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“A Igreja sempre esteve ao lado do trabalhador”, afirma padre Marcelo sobre a Romaria dos Trabalhadores

27 de abril de 2017 Arquidiocese

A Arquidiocese de Mariana promove no dia 1º de maio a XXVII Romaria dos Trabalhadores e Trabalhadoras. Realizada na cidade de Urucânia, na Região Pastoral Mariana Leste, a caminhada tem como tema “Trabalhadores e trabalhadoras em defesa da vida” e lema “Organizar o povo para salva o Brasil”.

O coordenador da Dimensão Sociopolítica, padre Marcelo Santiago, concedeu uma entrevista falando sobre a Romaria, sua temática e a realidade da Arquidiocese.

Confira a entrevista:

A Romaria deste ano faz um convite para defesa da vida, assim como a Campanha da Fraternidade que tem como tema “Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida”. Qual a importância de pensar sobre essa temática?

Padre Marcelo: Jesus veio para que todos tenham vida e vida em plenitude. O evangelho que ele anuncia é o evangelho da vida. A fé nos colocar a serviço da vida e da esperança. Em tempos de grande violência, de perda de direitos e de agressão à natureza, nada mais atual que assumirmos juntos, à luz da fé, o compromisso cidadão com a vida em todas as suas expressões e dimensões, a vida humana e a vida no planeta.

O lema deste ano é “Organizar o povo para salvar o Brasil”. Qual a reflexão esse lema propõem diante da atual conjuntura política e social do país?

Padre Marcelo: O país vive um caos social, econômico e ético. Não podemos desanimar ou mesmo pensar que a solução vem tão só de nossos representantes políticos ou dos que detém os rumos da economia. Não. Ela é corresponsabilidade de todos. Não podemos aceitar este desmonte do Estado brasileiro; a corrupção endêmica, instalada em nosso país; não podemos aceitar a perda de direitos em privilégio da economia. Temos que nos organizar e exigir nossos direitos, defender o povo em suas aspirações, dignidade e anseios, a começar dos mais empobrecidos.

Qual a importância de promover, entre o povo cristão, a reflexão sobre um tema de relevância social no dia dos trabalhadores?

Padre Marcelo: A Igreja sempre esteve ao lado do trabalhador, contra a sua exploração e escravização diante do capital. Agir de outro modo, é trair os ensinamentos do evangelho, é fechar-se ao horizonte de seguir Jesus, como seus discípulos e missionários. Queremos nos unir às lutas dos nossos trabalhadores e trabalhadoras, sobretudo diante da precarização das relações de trabalho no Brasil e das reformas do governo Temer que se contrapõem às conquistas sociais em favor do mercado. É injusto pensar o crescimento econômico sem que se promova o desenvolvimento social.

Pensando na realidade da Arquidiocese de Mariana. Qual o papel da romaria para os trabalhadores e trabalhadoras desta Igreja particular?

Padre Marcelo: Ela é mais uma expressão do nosso compromisso com a dimensão social da evangelização, em fazer de nossa Igreja, nossa arquidiocese, uma Igreja, que nos gestos concretos, agindo em sociedade, revele o seu compromisso em ser uma Igreja servidora da vida e que, à luz da fé, assume o seu compromisso com a vida do povo que lhe é confiado, a partir dos pequenos e mais necessitados. Angustia-nos o desemprego, a perda de direitos trabalhistas, as várias formas de escravização do trabalhador e da trabalhadora.

Há quantos anos a Romaria dos Trabalhadores e Trabalhadoras é realizada em Mariana?

Padre Marcelo: São vinte e sete anos de sua realização em nossa arquidiocese. Ela teve início na Forania de Ponte Nova, depois envolvendo a região leste; cresceu, a seguir, sendo assumida pela Arquidiocese de Mariana; foi, há um tempo, itinerante e, nos últimos anos, voltou a se realizar em Urucânia. Para frente, o Conselho Arquidiocesano de Pastoral, a dimensão sociopolítica e os grupos eclesiais e sociais que coordenam a Romaria vão discutir os próximos passos, como a respeito da sua itinerância ou não e das estratégias em sua preparação.

Gostaria de acrescentar mais algum comentário sobre a Romaria?

Padre Marcelo: Além do evento em si, a romaria, em sua construção, é um espaço de partilha, de formação crítica e popular e de iniciativas pontuais que mobilizam as comunidades no compromisso permanente com a vida e a cidadania. Ela alimenta nossas lutas e nossas esperanças, é gesto concreto de páscoa. Nesse ano, refletimos especialmente sobre a perda de direitos do trabalhador e da trabalhadora; sobre os impactos ambientais e o fórum permanente da Bacia do Rio Doce e sobre a necessidade da mobilização popular. Você é nosso convidado. Venha participar conosco, no dia 1º de abril, em Urucânia. Esperamos por você!