Amigos, irmãos e irmãs de nossas comunidades,
Saudações muito fraternas!
A Arquidiocese de Mariana, a partir da sua dimensão sociopolítica, faz realizar, na cidade de Urucânia, no dia 1º de maio, sua XXVII Romaria dos Trabalhadores e Trabalhadoras. Com esta iniciativa, ela reafirma seu compromisso com a vida humana e a vida no planeta, em todas as suas expressões e dimensões, a começar dos mais empobrecidos e excluídos.
À luz do tema proposto para esta Romaria: “Trabalhadores e Trabalhadoras em defesa da vida. Organizar o povo para salvar o Brasil”, unimo-nos à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a Entidades, Igrejas, Sindicatos, Categorias Profissionais, Grupos Populares e Movimentos Sociais para manifestar nosso repúdio às reformas em curso no país, e de modo especial, as reformas trabalhista e previdenciária.
Tais reformas precarizam as relações de trabalho, corta direitos e conquistas asseguradas pela constituição Federal, amplia as desigualdades sociais, trazendo um impacto devastador, de caos social, injustiça, exclusão e violência, na vida do povo brasileiro e de nossos municípios.
O trabalho e a seguridade social não podem ser vistos tão só pela ótica econômica, do sistema neoliberal. Deve-se ter em conta o primado da vida e a prioridade do trabalho sobre o capital e a dignidade do ser humano e a promoção do bem comum acima dos interesses de ordem econômica e financeira.
Um caminho outro, que não este, segue em contradição com o evangelho da vida que Jesus nos confiou a anunciar e a testemunhar para que todos tenham vida e vida em abundância (Jo 10,10). Reafirmamos nossa crença de que o crescimento econômico só é autêntico se acompanhado de verdadeiro desenvolvimento social.
Os números apresentados pelo governo, justificando tais reformas, são questionados por entidades que dizem tratar-se de informações inseguras, desencontradas e contraditórias, que mais parecem “iludir” a boa fé do povo e favorecer fortes grupos econômicos nacionais e internacionais, que buscar alternativas viáveis que tragam condições justas para o bom ordenamento da vida no Brasil, em bem de todos, sobretudo da população mais sacrificada.
Saudamos as manifestações em todo país, apresentando, democraticamente, indignação e insatisfação diante de um governo e de um Congresso Federal onde, sobre muitos, pesam denúncias de escândalos, desmandos e corrupções e onde, infelizmente, uma maioria se mostra surda aos clamores e apelos do povo, insensível às suas angústias pela perda de direitos e encolhimento de políticas públicas, urgentes para superação das desigualdades sociais e construção da sociedade justa e fraterna.
Conclamamos os grupos eclesiais e as comunidades:
Vivemos com vocês, irmãos e irmãs das comunidades da Arquidiocese de Mariana, impossibilitados de irem a Urucânia, neste final de semana que antecede a romaria, uma comunhão de orações que alimenta nossas iniciativas, à luz da fé, em favor do Brasil e do povo brasileiro e que fortalece nossas lutas na construção permanente da sociedade justa e fraterna, sinal histórico da presença do Reino de Deus entre nós.
Não percam a esperança e a utopia, vocês são profetas da esperança… São os que podem construir a civilização do amor (Papa Francisco, aos jovens do Brasil).
Sigamos em frente, sem desanimar, por dias de mais justiça e paz, celebrando a Páscoa do Senhor em gestos concretos de vida para todo povo. Nenhum direito a menos!
Dimensão sociopolítica
Arquidiocese de Mariana