais, a tragédia da lama da Samarco, tudo isso contribuiu para que essa romaria revestisse em um caráter muito especial. E eu estou muito feliz com a realização e o resultado”.
“Casa Comum: Reconstruir e defender a vida”
Nesta edição, a Romaria teve como tema “Casa Comum: Reconstruir e defender a vida”. Em sitonia com essa proposta de reflexão a coordenadora da Dimensão Sociopolítica da Região Leste, Maria Francisca de Oliveira, lembra da situação dos atingidos pelo rompimento da barragem de Fundão. “Toda a bacia do Rio Doce foi drasticamente afetada com essa tragédia. Desde então, estamos convivendo com o maior crime social e ambiental de Minas Gerais. Nesses quase 6 meses, a situação das famílias de Barra Longa continua praticamente igual. Assim como fala o tema dessa Romaria, por mais que queiramos viver indiferentes, em nossas comunidades, aparentemente não afetadas pela lama, vivemos numa casa comum e por isso somos todos responsáveis pelo cuidado com esta casa”, ressalta.
Histórico
Esse ato de luta pelos direitos dos trabalhadores, acontece na Arquidiocese desde 1990. “A Romaria foi realizada em Urucânia durante 15 anos ininterruptos. Depois foi celebrada em várias cidades da nossa Arquidiocese. E desde 2014 ela voltou para Urucânia”, lembra padre Dário Chaves, da paróquia anfitriã.
A juventude sempre marcou presença nas Romarias. A integrante da Pastoral da Juventude, Franciele Scala, afirma o quanto é importante ver os jovens nessa caminhada. “A PJ trabalha muito o lado social e por trabalharmos esse lado é importante estarmos apoiando a Romaria, porque é um apoio que damos e que eles também dão pra gente. Compareceram mais jovens dessa vez e é muito bom estarmos todos reunidos juntos nessa luta”.
Jubileu dos Trabalhadores
Outra importante celebração deste 1° de maio na Arquidiocese de Mariana foi o Jubileu dos Trabalhadores e Trabalhadoras, em harmonia com o Jubileu da Misericórdia. “Esse ano tivemos uma riqueza maior, porque não foi só a Romaria, foi considerado um Jubileu por causa do Ano da Misericórdia, o Jubileu dos Trabalhadores e das Trabalhadoras”, disse padre Valter.
“Aqui se realiza o Jubileu dos Trabalhadores e trabalhadoras, exatamente no ano em que celebramos os 10 anos do falecimento de Dom Luciano, que foi para nós um testemunho vivo da misericórdia de Deus, no cuidado dos pequeninos, dos pobres e no serviço generoso a todos. Esse é um momento cheio de significado e muito rico para o nosso povo”, disse Dom Geraldo.
“Com Maria ao encontro dos afastados”
“Acolhemos neste santuário Mariano a Imagem Peregrina”, disse Dom Geraldo. A padroeira do Brasil, vai percorrer todas as 40 paróquias da Região Leste, em preparação para a celebração dos 300 anos da aparição de Nossa Senhora Aparecida. “A Imagem Peregrina não deve peregrinar só de uma paróquia para outras, mas sim, dentro da paróquia”, acrescenta o arcebispo.
“Nossa Senhora Aparecida é uma santa popular e que sempre esteve relacionada à luta contra a escravidão e ligada à defesa do direito dos trabalhadores. Ela fala ao coração das pessoas”, conclui padre Valter.