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Jornal A Sirene realiza seminário para discutir direito à comunicação

07 de março de 2018 Arquidiocese

Com o objetivo de traçar novos rumos para a comunicação dos atingidos, a organização do Jornal A Sirene realizou no último sábado (3), o seminário “Os atingidos e o direito à comunicação”, na Escola Padre José Epifânio Gonçalves, em Barra Longa. Cerca de 40 pessoas, entre atingidos e colaboradores, estiveram presentes.

O coordenador arquidiocesano de pastoral, padre Geraldo Martins, que também é membro do conselho editorial do jornal e foi um dos fundadores do jornal, participou da mesa do seminário, relacionando o tema “Fake news” da mensagem do papa Francisco para o 52º Dia Mundial da Comunicação, com a situação vivida pelos atingidos. “É interessante porque [a mensagem] tem muito a ver com o jornal. O jornal nasceu preocupado com isso: ou com as falsas notícias que saíam ou com as meias verdades”, disse.

“Vocês e nós sabemos bem como a verdade é alterada. Quantos de vocês aqui, logo com o que aconteceu, foram abordados pela imprensa e depois quando a matéria saía ‘não foi isso que eu falei, não foi desse jeito, está fora do contexto’. É uma forma de alterar a verdade”, explicou.

Padre Geraldo relembrou que o Jornal A Sirene nasceu com três objetivos: manter a comunhão da comunidade atingida, registrar a memória da história e da vida dos que foram atingidos e divulgar as verdades dos fatos a partir da ótica e do lugar dos atingidos. “A nossa primeira preocupação, enquanto Igreja, foi a dispersão das comunidades, a fragmentação. Perder a referência de vizinhança, de parentesco, com todo mundo longe, num ambiente totalmente diferente, e o que podíamos fazer para manter a comunhão”.

Segundo ele, desde o ínicio, a proposta do jornal era que “os atingidos e as atingidas fossem protagonistas do jornal, sujeitos da ação”. Não era um jornal para os atingidos, “mas um jornal dos atingidos e a partir dos atingidos”.

O jornalista Gustavo Nolasco, outro fundador do A Sirene, falou sobre a comunicação como direito, lembrando dos motivos que levaram a criação do jornal. “Para você ir para guerra, para a disputa midiática, com as mesmas armas, você precisa ter condições de fazer com que a sua opinião, sua voz, tenha alguma chance de ser protagonista num dos pontos. E aí vem o surgimento do jornal A Sirene. Para mim, ele surge exatamente como um mecanismo de se ter alguma chance nessa guerra midiática”, opinou.

Ao decorrer do seminário, os atingidos deram suas opiniões, expressando o que o jornal representava a eles. Simone Maria Silva Marques, atingida de Barra Longa, revelou que A Sirene foi o primeiro veículo de comunicação que deu voz ao sofrimento dela e de sua filha, Sofia. “Desde a edição zero eu falo que a minha filha está com problema alérgico devido ao contato com a lama. Em quase todas as edições ali tem uma fala sobre a saúde de Sofia, o laudo médico”, disse.

 

Discussões em grupos

Divididos em quatro grupos, os participantes conversaram sobre temas propostos para melhorar a efetivação da comunicação dos atingidos e pensar o futuro do jornal, como a sua sustentação e abrangência, o protagonismo dos atingidos e a assessoria de comunicação.