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, 24 de novembro de 2024

Primeiro dia da Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe reforça convite a dispor o coração para discernimento comum

23 de novembro de 2021 Igreja no Brasil

A Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe iniciou, de fato, a rotina de reflexões a respeito do discipulado missionário proposto para a Igreja na região. Após a abertura na basílica de Nossa Senhora de Guadalupe, na Cidade do México, no domingo (21), os participantes presentes na Casa Lago e os conectados de forma virtual deram início à programação de trabalho na segunda-feira, 22.

Boas-vindas

O início das atividades foi marcado por um momento de oração com caráter afro, no qual foi feito um chamado para dispor o coração a discernir em comum nesta Assembleia Eclesial, tomando como referência o texto bíblico que convida a ouvir a Palavra de Deus e a cumpri-la. As saudações do presidente do Conselho Episcopal Latino Americano (Celam), dom Miguel Cabrejos; do presidente da Comissão para a América Latina, cardeal Marc Oullet; e do presidente do Episcopado Mexicano, dom Rogelio Cabrera, deram as boas-vindas aos participantes.

“Esta Assembleia deve estar junto ao povo”, disse Dom Miguel Cabrejos, recordando as palavras do Papa Francisco em 24 de janeiro deste ano, quando a Assembleia foi apresentada. O arcebispo de Trujillo (Peru), lembrou que Aparecida “nos chama a todos a sermos discípulos missionários e a passar de uma ‘pastoral de mera conservação para uma pastoral decididamente missionária’”. Por essa razão, ele pediu que “deveria ser uma escola de sinodalidade”.

O Cardeal Oullet pediu “que o Espírito do Senhor presente em nosso meio nos ajude a discernir juntos como reavivar o espírito missionário que o Papa Francisco nos transmite por seu exemplo e seu magistério”. Para o cardeal canadense, “a Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe é uma das muitas maneiras pelas quais a Igreja se reaprende a escutar e discernir”, apelando para uma profunda comunhão eclesial a fim de viver verdadeiramente a missão.

Dom Rogelio Cabrera agradeceu calorosamente que a Assembleia Eclesial esteja sendo realizada aos pés da santa padroeira do continente, definindo os membros da Assembleia como convidados que o México recebe como anjos e emissários de boas novas. O arcebispo de Monterrey insistiu que a presença de cada membro da assembleia é um sinal da união que o México tem com o Papa Francisco.

A centralidade de Cristo e de sua Palavra

A reflexão principal do dia foi dirigida pelo padre Fidel Oñoro, com um caráter bíblico, abordando “A centralidade de Jesus Cristo e sua Palavra em nossa ação pastoral”. Ele afirmou que a Assembleia é fruto da vontade divina, salientando que “o pastor na Bíblia é, antes de tudo, Deus”. O biblista colombiano assinalou que a Escritura “abre janelas de observação e compreensão mais profunda”, o que “nos tira do analfabetismo espiritual”. Por essa razão, ele enfatizou que “somente ouvindo a Palavra podemos perceber o que Deus nos diz e nos pede, podemos descobrir nossa missão e o que somos chamados a fazer”.

Um elemento decisivo para o desenvolvimento da Assembleia serão os pequenos grupos comunitários de discernimento, onde todos os membros da Assembleia se reúnem, tanto aqueles que estão em Casa Lago, sede da Conferência Episcopal Mexicana, como aqueles que se conectam de todos os cantos do continente. Será um lugar para compartilhar experiências eclesiais que enriquecerão a Igreja no continente.

Coletiva de imprensa

A cada dia haverá também uma coletiva de imprensa, com a presença de um bispo, um padre, uma irmã religiosa e uma leiga. Nesta segunda-feira foram o arcebispo de São Paulo (SP) e vice-presidente do Celam, cardeal Odilo Scherer; a irmã María Dolores Palencia, o padre Leo Pérez, OMI, e a jovem Ligia Elena Matamoros. Entre as intervenções destacou-se a expectativa de ver “onde o Espírito de Deus nos conduz”, o chamado a “retomar nosso compromisso batismal”, a necessidade de “ver os jovens nos espaços onde as coisas são planejadas, onde as decisões são tomadas”, e não ter respostas prontas, algo típico do clericalismo.

Participação e sinodalidade

Os membros da Assembleia estão experimentando grande alegria e entusiasmo neste processo sinodal, manifestado nos testemunhos compartilhados por alguns deles, algo que será repetido todos os dias. As diferentes vozes, algumas em pessoa, outras virtualmente, encorajaram a todos com um entusiasmo que vem de caminhar juntos, em comunhão.

Refletindo sobre o caminho da Assembleia Eclesial, o Cardeal Oscar Andrés Rodríguez Maradiaga destacou as raízes deste momento, convidando os membros da Assembleia a ouvir os gritos dos irmãos e irmãs mais pobres e esquecidos, a ensinar sobre a sinodalidade, desconhecida e temida por aqueles que preferem se afastar.

Segundo a irmã Birgit Weiler, “todo o processo mostrou a grande importância da atitude e da prática da escuta como elemento central no discernimento comunitário e na experiência de sinodalidade”. Ela enfatizou a necessidade de “reconhecer as mulheres como protagonistas em nossas sociedades e especialmente em nossa Igreja”, algo que estava presente no processo de escuta. Também a necessidade de superar o clericalismo, a autorreferencialidade, que nos leva a viver este kairos.

A riqueza deste processo é conhecida através de testemunhos que nos mostram como a Assembleia Eclesial chegou aos lugares mais remotos, temas que dão sentido à sinodalidade, nas palavras de Mauricio López. Trata-se de tocar o coração dos corpos eclesiais, de estar presente quando o coração está ferido, de acompanhar as vítimas da pandemia, as mulheres que sofrem a violência, os migrantes, os povos cujos territórios são confiscados, de superar a cegueira que, como Bartimeu, nos impede de seguir Jesus.

Conclusão com a Eucaristia e o Rosário

A celebração eucarística ao final do dia foi presidida pelo arcebispo de Huancaio (Peru) e presidente da Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam), cardeal Pedro Barreto, que em sua homilia, centrada no Evangelho da viúva, disse ver esta passagem como “um programa de vida que hoje, com a graça de Deus, estamos cumprindo”. A viúva simboliza a Igreja e cada um de nós, convidando-nos a reconhecer que somos pobres, frágeis e pecadores. Diante disso, Jesus nos diz que há um caminho a seguir, que nos leva a entender que damos nossas vidas porque confiamos em Deus.

O presidente da Repam lembrou as vítimas da pandemia e refletiu sobre as políticas no continente, que “não buscam o bem comum, mas apenas interesses subalternos”. A viúva mostra o rosto feminino da Igreja, que pensa no outro, no “nós”, que nos leva a sair de nós mesmos para que nosso centro seja Jesus. Ela também refletiu sobre a Assembleia Eclesial, agradecendo por este momento de discernimento, e lembrou as palavras do Papa Bento XVI em Aparecida, onde ele definiu a religiosidade popular como a fé dos pobres, que move os corações e nos chama a viver a pobreza de espírito.

O dia inteiro foi colocado nas mãos de Nossa Senhora Aparecida com a recitação do Rosário. A ela foi confiada a vida e a dor do povo latino-americano e caribenho, especialmente os vulneráveis, aqueles que sofrem dor, muitas vezes causada como consequência da injustiça, que encontram no abraço materno daquela que é invocada por tantos nomes, o consolo amoroso para aqueles que sofrem.

Texto: Padre Luís Miguel Modino/Equipe de Comunicação Assembleia Eclesial / CNBB

Imagens: CNBB

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