Uma carta de intenções foi aprovada pelas autoridades dos municípios da arquidiocese. O documento foi construído no 2º Encontro com Autoridades Políticas realizado na tarde deste sábado (28), em Barão de Cocais, dentro da programação do 7º Fórum Social pela Vida. Representantes das cidades de Barão de Cocais, Catas Altas, Conselheiro Lafaiete, Mariana e Ouro Preto participaram do encontro, que foi assessorado pelo padre Marcelo Santiago.
O documento aprovado relata que “face aos muitos desafios sociais que incidem, diretamente, nas administrações municipais, sobretudo diante das muitas agressões ao meio ambiente, dos vários rostos de pobreza e de vulnerabilidade social e das múltiplas realidades de injustiça social, na defesa de direitos, os presentes são exortados a se empenharem: em manter as políticas de reparação histórica, em vista de um processo contínuo de maior inclusão social; a valorizar as instâncias de diálogo e de participação democrática com as instituições da sociedade civil e à valorização dos conselhos municipais, em bases por uma democracia sempre mais participativa. a atuar, via mecanismos públicos, somando-se às iniciativas da sociedade, a modo de favorecer um reencantamento da política, por uma cidadania ativa”.
Segundo padre Marcelo, a carta será enviada a todos os prefeitos e câmaras de vereadores dos municípios da arquidiocese. Carta de intenções!
Exposição
Durante o encontro, padre Marcelo fez uma exposição sobre a perspectiva cristã no mundo político. “O compromisso político, à luz da fé cristã, se fundamenta na prática de Jesus. Em causa está o anúncio do Reino de Deus. Cada pessoa, individualmente e coletivamente, é chamada a ser sal da terra e luz do mundo. Sal para salgar tantas realidades para que não percam o seu sabor e não apodreçam diante das injustiças, violências e exclusões. Fermento para fermentar tanta massa sem rosto e sem utopia. Luz para iluminar tanta escuridão gerada em nossa sociedade”, disse padre Marcelo.
Citando o Papa Francisco, o presbítero pontuou que “ninguém pode exigir de nós que releguemos a religião para a intimidade secreta das pessoas, sem qualquer influência na vida social e nacional, sem nos preocupar com a saúde das instituições da sociedade civil, sem nos pronunciarmos sobre acontecimentos que interessem aos cidadãos. Precisamos de uma fé autêntica, que nunca é cômoda, nem individualista”.
Padre Marcelo acrescentou a necessidade das autoridades investirem em políticas de reparação históricas, fortaleçam o diálogo democrático com a sociedade. “Esperamos que vocês tenham compaixão do povo e exerçam seus cargos como um serviço ao povo. Que vocês anteponham o bem comum aos interesses privados. Que vocês não se deixem intimidar pelos grandes poderes financeiros e midiáticos. Que vocês tenham efetiva competência política, reconhecida capacidade de liderança e coerência em relação ao seu discurso e atitude”, exortou padre Marcelo.
Campanha da Fraternidade
Em sua fala, padre Marcelo explicou sobre a proposta da Campanha da Fraternidade (CF) e sobre a importância de pensar em Políticas Públicas. “A Campanha da Fraternidade não se esgota na Semana Santa. Ela perpassa em todas as iniciativas da Igreja ao longo do ano”, disse. Padre Marcelo também destacou alguns objetivos da CF. “A campanha tem o intuito de despertar a consciência e incentivar os cidadãos na construção das políticas públicas, de propor políticas públicas que assegurem os direitos sociais aos mais frágeis e vulneráveis”, afirmou.
Caminhada e proposta do Fórum
A caminhada e a proposta dos Fóruns Sociais pela Vida na Arquidiocese também foram apresentadas as autoridades. Segundo padre Marcelo, o Fórum faz algumas constatações importantes no âmbito nacional e regional. “Estamos constatando a perda de direitos e conquistas sociais, o aumento do número de pessoas em situações de pobreza e miséria e o crescimento da realidade de injustiça. Sobre os municípios da arquidiocese constamos agressão violenta e irracional a natureza, poluição, falta de saneamento, uso indiscriminado de agrotóxicos, avidez das empresas mineradoras. Na pobreza, muitas pessoas que não tem quase nada, estão à margem, muitas formas de violência, desemprego, roubo, assassinato, juventude em situação de vulnerabilidade existencial e social”, explicou padre Marcelo.