Em memória ao um ano do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, o coletivo “Um Minuto de Sirene” realizou, na Praça Gomes Freire, uma intervenção com os atingidos para lembrar a tragédia. Ao soar da sirene, marca do movimento, cartazes pedindo por “justiça”, “respostas” e “não ao S4” tomaram conta do espaço no dia 5 de novembro.
A oportunidade contou com a presença de membros do jornal “A Sirene” que divulgaram a nova edição do veículo. Com o objetivo de criar uma narrativa que contrapusesse as falas da empresa Samarco, o jornal é uma produção dos atingidos e é uma das principais estratégias de comunicação entre as pessoas que foram afetadas pela lama, além de fazer um resgate da memória coletiva das comunidades atingidas.
Para Ana Elisa Novais, uma das idealizadoras do coletivo, é muito importante as discussões que são feitas no jornal, como as questões patrimoniais e o calendário de reuniões entre a Samarco e as comissões de atingidos. “Ninguém escolhe ser um atingido, mas somos. Mesmo derrotados, cansados, com medo e com poucas alternativas, não podemos perder a nossa vontade de nos reconstruir. Essa tragédia deve ser um ponto de virada para uma nova mentalidade, não precisamos de mais exemplos como esse no Brasil, não precisamos de mais atingidos. Espero que os próximos anos sejam mais positivos”, ressaltou.
Na praça, o microfone ficou aberto para que todos pudessem expor os seus pensamentos e opiniões. Muitas pessoas falaram sobre preconceitos, a volta da Samarco, o fechamento do colégio Arquidiocesano, entre outros pontos relacionados à tragédia. Lucimar Muniz no seu momento de fala, reforçou a opinião dos atingidos sobre a construção do dique S4 proposto pela mineradora Samarco onde parte de Bento Rodrigues será alagada. “O S4 está paralisado. A Samarco que acabou com a vida de muitas pessoas, inclusive com a minha, tem 48h para se defender. É a hora para que todos, atingidos como eu ou que defendem a nossa causa, rezem e orem para que os juízes não aceitem as explicações da empresa. Eu confio em Deus e a gente não sobreviveu à essa tragédia por acaso, Deus tem um propósito para a gente”, disse a moradora de Bento Rodrigues Mônica Santos sobre o dique.
A intervenção terminou com a apresentação do teatro de marionetes da Cia. Navegante – Ateliê Catin Nardi que emocionou o público com o espetáculo feito especialmente para um ano no rompimento da barragem. Na praça ainda foram projetados vídeos e imagens sobre as comunidades afetadas com o objetivo de fortalecer a memória e não deixar que acontecimento seja esquecido.