terça-feira

, 13 de maio de 2025

Caminhada “Nos Passos de Dom Viçoso” celebrará trajeto do sétimo Bispo de Mariana

12 de maio de 2025 Arquidiocese

Na data em que se completará 238 anos do aniversário natalício de Dom Antônio Vicente Ferreira Viçoso, a Arquidiocese de Mariana e a Secretaria Municipal de Patrimônio Cultural e Turismo de Mariana (MG) realizará a caminhada de observação “Nos Passos de Dom Viçoso”.  Com início no Santuário do Caraça, o trajeto de fé, história e pertencimento conectará Mariana a cidades irmãs entre os dias 13 e 16 de maio.

O percurso será realizado em quatro etapas, somando-se aproximadamente 88 quilômetros, e passará por pontos históricos, trilhas e comunidades rurais, em um projeto que une cultura, espiritualidade e desenvolvimento territorial.

Este será um momento estratégico para observar o percurso, mapear necessidades e colaborar com a estruturação do futuro Caminho Religioso, em articulação com os municípios vizinhos e instituições como Fundação de Arte de Ouro Preto (Faop), Sebrae e Secretaria de Estado da Cultura.

Clique aqui e confira todas as informações e a programação na íntegra.

Dom Viçoso e o Caraça

Por ocasião do 238º aniversário natalício, comemorado nesta terça-feira, 13 de maio, convidamos aos prezados leitores a conhecerem mais sobre a relação de Dom Viçoso e o Caraça, através do capítulo XI “Missões e Colégio”, retirado da obra “Dom Viçoso Apóstolo de Minas”, escrito por D. Belchior J. da Silva Neto.

No período revelado abaixo o então Padre Viçoso, na companhia do Padre José Matias e Padre Leandro, foram enviados em missão ao Santuário Nossa Senhora Mãe dos Homens, na Serra do Caraça, hoje pertencente a cidade de Catas Altas (MG). Leia abaixo:

Capítulo XI – Missões e Colégio

Na manhã iluminada de abril, em frente à Ermida de Nossa Senhora Mãe dos Homens, os três missionários trocavam suas impressões. Haviam marginado o Rio do Caraça, contemplaram o Calvário, a estrada que se perdia ao longe e, agora, olhavam de frente a monumental construção do Irmão Lourenço. Estava ali qualquer coisa de genial e espantoso, que urgia transformar em juros largos para a Igreja e o país.

— Podemos ter aqui um grande educandário, iniciou o Mestre Padre Leandro.

— Afastado do mundo, protegido pelas bênçãos de Maria, completou o Padre José Matias, quantos jovens poderemos formar aqui, para Minas Gerais e para o Brasil?

— Podemos ter um Ginásio e, também, por que não? Uma Escola Apostólica, como a Escola dos Carmelitas em Portugal, acrescentou o Padre Viçoso.

E veja, Padre Superior, basta-nos começar com um grupo de alunos e V. Revma. verá como todo o Brasil voltará os olhos para o Santuário da Sra. Mãe dos Homens.

Padre Leandro encarou os dois missionários.

Mas afinal, quem assumirá a direção dos Estudos e a disciplina do Colégio?

— Eis-me pronto, Padre Superior. V. Revma, pode mandar, disse o Padre Viçoso.

— Muito bem! Estou a ver pelo país afora os varões sábios e cultos, que sairão do Colégio do Caraça.

— Padre Superior, daqui poderão sair, na verdade, muitos homens de valor. Sairão bacharéis e juristas, sairão sacerdotes e missionários e… até Bispos para a Santa Igreja, quem sabe?

Passaram-se os dias. A ideia latejava no coração dos valentes ministros de Deus. Por que não realizá-la? Uma tarde, visita amiga chegava ao Caraça. Era o Vigário de Catas Altas, acompanhado do Guarda-Mor Inocêncio. Vinham matar saudades, mas vinham sobretudo trazer aos Padres importante convite: pregar missões em Catas Altas.

Veio à baila o assunto do futuro Ginásio, mas, afinal, o que vencia era a máxima evangélica de São Vicente: “Evangelizare Pauperibus!” Precisamos evangelizar os pobres. E voltou-se para o Padre Viçoso:

— Comecemos pelas Santas Missões, meu Padre. Se for da vontade de Deus, o Ginásio ou o Colégio virão depois.

Em princípios do mês seguinte, lá estavam os missionários a pregar a palavra de Deus no Arraial de Catas Altas, início de tantas missões que se haviam de espalhar pelo sertão mineiro. E foram dias de penitência e salvação, onde muitos pecadores regressaram à fé em Cristo, onde se ensinou o Catecismo às crianças e adultos, se reorganizaram associações religiosas e se regularizou muita vida matrimonial. Todo o povo dos arredores invadiu o arraial numa sede ardente de ouvir os missionários, pedir-lhes a bênção, confessar os pecados e participar da Santa Comunhão.

Eram dias de riqueza das graças de Deus. Tão impressionado ficou o Padre Mestre com o feliz êxito das missões que estendeu as pregações até o fim do mês. A despedida foi um protesto geral da multidão que chorava, agradecida, inclusive o próprio Vigário, insistindo pela maior permanência entre aquelas boas famílias.

De Catas Altas, seguiram os missionários para Barbacena. Ai o trabalho foi ainda maior, pois a fama dos homens de Deus já se estendia ao longe, convocando a turba imensa dos fiéis. De manhã à noite, era o trabalho insano das confissões sacramentais, das reuniões catequéticas e das pregações dos Santos Evangelhos.

Um mês de Missões em Barbacena. Estava bem iniciada a vida missionária no Brasil. Antes, porém, do término dos trabalhos, os missionários se reuniram para reatarem o assunto do futuro Colégio do Caraça, pois a messe era, na verdade, desmesuradamente grande e os operários eram pouquíssimos. Urgia aproveitar o Caraça para o futuro da Fé e da civilização no Brasil.

De Barbacena, Pe. Leandro partiu para o Rio, enquanto Pe. Viçoso e Pe. Matias regressavam ao alto da Serra para prepararem as bases do sonhado Educandário. Adaptaram-se os salões e os campos de jogos. E Deus mostrou que os abençoava, enviando-lhes o auxílio de um outro Padre secular, piedoso e dedicado, também futuro missionário: Padre Garcês.

Quando o Padre Mestre voltou do Rio trazia, além de uns poucos meninos, cariocas e mineiros, a aprovação do Ginásio e uma forte contribuição para a didática do Caraça. Pe. Viçoso organizou o programa das aulas e se misturou com os alunos para entusiasmá-los à vida de estudos. Jogos, banhos no rio, passeios e acima de tudo, vida de piedade, de estudos.

Transformara-se o Caraça. E mais uma prova das bênçãos de Deus: chegaram de Portugal mais dois sacerdotes, dois mestres apóstolos: Pe. José Joaquim Alves e Pe. Jerônimo de Macedo.