Cerca de 100 agentes da pastoral do batismo, da crisma, da pastoral familiar, catequeses e coordenadores de conselhos paroquiais da Região Mariana Norte participaram neste último sábado (7), no auditório do Colégio Providência, em Mariana, de uma formação sobre o Documento 107 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), intitulado “Iniciação à vida cristã: itinerário para formar discípulos missionários”.
Sob a condução do padre Paulo Nobre, os participantes estudaram os quatro capítulos do documento aprovado na 55ª Assembleia Geral da CNBB, que enfatiza a necessidade de abrir a discussão para que a iniciação cristã seja uma atividade desenvolvida por toda a comunidade. “Essa é uma ideia muito forte no texto e, por isso, tem que haver um momento como esse, com a participação de outras lideranças cristãs, além de catequistas, para que a comunidade entenda a importância da urgência da iniciação à vida cristã. Todos têm que se envolver na reflexão, no estudo, na busca de caminhos para que a iniciação cristã aconteça de fato nas nossas comunidades”, explica padre Paulo.
Segundo o padre, além da participação da comunidade, o documento também chama a atenção para que a iniciação cristã seja entendida como elemento de organização da vida pastoral. “Ela deve ser vista como eixo, em torno do qual devem ser organizados as atividades pastorais evangelizadoras da comunidade eclesial”, orienta. Partindo dessas duas ideias centrais, padre Paulo Nobre explicou aos participantes como deve funcionar na prática a iniciação cristã. “Você tem uma cômoda com várias gavetas, e você tem a sua gaveta e só cuida dela, deixa tudo arrumado com as roupas todas dobradas. Mas a gaveta do seu lado tem até barata. Você vai dizer que a sua cômoda é limpa, organizada, por causa de uma única gaveta? É um conjunto, então não adianta ficar pensando na minha gaveta, na minha pastoral, no meu departamento, dificultando o trabalho do outro, muitas vezes. Assim não vamos chegar a lugar nenhum. Por que não pensar num modo mais abrangente?”, questionou.
Para ele, o próprio nome do documento traz as orientações “Olha só o nome: ‘Iniciação à vida cristã: itinerário para formar discípulos missionários’, ou seja, um caminho de formação que deve, de certo modo, iluminar todas as ações eclesiais: o acolhimento de noivos, o batismo, a preparação para esses sacramentos, a crisma, a primeira comunhão, a catequese, a liturgia, todo mundo usando a mesma inspiração, acompanhando o mesmo itinerário para que a gente tenha a mesma linguagem, a gente não pode se dividir”, alertou.
O membro da Pastoral Familiar da Paróquia de Santa Efigênia, em Ouro Preto, André Lourenço, acredita que o documento dá as diretrizes para realizar um bom trabalho. “Todas as pastorais tem que estudar esse documento, sozinho ninguém vai conseguir, sem ter o conhecimento teórico é muito difícil trabalhar. Não adianta chamar as pessoas de modo separado, por exemplo, não pode esperar virar uma família para poder chamar para a Pastoral Familiar. Não precisa esperar um problema acontecer, tem que tratar ele antes”, opinou.
Como coordenadora da Infância e Adolescência Missionária (IAM), Iva Fernandes, visualiza a relação entre a Iniciação à Vida Cristã com o trabalho da IAM. “Para levar Jesus ao outro, primeiro a gente tem que ir à fonte. Como a samaritana, ela se encontra com Jesus e vai ao encontro do outro, não fica parada, o próprio documento diz é “para formar discípulos missionários”. É como o exemplo que o padre deu, antes da gente levar o alimento espiritual para as pessoas, nós temos que ‘ressuscitar’ essas pessoas. É um trabalho da Infância Missionária, nós não chegamos com a catequese, com uma metodologia, chegamos acolhendo crianças e a família delas, e, depois, à medida que a gente vai caminhando, é que a gente vai evangelizando. Nós temos casos de famílias que não eram integradas à Igreja e que se sentiram acolhidas através da criança, a criança é que levou a família à Igreja”, relatou.
Ano Nacional do Laicato
A Formação sobre o Documento 107 faz parte das atividades previstas para o Ano Nacional do Laicato, em que serão realizados encontros para os cristãos leigos e leigas das regiões pastorais da arquidiocese. Segundo a representante leiga da Forania de Ouro Preto, Maria José Germano de Azevedo, essas formações são necessárias para o aprendizado. “É importante que a comunidade saiba do que está falando, que passe algo concreto. O encontro tem o objetivo de ajudar nesse sentido”, explica.