domingo

, 24 de novembro de 2024

Artigo de Dom Airton José dos Santos
O sexto arcebispo de Mariana, Dom Airton José dos Santos nasceu na cidade de Bom Repouso, no Sul de Minas Gerais, no dia 25 de junho de 1956, primeiro dos sete filhos do casal José Julião dos Santos e Benedita Vieira da Fonseca. Após o Papa Francisco aceitar a renuncia ao governo pastoral da Arquidiocese de Mariana, apresentada por Dom Geraldo Lyrio Rocha, tendo completado 75 anos, Dom Airton foi nomeado arcebispo desta Igreja particular no dia 25 de abril de 2018. Sua posse canônica foi realizada no dia 23 de junho de 2018.

Arquidiocese de Mariana e o desafio da pandemia da Covid-19

19 de março de 2020 Palavra do Arcebispo

Amados leitores, quando falamos de caridade pastoral, zelo pastoral, solicitude para com as Paróquias, Comunidades e todas as formas de ação eclesial, estamos falando de antecipação no cuidado para com todos. Isso, evidentemente, compreende o cuidado com o precioso dom da vida de todos os nossos irmãos e irmãs, sobretudo quando estes  se veem  expostos a riscos que ameaçam sua integridade e seu bem estar. A rápida expansão do Covid-19 nos levou a adotar algumas medidas indicadas pelas autoridades competentes, determinadas por decretos dos prefeitos municipais e principalmente hauridas da longa experiência da Igreja. O objetivo é evitar ou diminuir radicalmente a propagação dessa enfermidade contagiosa, inclusive por ocasião das nossas celebrações litúrgicas e atividades pastorais. É uma exigência do amor ao próximo e uma responsabilidade cidadã prevenir-se do contágio nesses momentos. As novas orientações ampliam aquelas dadas no dia 29 de fevereiro.

Exorto a todos os fiéis para que, como regra geral, sigam as determinações emanadas pelas autoridades sanitárias. Envolvamos com especial cuidado a vida daqueles que formam os grupos de risco, sobretudo idosos, os enfermos e os mais pobres. Façamos nesses tempos inusitados uma nova e aprofundada experiência de fé. Nesse sentido, reflitamos sobre alguns aspectos das novas orientações a partir de uma perspectiva pastoral.

Celebrações litúrgicas: estão suspensas as celebrações públicas e comunitárias da Santa Missa até ser superada a fase crítica dessa pandemia. Todavia os sacerdotes continuarão celebrando diariamente a Eucaristia e rezando pelo Povo de Deus confiado ao seu zelo pastoral. Ainda que não possamos reunir todos fisicamente, continuamos sendo comunidade, paróquia, Igreja de Cristo. Os fiéis da Arquidiocese de Mariana estão dispensados da participação na Celebração Eucarística dos domingos e dias de preceito. No atual contexto a Santa Missa poderá ser acompanhada através do rádio, televisão ou internet. A comunhão espiritual é uma prática tradicional da Igreja que devemos recuperar nessa desafiante circunstância e pode ser ocasião de santificação e maior unidade eclesial.  Indicações referentes aos outros sacramentos também se encontram nas novas orientações.

Redescobrir e valorizar a oração em família: as vicissitudes do momento presente também são portadoras de oportunidades. Uma delas é o resgate da identidade da família como Igreja doméstica através da oração no lar. A leitura orante da Bíblia e a recitação do Terço são meios eficazes para a consecução desse fim. A interrupção da catequese é estímulo para que os pais experimentem a alegria de partilhar a fé com os seus próprios filhos.

Atividades pastorais: estão suspensos – até nova determinação – os encontros, retiros, reuniões e eventos nas paróquias, foranias, regiões e Arquidiocese. Igualmente se pede que as pastorais, movimentos e associações eclesiais suspendam possíveis encontros previstos. Também está suspensa a atividade catequética em todas as suas fases. Tal interrupção pode se tornar fecunda se dela nos valermos para aprofundar nossa vida espiritual, estudar em particular os documentos da Igreja e textos específicos e refletir mais demoradamente sobre a nossa ação pastoral.

Serviço da Caridade: as iniciativas eclesiais que atendem e socorrem as pessoas mais pobres devem prosseguir o seu atendimento, adaptando-o às novas circunstâncias. Observem e façam observar as orientações sanitárias de acordo com cada atividade. Especial atenção merecem os membros mais pobres e abandonados de nossas comunidades que, na presente situação, não podem ser tratados com indiferença e descaso. É um período onde as dificuldades e privações atingem a todos, mas principalmente aqueles que são os membros mais vulneráveis da nossa sociedade e que, justamente por isso, merecem os nossos melhores cuidados. É preciso aguçar o olhar sobre a realidade que nos cerca, indagar como os mais pobres e abandonados estão enfrentando esse tempo de pandemia e oferecer o melhor do nosso compromisso solidário. Longe de nós o pecado da fria indiferença!

Não se esquecer dos pobres, dos solitários e dos abandonados: como autênticos discípulos de Cristo atuemos com responsabilidade e grande caridade, gerando novas formas de presença e de cuidado, particularmente com as pessoas pobres, solitárias ou abandonadas. Agora, mais do que nunca, precisamos renovar em nós a confiança em Deus e o dom da caridade.  Uma palavra de gratidão pelo trabalho abnegado exercido por tantos profissionais da saúde e agentes de pastoral engajados nessas iniciativas.

Cúria Metropolitana e outras instituições e serviços: a Cúria Metropolitana e o Centros de Pastoral regionais ficarão fechados ao público e oferecerão o atendimento via telefone ou internet e observarão somente o expediente interno. A mesma conduta é indicada para o funcionamento das secretarias paroquiais. Museus, Arquivo Eclesiástico e Bibliotecas também seguirão o mesmo procedimento da Cúria Metropolitana. Nosso seminário suspendeu as aulas e atividades formativas e os seminaristas permanecerão junto aos seus familiares.

Templos sempre abertos: os templos da nossa Arquidiocese permanecerão abertos como um sinal de fé e esperança para todos e à disposição dos fiéis que desejem neles rezar, vivendo no silêncio e na confiança em Deus esse momento crítico. Evidentemente trata-se da oração individual e não de eventos que aglomerem pessoas.

Exortação à oração perseverante e confiante: peçamos a Deus que nos ajude a viver esse momento crítico com um sentido profundamente cristão. Exortamos todo o Povo de Deus a orar fervorosamente, confiando a Cristo a situação preocupante que atravessamos.  Rogamos em especial aos presbíteros, que ofereçam a Santa Missa pela saúde do nosso povo e particularmente pela recuperação dos enfermos e proteção dos profissionais da área da saúde. Nessa mesma intenção também rezem a Liturgia das Horas os diáconos e as comunidades de vida consagrada.

Contemplando o exemplo da Virgem Maria e de São José, padroeiros de nossa Arquidiocese, somos movidos a confiar cada vez mais no Senhor. É essa confiança que expulsa o medo e a angústia dos nossos corações. Conforta-nos a presença de Jesus junto à sua Igreja como o seu mais valioso amparo: “eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos tempos” (Mt 28,20).

 

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