Coroação mariana na Basílica do Sagrado Coração de Jesus, em Conselheiro Lafaiete. Foto: Pascom da Basílica do Sagrado Coração de Jesus
Na fé católica, o mês de maio é dedicado à Virgem Mãe de Deus, a Maria Santíssima. Ao longo do mês, em muitas paróquias e comunidades, são realizados ofícios piedosos dedicados à Nossa Senhora, como as coroações.
No encerramento do mês mariano, nesta sexta-feira, 31 de maio, compartilhamos um artigo do Padre Paulo Dionê Quintão sobre as coroações e as origens dessa tradição na Arquidiocese de Mariana.
Confira:
O sétimo Bispo de Mariana, Venerável Dom Antônio Ferreira Viçoso (1844–1875), que empresta seu nome a Viçosa, Cidade Universitária, trouxe para nossa Arquidiocese a prática das coroações de Nossa Senhora. Em nossas comunidades, a cada ano, temos um espetáculo bem característico nesta época: crianças revestidas de longas túnicas dão uma leveza especial aos ares do corrido dia a dia… Suas asas nos fazem voar ao infinito de tantas recordações… Afinal, maio é mesmo assim, uma mistura de festa e alegria, canções, flores e doces, sinos.
Seria superficial ou até errada esta prática? Parece-me que não. Ou, pelo menos, tem tudo para não ser. Certamente há deficiências e equívocos que merecem reparos. Em geral, as iniciativas humanas muitas vezes, ao longo dos tempos, podem se esvaziar de seu verdadeiro sentido.
Como resgatar o sentido das coroações? Mais do que dar respostas, prefiro continuar perguntando. Contudo, temos alguns sinais que pontuam a construção da clareza do sentido das coroações: trata-se de um mel que atrai ao seio da comunidade quem dela se afastou ou pouco participa. É notória esta realidade que ficou ainda mais perceptível com a travessia do deserto, provocado recente e terrível pandemia que, além de tirar prematuramente de nosso convívio tantas pessoas, ainda nos confinou no interior de nossas casas.
Pode ser, neste caso, o pai ou a própria mãe que, trazendo a filha, acabam se beneficiando, sobretudo se a celebração for bem-preparada. O convívio, principalmente das mães e das meninas, com os animadores do evento e demais membros da comunidade, costuma reaproximar as pessoas. Destaque merece ainda a catequese feita através das encenações, cânticos, orações, etc. Outra motivação interessante é que afervora a vida da comunidade, abrindo as portas do templo mais vezes, trazendo o povo para o encontro fraterno, alimentando a fé.
As coroações são sempre precedidas de uma celebração, oportunidade em que nos alimentamos na Mesa da Palavra e da Eucaristia. Tudo isto é intensificado pela criatividade que sempre complementa o gesto central da coroação e valoriza os sinais, em especial, a Imagem representando Maria Santíssima, sobre a qual é depositada a coroa de flores simbolizando a vida pessoal e comunitária.
Além disso, é sempre válido apresentar algum gesto concreto, solidário para com os mais necessitados, pois são igualmente filhos amados da Mãe e Rainha. Oportunidade para ir além das encenações. Redescobrir e aprofundar o lugar de Deus e de Maria Santíssima em nossa vida. Reinam mesmo? Correlacionado a este, vem o segundo: o aprendizado diário, substituindo o distanciamento social ou a dependência dos elos virtuais pela vivência comunitária. Formação na ação.
Certamente para estas famílias que desejam crescer no amor ao próximo, começando pelos mais enfraquecidos, Jesus vai dizer: “Venham vocês, que são abençoados por meu Pai. Recebam como herança o Reino que meu Pai lhes preparou desde a criação do mundo. Pois eu estava com fome, e vocês me deram de comer; eu estava com sede, e me deram de beber; eu era estrangeiro, e me receberam em sua casa; eu estava sem roupa, e me vestiram; eu estava doente, e cuidaram de mim; eu estava na prisão, e vocês foram me visitar” (Mt 25, 34-36).
A coroa nem é tanto aquela feita de flores. É simplesmente simbólico e sugestivo. Homenagear a Mãe do Céu, cuidando de seus filhos e filhas mais desamparados. As crianças, em sua pureza, nos dão o exemplo para que sejam coroações no templo e na vida.
O Grupo Musical “Vida Reluz”, com sua inspirada canção “Perfeito é Quem Te criou”, nos leva a alçar voos tão altos, capazes de fazer ecoar aos quatro cantos do mundo: “Se o Criador Te coroou, Te coroamos, ó Mãe!”.
Se um dia um anjo declarou
Que tu eras cheia de DeusAgora penso: Quem sou euPara não te dizer tambémCheia de graça, ó MãeCheia de graça, ó MãeAgraciada
Se a palavra ensinouQue todos hão de concordarE as gerações te proclamarAgora eu também direi
Tu és bendita, ó MãeTu és bendita, ó MãeBem-aventurada
Surgiu um grande sinal no céuUma mulher revestida de solA lua debaixo de seus pésE na cabeça uma coroa
Não há com que se compararPerfeito é quem te criouSe o Criador te coroou
Te coroamos, ó MãeTe coroamos, ó MãeTe coroamos, ó MãeNossa Rainha
Te coroamos, ó MãeTe coroamos, ó MãeTe coroamos, ó MãeNossa Rainha
Te coroamos, ó MãeTe coroamos, ó MãeTe coroamos, ó MãeNossa Rainha
Te coroamos, ó MãeTe coroamos, ó MãeTe coroamos, ó MãeNossa Rainha
Te coroamos, ó MãeTe coroamos, ó MãeTe coroamos, ó MãeNossa Rainha
Texto: Padre Paulo Dionê Quintão – Pároco de Santa Rita de Cássia, em Viçosa (MG)