quarta-feira

, 08 de janeiro de 2025

Tempo do Natal

06 de janeiro de 2025 Arquidiocese

A História da Salvação tem seu ponto fulcral e seu significado supremo em Jesus Cristo. N’Ele, todos recebemos “graça sobre graça” (Jo 1,16), alcançando ser reconciliados com o Pai (Rm 5,10; 2Cor 5,18). Daí surge o cântico de louvor: “Bendito seja o Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo que, do alto dos Céus, nos abençoou com toda a espécie de bênçãos espirituais em Cristo” (Ef 1,3s). Este Kairós é estendido pela sagrada Liturgia no ciclo denominado Tempo do Natal, celebrado em cinco Solenidades.

1ª – Solenidade do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo

Trata-se da solidariedade divina inspiradora para a solidariedade humana. Um apelo a que abramos de par em par as portas do coração para que por elas entrem os raios luminosos do Sol da Salvação: “Conselheiro Maravilhoso”, “Deus Forte”, “Pai para sempre”, “Príncipe da Paz” (Is 9, 1- 6). Natal é a festa do Mistério da Encarnação do Verbo Divino. Afinal, o Senhor vem ao encontro da humanidade inteira. Glória a Deus nos céus e paz na terra aos homens de boa vontade”, proclamam os anjos e santos.

2ª – Solenidade da Sagrada Família

Para acontecer o maior gesto solidário de toda a História, que culmina com a oferta de Jesus no Calvário pela salvação da humanidade, é que ocorreu o ponto de partida no Mistério de Sua Encarnação do Verbo Divino no seio de uma Família. Para realçar este fato soteriológico, a Igreja celebra em sua rica liturgia o lugar teológico da Família Sagrada de Nazaré.

3ª – Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus

 Não adianta festejar a alegria do Senhor que vem até nós, se estivermos com o coração fechado na acomodação, no preconceito, na arrogância, como se fôssemos donos da verdade, incapazes de dialogar, aprender, perdoar e pedir perdão. Somos convidados a nos abrir ao diálogo com o diferente. Esta postura encontra seu exemplo fulcral na mais perfeita discípula de Jesus, enaltecida em seu mais alto título: Teotókos.

4ª – Solenidade da Epifania do Senhor

O Natal nos faz viver uma profunda experiência de Deus. Seu amor abrange todo o nosso ser, nos preenche e nos concede vida plena. Uma epifania que nos faz peregrinos de nós mesmos para hospedar o próximo em noss’alma. Aí sim, é possível formar comunidade fraterna. Com nossas lâmpadas acesas, junto a tantas outras chamas que crepitam, vamos ao encontro da pessoa humana que estiver ferida em sua dignidade, para resgatá-la com ações concretas. Tornamo-nos, deste modo, Epifania do Senhor na vida das pessoas.

5ª – Solenidade do Batismo do Senhor

O natal não é apenas uma época, pois se estabeleceu na história. Sua luz esparge o clarão que alumia o ano inteiro e a vida toda. Trata-se de uma revelação clara, pois em Jesus o divino e o humano trilham o mesmo caminho. Só a Sua divindade seria capaz de fazer com que Ele assumisse características tão humanas quanto as que foram apresentadas na manjedoura. Uma criança frágil assumiu as condições de portadora do resgate da humanidade. Jesus torna-se o parceiro que veio incluir os empurrados para fora do banquete da vida. “Este é o meu Filho amado, em quem encontro toda a minha alegria. Escutem o que Ele orienta” (Mt 3,17).

Para preencher de sentido pleno o vazio protagonizado pelo secularismo que ilude, desejando excluir Deus da sociedade, surge o Natal. Jesus Cristo, que aceitou inserir-se na história da humanidade, restaura a alegria em toda a obra da criação.

Padre Paulo Dionê Quintão
Pároco de Santa Rita de Cássia, em Viçosa – MG

Fotografia: Menino Jesus – Vatican Media Divisione Foto