Bandeirantes, outrora São Sebastião do Ribeirão do Carmo, situa-se cerca de dez quilômetros da cidade de Mariana. Sua ocupação se deu com o sertanista Sebastião Fagundes Varela nos inícios do século XVIII, baseada na extração aurífera.
Nesse povoado foram erigidas as seguintes igrejas: São Sebastião, que se torna sede de freguesia de instituição episcopal, elevada à categoria de igreja colativa em 16 de fevereiro de 1724, a ‘Capela do Rosário dos Pretos’, bem como a capelinha de Santa Teresa.
Passado o período venturoso da mineração, o distrito entra em decadência econômica, a ponto do excelentíssimo Bispo Dom Frei José da Santíssima Trindade, em sua visita pastoral de 1823, considerar que as capelas citadas eram “muito pobres”, sem riqueza alguma, porém os seus ornamentos eram muito limpos. Vê-se nessa observação um elogio indireto ao zelo, reverência e amor ao sagrado dos devotos locais.
Investigando detidamente sobre a Capela dedicada a Santa Teresa, estima-se que tenha sido construída na primeira década dos setecentos, e seu patrimônio instituído pelo português Pedro Rosa de Abreu, natural do Alentejo – região localizada no sudeste de Portugal. Ele foi um benfeitor bastante rico e devoto da abadessa carmelita.
A título de curiosidade, naquele período era exigido um patrimônio para garantir a manutenção da capela, envolvendo o terreno e algum recurso financeiro para suprir as despesas com o culto.
A Capela de Santa Teresa tem planta retangular, típica das primeiras capelas da região, e apresenta altar-mor do barroco inicial com arquevoltas concêntricas de grande valor histórico e artístico.
Conforta bastante ao devoto poder entrar no recinto sagrado em qualquer hora para travar uma conversação ou um aconselhamento com a devoção de sua afeição. Contudo, no mundo contemporâneo a manutenção de uma capelinha ou igreja matriz sem o acompanhamento de um zelador se torna cada vez mais complexa, pois o mundo contemporâneo está cada vez mais sombrio e distante dos valores interiores.
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Artigo escrito pelos pesquisadores e historiadores Adalgisa Arantes Campos e Leandro Gonçalves de Rezende
Fotos: Paulo César Gouvêa
Referências bibliográficas:
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