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Fala de Dom Geraldo na abertura do VI Fórum Social pela Vida

28 de outubro de 2016 Arquidiocese

Na abertura oficial do 6º Fórum Social pela Vida, em Conselheiro Lafaiete, nessa quinta-feira (27), o arcebispo de Mariana, Dom Geraldo Lyrio Rocha dirigiu a seguinte mensagem:

No marco do 10° aniversário de falecimento do querido e inesquecível Dom Luciano Mendes de Almeida, declaro oficialmente aberto o VI Fórum Social pela Vida, que retoma o tema da Campanha da Fraternidade deste ano CUIDAR DA CASA COMUM, NOSSA MISSÃO e o lema POR UMA ECONOMIA E POR UMA POLÍTICA A SERVIÇO DA VIDA.

Sob a inspiração profética do Servo de Deus Dom Luciano, a Arquidiocese de Mariana tem realizado a cada três anos o Fórum Social pela Vida. Não podemos deixar que essa chama se apague, pois, como tive oportunidade de dizer, essa iniciativa “tem-nos ajudado a enxergar melhor nossa realidade social, política, econômica e cultural. Daí têm surgido novas iniciativas em vista da transformação da sociedade, à luz da Palavra de Deus e dos ensinamentos do Magistério da Igreja, especialmente no fortalecimento das pastorais sociais, na busca do pleno exercício da cidadania e na luta por vida digna para todos”.

Os dois primeiros fóruns, que contaram com a inesquecível presença de Dom Luciano, e os outros que se seguiram atestam o desejo de sermos uma Igreja a serviço da vida. O primeiro fórum, realizado em Ouro Branco (na Região Oeste), em 2001, tinha como tema A FÉ SEM OBRAS É MORTA (Tg 2,17) e se construiu ao redor de dois eixos: Agressões à Vida e Resistências pela Vida. O segundo, com o tema FOME E SEDE DE JUSTIÇA, realizado em Ouro Preto (na Região Norte), em 2014, sublinhou o combate à miséria e à fome e a defesa do meio ambiente. O terceiro, com o tema VIDA E DIGNINDADE: NOSSA MISSÃO NESTE CHÃO, realizou-se em Barbacena (na Região Sul), em 20017, e teve como eixo “o cuidado com a vida em todas as suas manifestações”. O quarto, em Ponte Nova (na região Leste), no ano de 2010, teve como tema ECONOMIA E ECOLOGIA A SERVIÇO DA VIDA e aprofundou a reflexão em torno da tríade a serviço da vida: economia, ecologia e poder popular. O quinto, realizado em Piranga (na Região Centro), refletiu sobre o tema POR UM ESTADO DO BEM VIVER e o lema “em nossa organização a força da transformação”.

Tendo percorrido as cinco regiões pastorais de nossa Arquidiocese, chegamos novamente à Região Oeste e aqui em Conselheiro Lafaiete nos encontramos para realizar o VI Fórum Social pela Vida. As motivações são as mesmas que marcaram os fóruns anteriores; os desafios são mais ou menos os mesmos (talvez maiores); mas a esperança se renova no encontro com os irmãos e irmãs que lutam a favor da vida. Em nós cristãos, não pode haver lugar para o desânimo, por maiores que sejam as dificuldades do caminho.

Benvindos, benvindas, irmãos e irmãs participantes deste fórum. Nossos agradecimentos ao Colégio Nossa Senhora de Nazaré que aqui nos acolhe; às Paróquias e aos seus respectivos párocos pelo empenho na preparação;  às famílias que abriram suas portas para receber os delegados que aqui vieram;  aos Vigários Episcopais, bem como à Região Pastoral Oeste, por todo suporte que têm dado a essa iniciativa de nossa Arquidiocese; à Coordenação Arquidiocesana de Pastoral e à Coordenação da Dimensão sociopolítica pelo empenho na preparação e condução desse importante evento; aos assessores que vêm nos ajudar na realização dos trabalhos programados; enfim, a todas as pessoas que, muitas vezes no anonimato, se empenham para que este VI Fórum Social pela Vida possa se realizar.

Neste fórum, que tem como tema CUIDAR DA CASA COMUM, NOSSA MISSÃO e o lema POR UMA ECONOMIA E POR UMA POLÍTICA A SERVIÇO DA VIDA, somos iluminados pelos ensinamentos do Papa Francisco especialmente em sua Encíclica Laudato Si. Relembro aqui suas palavras no discurso aos participantes do II ENCONTRO MUNDIAL DOS MOVIMENTOS POPULARES, em Santa Cruz de la Sierra (Bolívia), aos 09 de julho de 2015: “talvez a tarefa  mais importante que devemos assumir hoje, seja defender a Mãe Terra. A casa comum de todos nós está sendo saqueada, devastada, vexada impunemente. A covardia em não a defender é um pecado grave. Vemos, com crescente decepção, sucederem-se uma após outra as reuniões internacionais sem qualquer resultado importante. Existe um claro, definitivo e inadiável imperativo ético de atuar que não está sendo cumprido. Não se pode permitir que certos interesses – que são globais, mas não universais – se imponham, submetendo Estados e organismos internacionais, e continuem a destruir a criação. Os povos e os seus movimentos são chamados a clamar, mobilizar-se, exigir – pacífica mas tenazmente – a adoção urgente de medidas apropriadas. Peço-vos, em nome de Deus, que defendais a Mãe Terra”.

E o Papa Francisco conclui: “quero dizer-lhes novamente: O futuro da humanidade não está unicamente nas mãos dos grandes dirigentes, das grandes potências e das elites. Está fundamentalmente nas mãos dos povos; na sua capacidade de se organizarem e também nas mãos de vocês que conduzem, com humildade e convicção, este processo de mudança. Estou com vocês. Repitamos a nós mesmos do fundo do coração: nenhuma família sem teto, nenhum camponês sem terra, nenhum trabalhador sem trabalho e sem direitos, nenhum povo sem soberania, nenhuma pessoa sem dignidade, nenhuma criança sem infância, nenhum jovem sem possibilidades, nenhum idoso sem uma respeitável velhice. Continuem com a sua luta e, por favor, cuidem bem da Mãe Terra”.