Arquidiocese de Mariana
Atingidos pelo Rompimento das Barragens

19/nov/2015
Mesa de negociações se reuniu pela primeira vez

A mesa de negociação de conflitos do Governo do Estado se reuniu nessa quarta-feira, 18 de novembro, no Centro Arquidiocesano de Pastoral, em Mariana, para ouvir as famílias atingidas e a pauta de reivindicações elaborada pelo Movimento de Atingidos por Barragens (MAB) e a Arquidiocese de Mariana, juntamente com as vítimas.

DSC_0049Esse espaço de negociação, que discutiu os problemas provocados pelo acidente, acolheu representantes dos atingidos, da Arquidiocese, do MAB, da Samarco, da prefeitura e Câmara Municipal de Mariana, da Assembleia Legislativa de MG, do Ministério Público, da Defensoria Pública e diversas organizações do poder público e da sociedade civil.

Segundo o presidente da Companhia de Habitação (Cohab), Cláudio Leite, o papel da mesa é resolver conflitos de forma passiva. “Queremos um acordo que atenda todos os lados. Esse é o início dos trabalhos. Iremos realizar essas reuniões em toda a bacia do Rio Doce”.

A importância de se colocar no lugar do outro, nesse processo, foi um dos pontos abordados pelo coordenador arquidiocesano de pastoral, padre Geraldo Martins, durante a reunião. “Se não formos capazes de nos colocarmos no lugar dessas pessoas, nós não repararemos definitivamente. Que não nos mova outro sentimento, que não seja o de promoção da vida, em todas as dimensões”. Padre Geraldo disse, também, sobre importância dessa reunião e do diálogo. “Essa reunião é extramente importante, pois ela articular as coisas para que todos sejam direcionadas para a vida. Todos temos que nos desdobrar no esforço do diálogo”.

Pauta de reivindicações

O representante nacional do MAB, Joceli Andrioli, apresentou a pauta elaborada pelo movimento e a Arquidiocese, juntamente com os atingidos. Moradia digna, verba de manutenção de um salário mínimo para cada atingido, reestruturação das atividades produtivas, levantamento dos danos, plano de recuperação para toda a bacia e a participação dos atingidos, estão entre os pontos solicitados no documento.

Clique aqui e leia o documento na íntegra.

DSC_0005O coordenador de desenvolvimento sócio-institucional da Samarco, Estaneslau Klein, garantiu que as ações emergenciais estão sendo tomadas. “Estamos pensando no processo de reassentamento, mas agora vamos trabalhar com as questões emergenciais para que as pessoas tenham tranquilidade para iniciar um diálogo”, explicou.

Ele apresentou as propostas da empresa, que irá pagar um salário mínimo por família, com acréscimo de 20% por dependente. Alguns questionamentos sobre esse valor foram feitos.

No final da reunião, Cláudio ressaltou que eles pretendem estabelecer uma agenda da mesa de negociações na cidade de Mariana e em toda a bacia do Rio Doce. O grupo continuará se reunindo toda quarta-feira, em um os pontos atingidos.

Perguntas e dúvidas

Estamos vivendo um momento de perguntas e dúvidas”, disse o atingido Antônio Marcos Souza, 42 anos. “As dúvidas não acabam, são perguntas sem respostas. Por isso eu questionei sobre a situação dos comerciantes. Eles também são atingidos. Como eles vão sobreviver com um salário mínimo? A Samarco fala que nós seremos ressarcidos, mas, eu não vou ter mais o meu quintal, minas galinhas, minhas plantações, minha horta. Tinha tudo isso na minha casa, tudo que eu e minha esposa plantamos. Agora como que nós vamos sobreviver na cidade? O custo na roça era muito menor, aqui na cidade eu não faça a ideia do custo de vida”, ressaltou.

Antônio, que sempre morou em Bento Rodrigues, contou que perdeu tudo, mas não perdeu sua fé. “Até a base da minha casa foi arrancada. É muito triste pensar que tudo acabou. Mas eu não perdi a fé em Deus. Pois ali, no Bento, teve um milagre grandioso, onde apareceu dezenas de heróis para salvar a gente”.

   

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