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Dom Barroso, exemplo de serviço e amor pela música

23 de março de 2018

Com 60 anos de ministério sacerdotal e 89 anos de vida, o ouro-pretano e bispo emérito de Oliveira (MG), Dom Francisco Barroso completou 34 anos de ministério episcopal na última segunda-feira (19). Eleito bispo em 1984, ele é formado em Direito Canônico pela Universidade Gregoriana de Roma, além de ser membro de Academias e autor de livros, como Museu do Aleijadinho, Santa Teresinha e as Pastorais, A espiritualidade na Arte, Ateísmo Contemporâneo, Reminiscências Históricas e Tricentenário de Ouro Preto.

Em entrevista ao Departamento Arquidiocesano de Comunicação (DACOM), Dom Barroso contou um pouco sobre caminhada vocacional, ministerial e paixão pela música.

Vocação

Desde pequeno, Dom Barroso já demostrava interesse pelo altar. “Minha vocação é desde menino. Eu tinha seis anos quando comecei a ser coroinha. Naquele tempo coroinha tinha que decorar o latim para ajudar nas celebrações, pois, os padres precisavam de alguém para responder. Foi assim que eu comecei a ajudar e fui pegando um amor pelo altar, pelos cânticos da Igreja, pela vida na Igreja. Eu era coroinha na capela da Santa Casa e o capelão, padre José Geraldo das Mercês, foi um grande exemplo para a minha caminhada”, lembra. Dom Barroso entrou no seminário aos 13 anos e foi ordenado aos 29 anos, em 1º de dezembro de 1957.

Amor pela música

Da infância a banda do seminário, a música sempre se fez presente na vida de Dom Barroso. Segundo ele, essa paixão veio de seu avô. “Eu aprendi a gostar da música com o pai da minha mãe. Ele ensinou a minha mãe a tocar violão e eu aprendi a tocar também. Quando entrei no seminário, de 217 seminaristas, só eu tocava violão. Também entrei na banda e ela foi muito importante no meu tempo de seminário. Eu toquei caixa, pistom, trombone, passei por vários instrumentos”, conta.

Dom Barroso também tocou na orquestra do seminário. “O padre pediu para eu entrar para a orquestra e aprender a tocar violoncelo. Eu aprendi a tocar sozinho. Fiquei um mês para descobrir os segredos do instrumento. Nunca tive um professor de violoncelo. Depois que eu já era padre, em um Festival de Inverno, que fui fazer um curso de violoncelo”.

Paróquias

Após a sua ordenação presbiteral, Dom Barroso foi exercer o seu ministério presbiteral na cidade de Acezita, que hoje pertence a Diocese de Itabira. Ele ficou 9 meses lá e depois foi transferido para a paróquia de Nossa Senhora da Conceição, em Ouro Preto. “Eu vim para ficar dois meses, mas acabou que fiquei anos. O objetivo era organizar a música em Ouro Preto. Principalmente por causa da semana santa e de algumas novenas”, disse. Dom Barroso fundou o Coral São Pio X, que vai completar 58 anos, e a Orquestra São Pio X em Ouro Preto.

Museu Aleijadinho

Depois de 7 anos como vigário de Nossa Senhora da Conceição, o então padre Barroso foi nomeado pároco. Preocupado com as dificuldades financeiras da paróquia, ele resolveu fundar um museu. “A ideia de organizar um museu veio da preocupação com as dificuldades financeiras que a paróquia tinha e com a riqueza artística da igreja. As igrejas ficavam fechadas e sempre tinha gente querendo conhecê-las. Nisso eu pensei, vou organizar o turismo paroquial. Vou abrir essas igrejas, assim vou gerar emprego e salvar a paróquia economicamente. Com o museu nós estaríamos cuidando das peças, preservando e resolvendo os problemas financeiros”, disse

Dom Barroso conta que conversou com as irmandades de Ouro Preto para elas cederem suas peças ao museu. “No começo eu não falei que a proposta era montar um museu, mas mostrei a importância e necessidade de cuidar e dar segurança para as peças. Fui motivando e chamando atenção com a importância de guardar essas peças. Depois de motivar bem as irmandades, eu falei que o museu era uma boa opção. As peças do museu foram cedidas em comodato pelas irmandades”, explica.

O museu começou com uma sala no porão. Com o tempo, o espaço foi sendo ampliado e neste ano ele vai completar 50 anos. “Era uma sala só, mas eu caprichei nela. Tinha peças maravilhosas, tudo muito bem organizado. O porão foi todo renovado. Antes de abrir o museu, eu fiz um curso intensivo de museologia no Rio de Janeiro. Eu aprendi as noções de museologias para depois montar o museu”, relata.

Bispo

Em 1984 padre Barroso recebeu uma carta que mudou o seu ministério. “Quando recebi a carta do Vaticano eu não imaginava do que se tratava. Foi uma surpresa para mim. Eu fiquei três dias pensando se eu iria aceitar ou não. Mas eu fui celebrar às 7h e quando proclamei o evangelho, era o evangelho da anunciação. Aquele evangelho era para mim, era a minha resposta”, lembra.

Com o lema “In unitatem fidei”, Dom Barroso foi nomeado bispo de Oliveira (MG), onde exerceu seu ministério por 21 anos. “Foram anos muito importantes. De muita aprendizagem e partilha”, ressalta

Ano do Laicato

Em sintonia com o Ano Nacional do Laicato, Dom Barroso sublinha o papel dos cristãos leigos e leigos. “Eu venho de uma época onde os leigos quase não participavam, antes do Concílio Vaticano. Eu conheci os dois tipos de Igreja, a Igreja antes do Concílio e a Igreja pós conciliar. Vejo o quanto essa abertura da Igreja foi extraordinária. A participação dos leigos foi uma nova vida para a Igreja porque o leigo está presente em todos os ambientes. Antes a gente tinha que motivar bem o leigo para ele participar. Hoje o leigo faz questão de participar. Os dons são diferentes, mas é ai que entra a unidade. A participação do leigo é sinônimo dessa unidade e é importante não só pelo fortalecimento da sua fé, mas para ele colaborar com o anúncio do Evangelho. Cada pessoa ao seu modo, por mais simples que seja, cada pessoa, cada leigo é um anunciador de Jesus Cristo pelo batismo”, finaliza.

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