Após a caminhada da 30ª Romaria dos Trabalhadores e Trabalhadoras, os presentes participaram da Santa Missa, ocorrida na Escola Agrícola Paulo Freire (EFA). Presidida pelo Vigário Episcopal da Região Leste e Pároco da Paróquia São Pedro, em Ponte Nova (MG), Padre Luiz da Paixão Rodrigues, a celebração foi concelebrada pelo Coordenador da Dimensão Sociopolítica e Pároco da Paróquia São João Batista, em Viçosa (MG), Padre Geraldo Martins, pelo Pároco da Paróquia São Gonçalo, Padre Hélio Augusto Rodrigues, e pelo Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, em Porto Firme (MG), Padre José Raimundo Alves.
Em sua homilia, Padre Luiz da Paixão ressaltou a necessidade de valorizar cada trabalhador e trabalhadora e reconhecer a importância deles na construção de uma sociedade diferente. Além disso, ao olhar para o Evangelho, ele observou e ressaltou os ensinamentos que poderíamos tirar neste dia de luta e perseverança.
“O Evangelho, que é proclamado hoje, conta que Jesus estava ali junto aos trabalhadores que na madrugada foram pescar. Às vezes, vai acontecer isso na nossa vida: tem hora que não conseguimos perceber que Ele está ao nosso lado, mas o Evangelho trouxe essa clareza”, lembrou.
“No momento que os discípulos vão para o trabalho, Jesus se faz presente. Isso para dizer a nós que em qualquer trabalho que nós estamos, em nossa vida, no nosso dia a dia, Ele não se afasta. Jesus está sempre caminhando conosco e a sua presença junto de nós sempre vai mostrar como Ele ama, quer bem e valoriza o trabalho de cada pessoa. Embora algumas autoridades não valorizem certas profissões, Jesus age diferente”, continuou sua reflexão.
Ainda, segundo o sacerdote, dois pontos são importantes são destacados nesse Evangelho. Primeiro, ao observar a pergunta “Você tem o que comer?” de Jesus aos seu discípulo, Padre Luiz da Paixão recordou que o questionamento ainda se repete nos dias de hoje e junto com isso Jesus está questionando também outras coisas. “Quando ele pergunta sobre alimento, não é só o material, pão e peixe, mas Ele também quer saber daquilo que é necessário e urgente para a vida das pessoas. Hoje, Ele anda em nossas comunidades questionando: ‘vocês têm moradia, têm emprego, têm seus direitos respeitados, têm dignidade?’”, afirmou o presbítero.
Além disso, ele também ressaltou que a proposta da 30ª Romaria, com o tema “Um pacto pela vida: um grito contra a perda de direitos”, foi justamente clamar por tantos direitos que estão sendo desrespeitados. Ao olhar então para a pergunta de Jesus, ainda muito se escuta “não” e, portanto, para o presbítero, o resultado disso não parte por falta de recursos naturais ou por culpa de Deus. “Não temos é porque existe uma desigualdade, uma injustiça reinante e uma briga por poder que desvaloriza a vida dos pobres e dos trabalhadores”, pontuou.
Em um outro momento importante do Evangelho, Jesus questiona a Pedro: “Tu me amas? Então, cuida das minhas ovelhas”. Contextualizando a fala, o presidente da celebração ainda afirmou que essa pergunta não é direcionada apenas aos padres e pastores da Igreja, mas sim a todos. “Aquele que caminha com Cristo tem a responsabilidade de cuidar do irmão”, destacou.
“Meus irmãos e minhas irmãs! Que esta Romaria ajude cada um de nós, homens e mulheres, a caminharmos firmes com Cristo! Amando Jesus Cristo, nós nos amamos. Vivendo com Jesus Cristo, cuidamos uns dos outros para que a vida seja respeitada”, concluiu.
Ao final da celebração, durante o almoço comunitário, todos puderam acompanhar as manifestações culturais de grupos de percussão e Congados da região, que estiveram presentes durante a caminhada. Além disso, os romeiros também foram convidados a participarem da Ciranda das Sementes, uma iniciativa da Escola Família Agrícola Paulo Freire (EFA).
De acordo com o Diretor da Escola e Representante da Comissão para o Meio Ambiente da Província de Mariana, Gilmar de Souza Oliveira, foi muito importante a participação efetiva da instituição. “Para nós, foi um momento de dar visibilidade as experiências que a EFA desenvolve na produção de mudas nativa, no manejo das plantas medicinais e das plantas alimentares não convencionais, valorização e uso da conservação e articulação política da troca e da distribuição das mudas e sementes nativas”, relatou.
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