A Arquidiocese de Mariana se rejubila com o legado deixado por seu querido filho: MONSENHOR JOAQUIM DA SILVA GUIMARÃES que, em pleno Ano Santo da Redenção convida-nos, como Peregrinos da Esperança, a trazer à tona o rastro luminoso de uma inteligência fulgurante, ao celebrarmos o Centenário de seu Nascimento. Era o dia 16 de janeiro de 1925, quando em Viçosa, nascia aquele que se tornara um exemplo de Sacerdote. Partiu para a Casa do Pai aos 11 de novembro de 2019, em pleno Jubileu Sacerdotal de Vinho. Afinal, foram 70 anos de um profícuo binômio de um Ministério aliado ao Magistério.
Discípulo missionário do Sumo e Eterno Sacerdote, incansável apóstolo da Igreja de Cristo, Monsenhor Guimarães nos encantou com um longevo e edificante pastoreio na Messe do Senhor. Exímio mestre que se distingue pela pedagogia da presença, participando da vida do povo de modo intenso, cultivando perseverantes amizades. Configurado a Cristo Sacerdote, personificou o Bom Pastor para todos nós.
A união hipostática permitiu a Jesus ter Sua Pessoa revestida de duas naturezas: divina e humana. Esta deu-lhe a possibilidade de ser Sacerdote: dom e oferta apresentados a Deus. A natureza divina proporcionou caracteres infinitos à oferenda. Este foi o jeito que Deus descobriu para dar totalidade ao gesto a Ele oferecido. Qualquer oferta humana, mais generosa que fosse, seria incompleta, seja quanto à adoração, súplica, reparação, ou ao louvor. Em Jesus Cristo, reúne-se a humanidade inteira em perfeita oferenda ao Pai, pela força do Espírito Santo.
Sustentado pelo Espírito Santo, Jesus cumpre o projeto que o Pai lhe confiara. Antes, porém, de seu retorno com a ascensão, Ele institui o sacramento do amor: a Eucaristia. A nova e eterna Aliança é o acontecimento simbólico, (no sentido de reunir tudo), de toda a missão do Verbo encarnado na história. Trata-se do propósito Divino de “reunir todos em Cristo”. Na última Ceia e primeira Missa que Jesus ofereceu, reúnem-se Sua vida e morte. Gesto de amor, manifestando a expressão do amor de Deus.
Jesus, que esgotou a totalidade da Salvação em sua vida, paixão, morte e ressurreição, deu dinamicidade ao que, na verdade, é ininterrupto; a Redenção não cessa seus efeitos. Em cada pessoa, em toda a história, Ele quer reatualizar sua missão salvífica. Aqui nasce o ministério Sacerdotal.
Ser Padre é, pois, agir in persona Christi, sendo orientado (=ordenado) por Ele para Lavar os Pés da Humanidade, ou seja, prestar-lhe o serviço da salvação. Ser Padre é entregar a vida para Jesus e, com Ele, n’Ele e por Ele, tornar-se oferta gratuita à humanidade.
Ser feliz por ser Padre não depende de prestígio popular, muito menos de status quo. Não se vincula a êxitos administrativos, sociais ou políticos; nem mesmo ao sucesso externo das ações pastorais. Depende, isto sim, de ser um com Jesus Cristo. Este último fundamento favorece a abertura à ação da graça sacramental, onde Deus age através da natureza humana e possibilita a eficácia da missão do Sacerdote como: ALTER CHRISTUS. Sendo, pois, um OUTRO CRISTO, nenhum encargo, dentro ou fora da instituição eclesiástica, ultrapassa ou sequer alcança tamanha honra e igual responsabilidade.
Monsenhor Guimarães viveu mergulhado profundamente neste mistério de nossa fé. Consagrando sua vida a Cristo Sacerdote, cingiu-se com a toalha da caridade e, como servidor da missão salvífica, expressa a ternura de Deus para conosco.
Nesta Memória do Monsenhor Guimarães, que conservou até o fim acesa a chama do zelo sacerdotal, podemos recordar o que, há duzentos anos, São João Maria Batista Vianney, o Cura D’Ars, disse ao pastorzinho, na estrada em direção à sua Paróquia: você pode me apontar o caminho para Ars? Com prontidão, naquela encruzilhada de 1818, onde a neblina, até para os pedestres ofuscava a direção a seguir, o garoto disse: “É por aqui! ”, indicando a estrada correta. Em seguida, pôde ouvir daquele Padre que seguia a pé para pastorear seu novo Rebanho: “Você me mostrou o caminho para Ars, e eu vou mostrar-lhe o caminho para o Céu”. Podemos assegurar que este é o testemunho que recebemos neste CENTENÁRIO DO MONSENHOR JOAQUIM.
Padre Paulo Dionê Quintão
Pároco de Santa Rita de Cássia, em Viçosa – MG