Depois de ouvir o Cabido Metropolitano, em sua reunião extraordinária no dia 14 deste mês de março, tendo em vista a comemoração dos 265 anos do Cabido de Mariana, criado em 1748, pelo primeiro Bispo, Dom Frei Manoel da Cruz, e de acordo com seu Estatuto, atualizado em 08 de dezembro de 1985, por Dom Oscar de Oliveira, em conformidade com os cânones 503-510 do Código de Direito Canônico, o Senhor Arcebispo Dom Geraldo Lyrio Rocha nomeou as quatro tradicionais dignidades, evocando os primórdios do Cabido de Mariana, a saber: Arcediago: Mons. Celso Murilo Sousa Reis, Arcipreste: Mons. Caetano Cenaque Piovezzani, Chantre: Mons. Roberto Natali Starlino, Tesoureiro-mor: Mons. Flávio Carneiro Rodrigues; Cônego Penitenciário da igreja catedral (cf. cânon 508§1): Cônego Jadir Trindade Lemos; Cônego titular: Pe. Nedson Pereira de Assis; Cônegos honorários: Pe. Geraldo Francisco Leocádio, Pe. Lauro Sérgio Versiani Barbosa, Pe. Luiz Carlos César Ferreira Carneiro e Pe. Tarcísio Sebastião Moreira. A promulgação dessas nomeações foi feita na Missa da Unidade, na Sé de Mariana, na manhã deste sábado, dia 23 de março. Na ocasião, Dom Geraldo proferiu a seguinte homilia:
Neste ano, esta celebração da Missa da Unidade vem marcada por acontecimentos que, em tom profético, repercutem na Igreja e no mundo: o gesto humilde e corajoso de Bento XVI ao renunciar o exercício do ministério petrino e a eleição do Papa Francisco como Bispo de Roma e Sumo Pontífice. Além disso, a celebração de hoje está emoldurada pelo Ano da Fé, estabelecido pelo Papa Bento XVI para comemorar o jubileu de ouro da abertura do Concilio Vaticano II e o vigésimo aniversário da promulgação do Catecismo da Igreja Católica.
O Santo Padre Francisco, em seu discurso no encontro com os Delegados Fraternos, no último dia 20, referindo-se à celebração do Ano da Fé, assim se expressou: “O meu venerável predecessor Bento XVI, com intuição verdadeiramente inspirada, com esta iniciativa, que desejo continuar e espero seja de estímulo para o caminho de fé de todos. Ele quis assinalar o 50º aniversário do Concílio Vaticano II, propondo uma espécie de peregrinação em direção ao que para cada cristão representa o essencial, isto é, a relação pessoal e transformante com Jesus Cristo, o filho de Deus, morto e ressuscitado para nossa salvação. O coração da mensagem conciliar resite exatamente no desejo de anunciar este tesouro perenemente válido da fé aos homens e mulheres de nosso tempo”.
Como os ouvintes da sinagoga de Nazaré, também nós temos “os olhos fixos” (Lc 4,20) na figura extraordinária e fascinante do Senhor Jesus. Com os lábios, o coração e a vida, queremos proclamar, com novo vigor e renovado ardor as palavras do Apocalipse há pouco proclamadas: Jesus Cristo “é a testemunha fiel, o primeiro a ressuscitar dos mortos, o soberano dos reis da terra. Ele é o Alfa e o Ômega, aquele que é, que era e que vem, o Todo-Poderoso” (Ap 1,5.8).
Em Jesus, cumprem-se plenamente as palavras, por ele mesmo repetidas, escritas pelo profeta Isaías. Ungido pelo Espírito, ele vem “anunciar a Boa-nova aos pobres; proclamar a libertação aos presos e aos cegos a recuperação da vista; libertar os oprimidos e proclamar um ano da graça do Senhor”(Lc 4,18). Que este Ano da Fé seja, pois, para todos nós um “ano da graça do Senhor”.
Na Carta Apostólica Porta Fidei, Bento XVI afirma: “Pareceu-me que fazer coincidir o início do Ano da Fé com o cinquentenário da abertura do Concílio Vaticano II poderia ser uma ocasião propícia para compreender que os textos deixados em herança pelos Padres Conciliares, segundo as palavras do Beato João Paulo II, «não perdem o seu valor nem a sua beleza. É necessário fazê-los ler de forma tal que possam ser conhecidos e assimilados como textos qualificados e normativos do Magistério, no âmbito da Tradição da Igreja. Sinto hoje ainda mais intensamente o dever de indicar o Concílio como a grande graça de que se beneficiou a Igreja no século XX. Nele se encontra uma bússola segura para nos orientar no caminho do século que começa».
Pela vivência da fé, assumida em atitudes concretas de serviço a todos, especialmente aos pobres, abertos ao diálogo com crentes e não-crentes, anunciando Jesus Cristo e sua mensagem, em testemunho de comunhão fraterna é que nós cristãos proclamaremos para o mundo: “hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir” (Lc 4,21).
Amados irmãos no ministério sacerdotal,
Celebrando antecipadamente o dia da instituição do sacerdócio ministerial, agradecido pela preciosa ajuda que recebo de cada um dos irmãos presbíteros no pastoreio desta querida Igreja Particular de Mariana, dirijo-lhes minha palavra afetuosa e minha saudação fraterna. Ao término desta celebração, desejo cumprimentar e abraçar pessoalmente cada um dos irmãos presbíteros para manifestar-lhes meu apreço e meu reconhecimento pela dedicação generosa de cada um no serviço ao povo santo de Deus confiado aos seus cuidados pastorais.
Amados irmãos e irmãs no sacerdócio batismal,
“Jesus Cristo fez de nós um reino e sacerdotes para Deus o Pai” (Ap 1,6) ouvimos há pouco na segunda leitura. Pela graça do Batismo, todos nós nos tornamos participantes do sacerdócio de Cristo Jesus. Somos um povo sacerdotal!
Iluminadoras são as palavras de Bento XVI em sua Carta Apostólica já mencionada: “A renovação da Igreja realiza-se também por meio do testemunho prestado pela vida daqueles que creem: de fato, os cristãos são chamados a fazer brilhar, com a sua própria vida no mundo, a Palavra da verdade que o Senhor Jesus nos deixou /…/. A Igreja “prossegue a sua peregrinação no meio das perseguições do mundo e das consolações de Deus”, anunciando a cruz e a morte do Senhor até que Ele venha (cf. 1 Cor 11, 26). Mas é robustecida pela força do Senhor ressuscitado, de modo a vencer, pela paciência e pela caridade, as suas aflições e dificuldades tanto internas como externas, e a revelar, velada, mas fielmente, o seu mistério, até que por fim se manifeste em plena luz».
Caríssimos jovens,
Neste ano em que vocês foram o tema da Campanha da Fraternidade, em vista da celebração da Jornada Mundial da Juventude, a se realizar no Rio de Janeiro, no próximo mês de julho, guardem no coração e coloquem em prática na vida as belas palavras do Papa Francisco: “Caminhemos à luz do Senhor (Is 2, 5). Trata-se da primeira coisa que Deus disse a Abraão: ‘caminha na minha presença e sê irrepreensível’. Caminhar: a nossa vida é um caminho e, quando paramos, está errado. Caminhar sempre, na presença do Senhor, à luz do Senhor, procurando viver com aquela irrepreensibilidade que Deus pedia a Abraão, na sua promessa”.
Maria, Mãe de Jesus, sustente, com sua contínua proteção, os nossos passos, sobretudo quando o caminho se torna árduo e o cansaço se faz sentir mais pesadamente.
Fotos: Caetano Etrusco