Sejam sinais do amor de Deus ao seu povo. Foi esse o pedido do Arcebispo Metropolitano, Dom Airton José dos Santos, aos 70 consagrados e consagradas presentes no último dia 02 de fevereiro, na Catedral Basílica Nossa Senhora da Assunção, em Mariana (MG), para participarem da Missa em Ação de Graças pelo Dia Mundial da Vida Consagrada. Presidida por Dom Airton, a celebração também contou com a presença de sacerdotes do Clero Marianense e fiéis leigos. O momento está em sintonia com o 3º Ano Vocacional, vivenciado pela Igreja no Brasil desde novembro de 2022.
Durante a homilia, o Arcebispo Metropolitano de Mariana ponderou que todos os batizados são chamados a testemunhar a sua fé da forma que escolherem. “A resposta ao chamado de Deus não é divina, é humana”, disse. Diante disso, ele destacou a importância do acompanhamento da Igreja no processo de discernimento vocacional. “Onde é que nós vamos encontrar a paz e a felicidade? É onde Deus nos coloca. Mas é preciso estar no lugar certo. É aí que precisamos do discernimento da Igreja e do acompanhamento dos irmãos. Eles que irão nos ajudar a discernir se estamos no caminho certo”, complementou.
Ainda na pregação, Dom Airton enfatizou sobre a importância da comunhão entre a Vida Consagrada e a Arquidiocese de Mariana, lembrando que, desde que chegou a esta Igreja Particular, em junho de 2018, é a primeira vez que a celebração em Ação de Graças foi realizada. “Que a gente não pare somente neste encontro. Que nós continuemos mantendo contato e alguma forma de colaboração mútua. […] Que bom seria se nós pudéssemos continuar mantendo esse contato!”, salientou, lembrando que a vida comunitária é um dos princípios da Vida Consagrada.
Para a Consagrada Celibatária da Comunidade Rainha dos Anjos de Conselheiro Lafaiete (MG), Ana Maria Das Graças de Oliveira, a celebração significou fraternidade. “Eu me senti em família, sabe? Teve uma importância tremenda no sentido da gente se unir, da gente estar junto com o nosso bispo, ele tão próximo, um pai. Foi essa vivência fraterna. Para mim, a maior importância foi essa: olhar do lado e me sentir família consagrada”, compartilhou visivelmente emocionada.
Ao final da celebração, a Irmã Passionista Arlene Fonseca Simões leu a mensagem do Prefeito do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica (Santa Sé), o Cardeal D. João Braz de Aviz, por ocasião da 27ª Jornada da Vida Consagrada. Confira a mensagem AQUI
Após a Missa, o Assessor do Serviço de Animação Vocacional (SAV), Padre Rosemar Condé, a Irmã Arlene Fonseca Simões e Dom Airton José dos Santos tiveram um momento de diálogo com os presentes, visando a melhor organização e proximidade da Vida Consagrada com a Arquidiocese de Mariana.
Em sua fala, Padre Rosemar ponderou sobre as dificuldades relacionadas à vocação sacerdotal, seja na vida religiosa ou diocesana. “Sei muito bem dos desafios. Mas eu acredito que quanto mais unidos nós estivermos, mais frutos nós conseguiremos produzir”, refletiu. Por fim, ele deixou aos presentes um convite para juntos trabalharem em prol das vocações no território da Arquidiocese de Mariana. “Não somente ter novas vocações, mas aqui está um grande desafio: cuidar também de nós”, salientou.
Por sua vez, a Irmã Arlene expressou sua alegria em estar reunida com os outros consagrados e consagradas da Arquidiocese. “Que alegria saber que a gente pode ser cada vez mais unidos, como Congregação, vida religiosa, principalmente neste Ano Vocacional. Os nossos corações quando ardem, os nossos pés não se serram. Eles vão e caminham”, ressaltou.
À oportunidade, Dom Airton reforçou, mais uma vez, a necessidade de uma melhor organização da vida consagrada e religiosa na Arquidiocese, bem como ponderou o seu desejo em conhecer as comunidades, congregações e institutos seculares presentes.
Por fim, Irmã Arlene e Padre Rosemar falaram sobre as missões que serão promovidas de forma conjunta pelo Seminário São José e religiosos, religiosas, consagradas e consagrados da Arquidiocese, convidando-os presentes a participarem desse momento. Agendadas para junho e novembro deste ano, como atividade dentro do Ano Vocacional, a proposta é que sejam visitadas as escolas dos 79 municípios que compõem esta Igreja Particular, bem como fomentar a criação das Equipes Vocacionais Paroquiais (EVPs) nas 136 paróquias.
A vida religiosa é aquela em que se professa os votos da pobreza, castidade e obediência, podendo ter também cada congregação o seu quarto voto. Além das tradicionais congregações e ordens, a Vida Consagrada também inclui os Institutos Seculares, as Sociedades de Vida Apostólica e as Comunidades.
Comentando sobre essa diversidade, o Salesiano Henrique dos Reis Escudeiro afirmou que, com isso, há uma “efervescência vocacional muito grande porque tem um leque para nós escolhermos seguir a Cristo. Então, é muito bom isso, [pois] anima também àqueles que estão querendo buscar o sentido da vida, a alegria em Deus e aí tem um leque tremendo tanto para homens, quanto para mulheres”.
Atuando como Assistente dos Noviços em Barbacena (MG), Henrique ainda diferenciou que, na vocação religiosa, tem os leigos consagrados, que podem ser as irmãs e os irmãos, e também a vocação presbiteral. “Nós não deixamos de ser religiosos”, reforçou.
Já Ana Maria Das Graças de Oliveira, explicou o que significa ser Consagrada Leiga Celibatária. “Uma consagrada celibatária leiga, como é o meu caso, faz compromissos, não votos. Nossos compromissos são pobreza, obediência e castidade, e a nossa Comunidade tem mais um compromisso que é o de oblação pelos sacerdotes. Nós fazemos parte do movimento chamado novas comunidades dentro da Igreja. Nós não fazemos parte de um Instituto ou Convento, mas das novas comunidades”, contou.
Segundo Ana Maria, a diferença entre o estilo de vida de uma consagrada celibatária para uma irmã ou freira é o fato de não viver em um Instituto ou Convento. “Mas a nossa vivência é basicamente a mesma, sendo que nós temos a vida missionária, temos uma regra e uma vivência comunitária. No nosso caso, as outras consagradas e eu, estamos fazendo a experiência de vida comunitária em nossa casa de missão, sendo acompanhada pelo nosso pároco, objetivando a vida religiosa. Se for da vontade de Deus podemos ir de celibatárias à freiras. Mas fomos muito felizes como celibatárias!”, ponderou.
Confira ao vídeo em que a Irmã Arlene explica mais sobre a vida consagrada AQUI
Fotos: Thalia Gonçalves