“Que Nossa Senhora, modelo de humildade e disponibilidade, nos mostre o caminho para acolher Jesus.” E para acolher as suas novidades, devemos purificar-nos no “rio da disponibilidade e em muitos banhos saudáveis de humildade.”
A reflexão do Papa Francisco no Angelus deste IV Domingo do Tempo Comum versa sobre a acolhida a Deus e seus desígnios, e parte do Evangelho de Lucas proposto pela Liturgia do dia, que “narra a primeira pregação de Jesus em sua cidade, Nazaré”, e “o êxito foi amargo”, encontra “incompreensão e também hostilidade”.
De fato, “seus conterrâneos, mais do que uma palavra de verdade – começa explicando Francisco aos fiéis reunidos na Praça São Pedro – queriam milagres, sinais prodigiosos”. Mas “o Senhor não realiza nenhum e eles o rejeitam, porque dizem que já o conhecem desde criança, que é o filho de José, e assim por diante”, o que leva Jesus a pronunciar a célebre frase: “Nenhum profeta é bem recebido em sua terra”.
Mas se Jesus, conhecendo o coração dos seus e sabendo dos riscos que corria de ser rejeitado, por que foi pregar em sua cidade assim mesmo? – pergunta o Papa -, ”por que fazer o bem a pessoas que não estão dispostas a te acolher?”:
“Eles não foram acolhedores, e nós?”. A hostilidade em relação a Jesus – observou Francisco – também nos provoca. E para ilustrar os “modelos de acolhida que Jesus propõe hoje a seus conterrâneos e a nós”, volta seu pensamento aos dois livros de Reis, que falam de dois estrangeiros – a viúva de Sarepta de Sidônia e Naamã, o sírio – que acolhem Elias – “apesar da fome e embora o profeta fosse perseguido político-religioso” e Eliseu – “que o levou a se humilhar, a banhar-se sete vezes no rio, como se fosse uma criança ignorante”.
Quer a viúva como Naamã, “acolheram com sua disponibilidade e humildade. O modo de acolher Deus é sempre ser disponível, acolhê-Lo e ser humilde”. Ou seja, a fé passa pela “disponibilidade e humildade”. Eles “não rejeitaram os caminhos de Deus e de seus profetas; foram dóceis, não rígidos e fechados”:
Assim, Jesus nos pede para acolhê-Lo na realidade cotidiana, na Igreja de hoje, nos necessitados, nos problemas na família, nos pais, nos filhos, nos avós, “acolher Deus ali, onde Ele está, e nos convida a nos purificarmos no rio da disponibilidade e em muitos banhos saudáveis de humildade. É preciso humildade para encontrar Deus, para deixar-se encontrar por Ele”:
Que Nossa Senhora, modelo de humildade e disponibilidade – disse ao concluir – nos mostre o caminho para acolher Jesus.
Texto: Jackson Erpen – Cidade do Vaticano
Imagem: Vatican Media