Pelo quarto ano consecutivo, a Comunidade da Filosofia do Seminário Arquidiocesano São José está preparando um espetáculo aberto ao público como forma de arrecadar fundos para a Comunidade da Figueira, instituição de apoio às pessoas com deficiências, fundada por Dom Luciano Mendes de Almeida. A apresentação será feita no dia 8 de novembro, às 20h, no Teatro Mariana, em Mariana. Os ingressos ainda estão à venda e custam R$10,00. (Confira os pontos de venda no final da matéria).
“Eu só quero é ser feliz” é o nome da peça, escrita pelos próprios alunos da Faculdade Dom Luciano Mendes. “Ela traz uma reflexão sobre o desejo de ser feliz que trazemos e às lutas que enfrentamos para realizá-lo. A história é ambientada numa comunidade de periferia e se desenvolve a partir da amizade de três jovens com sonhos bem diferentes, mas com dificuldades semelhantes no que diz respeito à realidade que estão inseridos”, explica um dos atores, o seminarista Bruno Diego Garcia, do primeiro ano de Filosofia.
“Eu tenho certeza que vai ser sensacional”, admitiu a coordenadora da Comunidade da Figueira, Solange Ribeiro dos Santos Reis, dirigindo-se aos usuários da Figueira, na tarde desta última terça-feira (29), em um momento de recreação com os seminaristas. Ela explica que a iniciativa começou diante da crise financeira vivida com mais intensidade em 2016, quando os seminaristas propuseram a apresentação – antes feita apenas para o Seminário e a Comunidade – como forma de ajudar a arrecadar dinheiro. Hoje o teatro se tornou parte da Figueira.
“Já é assim: cadê o teatro da Figueira que o Seminário vai fazer?”, diz Solange. Desde a primeira peça, os próprios usuários da Comunidade abraçaram a ideia e resolveram ajudar, levando para o cenário da peça as próprias galinhas da Figueira. Ainda hoje, móveis e roupas necessárias para a apresentação são buscadas no local, que possui um bazar solidário para ajudar na arrecadação. A primeira peça apresentada pelo Seminário, aberta ao público, foi Meu Pé de Laranja Lima, em 2016. No ano seguinte, o Auto da Compadecida. E, em 2018, foi a vez da adaptação Jeca Tatu.
A ajuda para a realização realmente vem de todas as partes. Liliane Santana, usuária da Figueira, ficou responsável pela venda de alguns ingressos. Ela diz que, até agora, vendeu dez. “Vendi pro pessoal que mora perto da minha casa e estou divulgando pelo telefone”, revela, ressaltando que está muito feliz e que a melhor parte é ver os meninos “fazendo palhaçada”.
Ajuda Financeira
“Como monitora, eu percebo quanto qualquer real que entra é importante”, revela Renata Marcelina de Sousa, que trabalha como cuidadora na Figueira. “O gasto é muito grande, a gente tem gasto com muitas coisas, principalmente com fraldas e luvas, por exemplo”.
Ela destaca que ao mesmo tempo em que o teatro movimenta a sociedade e se torna uma atividade cultural para a cidade, em um valor acessível, não perde a importância de ser um evento de grande ajuda para a Figueira.
Por ser uma instituição sem fins lucrativos, a Comunidade vive a base de doações. As atividades e eventos promovidos têm o fim único de buscar pagar as despesas e comprar os itens que não são doados com tanta frequência.
Com a peça “Jeca Tatu”, por exemplo, apresentada no ano passado, a Figueira arrecadou R$3330. Solange explica que os valores em espécie são como um alívio para as dificuldades enfrentadas nos últimos tempos. “A casa é como a nossa casa, tem gastos diários e mensais. Ano passado estávamos com dificuldades e, com esse dinheiro, pagamos os funcionários”, lembra.
Preparo
Apesar de não ser propriamente inédita, por ter sido apresentada para os seminaristas na Festa do padroeiro do Seminário, São José, no final de abril, e para as suas famílias, no Encontro de Famílias, realizado em setembro, “Eu só quero é ser feliz” está sendo preparada com afinco para a estreia do dia 8.
“No início, tínhamos um ensaio por semana de 2h. Tivemos, inclusive, o auxílio de um professor de teatro para a preparação do elenco, que conta com cerca de 20 alunos da faculdade, além da participação de duas funcionárias do Seminário”, ressalta o seminarista Bruno.
Outro ator da peça, o seminarista Nillo Neto, do primeiro ano de Filosofia, ressalta que a apresentação é sim uma ajuda que o seminário dá a Comunidade Figueira, e, em contrapartida, é também um pedido para que a sociedade possa oferecer a sua ajuda. “Queremos fazer com que eles percebam que assistindo, também estarão ajudando”, expõe. Ele também reforça que mais do que uma experiência enquanto seminarista, ter contato com a Comunidade da Figueira colabora para a formação humana, para o aprendizado de saber lidar com o outro.
“Essa parceria que a gente faz com a Faculdade e o Seminário, de fazer o projeto de extensão na Comunidade da Figueira as terças e quintas-feiras é algo muito positivo também porque a gente vai enquanto aluno porque precisamos completar nossas horas, mas também enquanto pessoa, de nosso ser ético, de visitar uma comunidade e prestar ajuda aos que necessitam”, afirma, referindo-se ao grupo Figueirofia, formado por 14 seminaristas que dão formações e atividades recreativas para os usuários da Comunidade da Figueira.
Emília Evaristo Costa, monitora na Figueira, destaca a alegria trazida pelos seminaristas para a Comunidade. “Eles deixam o que estão fazendo lá no Seminário e se dedicam inteiramente aos meninos, chegam de boa vontade, sabem o nome de todos, não estão aqui só por estar, estão para fazer um trabalho muito didático. Não é nada aleatório, eles vem sabendo o que eles querem fazer e eles fazem muito bem feito”.
Pontos de venda:
Comunidade da Figueira – R. Cônego Amando, 278, Mariana
Livraria da Sé – R. Padre Gonçalves Lopes, 15 A – Centro, Mariana
Papelaria Aquarela – R. Direita, 151 – Centro, Mariana