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Mulheres, pobres e migrantes são temas abordados nos Círculos Menores e nas intervenções na Sala Paulo VI

06 de outubro de 2023

Na segunda coletiva de imprensa sobre os trabalhos do Sínodo dos Bispos, realizada nesta sexta-feira, 06 de outubro, o presidente da Comissão de Informação ilustrou os temas abordados entre quinta, dia 05, e sexta, dia 06, nos Círculos Menores e nas intervenções na Sala Paulo VI.

A formação “de todos”, a partir dos seminários, depois dos padres, dos leigos, dos catequistas; o papel das mulheres, dos leigos, dos ministérios ordenados e não ordenados; a centralidade da Eucaristia; a importância dos pobres “como opção para a Igreja”. E, novamente, os dramas da migração, dos abusos, dos cristãos que vivem em condições de perseguição e sofrimento. A começar pelos ucranianos, para os quais também foi dedicado um aplauso na Sala Paulo VI. Estes são os temas sobre os quais se concentraram os trabalhos dos 351 membros da Assembleia Geral do Sínodo sobre a Sinodalidade, divididos em 35 Círculos Menores.

Para ilustrá-los, na coletiva de imprensa desta sexta-feira, na Sala de Imprensa do Vaticano, o presidente da Comissão de Informação, Paolo Ruffini, prefeito do Dicastério para a Comunicação, que abriu o encontro diário com os jornalistas assegurando-lhes: “faremos o melhor possível todos os dias para dar-lhes tudo o que temos”.

18 relatórios dos relatores e 22 intervenções individuais

Na tarde desta quinta (5), explicou Ruffini, a reunião continuou nos Círculos Menores que, à noite, “concluíram a primeira parte de suas discussões”. A sessão da manhã desta sexta (6), na qual o Papa Francisco estava presente, foi dividida em dois momentos: o primeiro com 18 relatórios dos relatores (os chamados “rapporteur“) dos vários grupos na assembleia; o segundo, com 22 intervenções individuais. Três minutos foi o tempo alocado para cada um nessa fase, “um pouco mais comprimido do que nos módulos subsequentes, em que a duração de cada intervenção será de 4 minutos”. Nesta sexta (6), portanto, a cada quatro intervenções havia uma pausa para silêncio e oração.

Um livro sobre as intervenções do Papa aos membros

Na tarde desta sexta (6), o trabalho continuou com a terceira Congregação Geral. E também, anunciou Ruffini, cada membro recebeu um livro publicado pela LEV (em italiano, mas com traduções em inglês e espanhol) que reúne dois discursos: um do Papa e outro do então cardeal Bergoglio sobre os temas da santidade e da corrupção, com também um inédito (a introdução).

Sheila Pires: há diversidade e desejo de caminhar juntos

Os vários Círculos se reunirão novamente em uma atmosfera – como disse Sheila Pires, secretária da Comissão de Informação, na coletiva de imprensa – que é “muito sinodal”: “as pessoas estão começando a se conhecer… Estamos realmente caminhando juntos”. Uma atmosfera, acima de tudo, de “alegria”, mesmo que, é claro, “não faltem tensões”.

O aspecto mais interessante, destacou a jovem sul-africana, é o fato de que pessoas de diferentes continentes se reúnem em cada grupo: “por exemplo, no meu grupo há pessoas da Ásia, África, América do Norte e Europa. Há diversidade, há um espírito fraterno, há um desejo de caminhar juntos”.

Inclusão e laços de amizade

Pires, assim como Ruffini, listou para os repórteres alguns dos temas que surgiram nessas duas últimas sessões, enfatizando em particular a reflexão sobre a “Igreja como uma família que acolhe a todos”. “Este”, disse ele, “tem sido um dos temas recorrentes”. Depois, também o ecumenismo e o diálogo inter-religioso, bem como o reconhecimento dos jovens e a importância da participação das mulheres.

A esse respeito, na manhã desta sexta (6), a Congregação foi aberta por uma religiosa: “tentamos ser o mais inclusivos possível”, enfatizou ela. Tudo faz parte desse “processo” no qual a “prioridade é ouvir”, como disse o Papa na abertura dos trabalhos. Escutar, mas também “aprender a escutar”, são os princípios orientadores destes primeiros dias do Sínodo sobre a sinodalidade, intercalados com vários momentos de oração: pausas – disse Sheila – que ajudam a reflexão e o discernimento.

E também para fortalecer os “laços de amizade”, ecoou Ruffini: “há amizades que nascem em círculos, nós nos reunimos e nos dedicamos a tentar entender o que a Igreja precisa”. “Foi dito que certamente houve e sempre haverá dificuldades, mas que muitas barreiras cairão porque o ponto de referência será a carne do Cristo sofredor”, acrescentou.

Temas discutidos

Ainda mais detalhadamente, o prefeito para a Comunicação explicou que em um Círculo houve um foco em “uma revisão das estruturas da Igreja, como o Código de Direito Canônico, a dimensão da Cúria e, novamente, a formação”. O foco também no tema da relação Leste-Oeste, citando João Paulo II e sua frase histórica sobre a Igreja ter que respirar com “dois pulmões”.

Quanto ao fenômeno da migração, foi reiterada a necessidade de acompanhamento dos migrantes e o serviço do bispo como pastor, “fundamental nesse acompanhamento”. Quanto ao papel das mulheres, mais uma vez foi enfatizada a importância de promover a figura feminina na Igreja e sua participação ativa nos vários processos. A mesma preocupação também foi dirigida aos jovens e aos pobres, para os quais se exortou a superar certa “lentidão”.

‘Reparar a Igreja’

Entre os vários discursos, houve também uma citação do Crucifixo de São Damião, cuja cópia está localizada no átrio da Sala Paulo VI. “Surgiu o tema da reparação da Igreja. O que repara é dizer: aqui estou, estou a serviço. Quem se coloca a serviço conserta a Igreja, serve ao diagnóstico e ao prognóstico e lê os sinais dos tempos com um coração puro”, explicou Ruffini.

Também foi enfatizada “a importância de nos despojarmos de tudo o que não se assemelha a Cristo, como Igreja e como crentes” e de tudo o que “não está de acordo com o Evangelho”. Em seguida, foi destacado “entre os pontos críticos” o risco de “um acúmulo de poder em vez da necessidade de viver o serviço”. Os membros do Sínodo concordaram que “a sinodalidade faz parte do DNA da Igreja” e toda a assembleia dirigiu um pensamento “àqueles que não puderam participar do Sínodo, seja porque foram perseguidos ou por causa de graves crises no mundo”.

Um pensamento pela Ucrânia

Acima de tudo, o pensamento foi para a “Igreja que sofre” na Ucrânia: “foi feita uma menção que despertou aplausos”, disse Ruffini, explicando que essa era uma maneira de “sentir-se em comunhão” com “as pessoas em guerra e com os cristãos ucranianos” que estão sofrendo continuamente.

Outra salva de palmas – mas por motivos diferentes – foi dedicada à irmã Letizia Salazar, que faz aniversário nesta sexta-feira (6), e ao arcebispo Charles Scicluna, no aniversário de sua ordenação episcopal. Gestos, esses também, que restauram o clima de “familiaridade” que está sendo criado na assembleia.

A entrevista do cardeal Müller

Várias perguntas foram feitas ao prefeito durante a coletiva de imprensa, mais do que uma sobre a participação do cardeal Gherard Ludwig Müller, prefeito emérito do Dicastério para a Doutrina da Fé, em um programa de TV norte-americano na quinta-feira (5) para falar sobre o trabalho sinodal. De acordo com alguns jornalistas, a entrevista entrou em conflito com a instrução do Papa aos membros do Sínodo de observar um “jejum da palavra pública” durante essas semanas.

Alguém também perguntou se estavam planejadas “punições”. Ruffini respondeu com uma piada: “por quem, por mim?”, e depois explicou que há “discernimento no silêncio. Não há nenhum gendarme que o castigue… É uma assembleia de irmãos e irmãs que se deram um tempo de suspensão. Há um discernimento pessoal solicitado pelo Papa aos membros e também a vocês, ao explicar sobre o que estamos falando”. E esse “discernimento é deixado a cargo de cada pessoa”.

Texto: Salvatore Cernuzio – Vatican News

Foto: Vatican Media

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