O Seminário das dioceses da Bacia do Rio Doce, Nossa Casa Comum – Corresponsabilidade de todos frente à vida ameaçada, realizado entre os dias 4 a 6 de março, em Mariana, discutiu sobre os desdobramentos do rompimento da barragem de Fundão, suas consequências, reparos, compromissos e os ônus e bônus da mineração no Brasil. O encontro organizado pela comissão de Meio Ambiente da Província Eclesiástica de Mariana, reuniu cerca de 100 pessoas.
Para o arcebispo de Mariana, Dom Geraldo Lyrio Rocha, o seminário foi realizado em um momento muito especial. Após os governos federal, de Minas Gerais e Espírito Santo, assinarem um acordo com as empresas envolvidas, na última quarta-feira (2).
“Podemos refletir, avaliar, estudar, aprofundar, com assessores muito qualificados, toda a problemática que se levanta diante do rompimento da barragem de Fundão. Os danos causado são ainda dificilmente calculados, porque são muitas as implicações e as complicações. Causa-nos certa perplexidade, o acordo que foi assinado entre o governo federal, os governos de Minas Gerais e do Espírito Santo e as empresas Samarco, Vale e BHP, porque não se vê com clareza quais são, efetivamente, os compromissos assumidos. O que ali está mais parece uma carta de intenções do que propriamente um acordo”, afirma.
No acorda assinado pelos governos e as empresas, 4 meses após o rompimento da barragem, questões como a não participação dos atingidos e o fato da própria mineradora administrar todos os recursos destinados à mitigação dos danos, por meio da criação de uma fundação, estão entre os pontos questionados.
“Causa estranheza que a fundação que está sendo criada pelas empresas, vem a ser controladas, pelas mesmas empresas e causou-nos perplexidade, também, a ausência absoluta dos atingidos com essa tragédia que trás tamanhas consequências”, ressalta Dom Geraldo.
Para o assessor da dimensão sociopolítica da arquidiocese, padre Marcelo Santiago, o acordo depõem contra os atingidos e os interesses da população. “Pensando nessa grande área da bacia do rio Doce, pensando em sua revitalização, não houve transparência, não foram ouvidos as comunidades e os atingidos. Nós estranhamos esse ato que uniu o estado e as empresas para a definição dos passos para a recuperação dos espaços ao lado dessa bacia sem ouvir realmente os clamores do povo e dos atingidos”, conta.
Os participantes do Seminário publicaram uma nota sobre o acordo do governo federal e dos governos dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo com a Samarco e Vale/BHP Billiton.
Leia a nota na íntegra.
A programação
Durante os dias do evento, os participantes puderam vivenciar três mesas de debates, grupos de trabalhos, uma celebração eucarística e finalizaram o seminário realizando uma visita a Bento Rodrigues.
A criação de um Fórum Permanente da Bacia, com a responsabilidade de viabilizar as propostas apresentadas no encontro também foi um dos destaques do seminário.
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