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“Saibamos olhar para os mais pobres como irmãos”, exortou Dom Airton na missa de encerramento do 7º Fórum Social Pela Vida

30 de setembro de 2019 Arquidiocese

Dando destaque à atitude do Papa Francisco de instituir o Dia Mundial dos Pobres, o arcebispo de Mariana, Dom Airton José dos Santos, lembrou que o pontífice nos alertou a exemplo de um pai que chama a atenção dos filhos que estão indo pelo caminho errado. “Precisou o papa escrever um documento para dizer a todos: ‘Vocês estão se esquecendo dos pobres’. […] É preciso ser solidário com os que sofrem, é preciso fazer uma opção mais clara, definida, é preciso estar ao lado daqueles que sofrem no dia a dia”, disse. A fala fez parte da homilia da missa de encerramento do  7º Fórum Social Pela Vida, celebrada na manhã de ontem (29), no Ginásio Poliesportivo de Barão de Cocais.

Dom Airton ressaltou a necessidade de se estar atento a Palavra de Deus para não cair na mesma armadilha na qual caiu o homem rico do Evangelho deste domingo (Lc 16, 19-31), que levava uma vida tranquila, pensando que tudo estava bem até morrer e ir para o inferno. “E os irmãos que sofrem? Não tenho preocupação com eles? É uma armadilha. A vida, às vezes, nos prega uma peça grande. Temos que estar atentos”.

“A gente tem receio de falar, mas faz parte doutrina católica: existe céu e existe inferno”, sublinhou o arcebispo. “Temos que ter cuidado porque para ir para lá [inferno] não custa muito não. É pouco, é muito fácil. E como as pessoas começam a escolher o caminho fácil, o risco é maior ainda”, disse.

 

Busca pela santidade

Dom Airton explicou que o Evangelho do dia quis nos ensinar de que a ressurreição existe para todos: seja para a vida eterna, seja para o sofrimento eterno. E de que são essas as atitudes que devem ser levadas em conta: a busca pela santidade e a guarda dos ensinamentos da Sagrada Escritura, dos mandamentos.

“As pessoas deveriam olhar pra nós e enxergar Jesus Cristo e não a nós mesmos. Deveriam olhar pra nós, pra nossa prática, o nosso modo de ser, a nossa prosperidade com as pessoas e dizer ‘Deus existe, vale a pena’. Temos que ser testemunhas, firmes e seguras”, exortou.

Ele também lembrou da necessidade de ocasionalmente pensarmos se estamos indo pelo caminho certo, para não sermos surpreendidos como o homem rico, e de agir confiando em Deus.

“Se confiamos em Deus, cumprimos os mandamentos – portanto, escutamos a Moisés –, confiamos que Deus nos conduz e realiza a promessa de Jesus Cristo de estar conosco até o final dos tempos, temos certeza que vamos chegar lá. Uns mais machucados, outros menos”, disse.

Como exemplo de como devemos confiar, o arcebispo citou o seu pai, que saía de casa para trabalhar como barbeiro, sem hora fixa para voltar. “Quando saía de casa, passava a porta e fazia o sinal da cruz porque ia para um mundo violento; não sabia se ia voltar pra casa, pedia proteção. Quando chegava em casa, fazia o sinal da cruz de novo, agradecendo a Deus porque escapou mais um dia”, contou.

 

Encerramento do Fórum

O coordenador da Dimensão Sociopolítica, padre Marcelo Moreira Santiago, definiu como o primeiro grande fruto da sétima edição do Fórum Social Pela Vida o testemunho de fé, acolhida e hospitalidade dos moradores de Barão de Cocais, que receberam os participantes em suas casas durantes os quatro dias do evento.

Ele também deixou o lembrete de que agora todos seguem em missão “com as bênçãos de Deus, para concretizar aquilo que Ele nos inspirou. Não vamos nos calar no combate da fé: A terra grita por justiça e os pobres por direitos’.

Padre Marcelo agradeceu a todos os envolvidos e repetiu a recordação que o próprio arcebispo fez na homilia. “Uma palavra então que se dirige a todos nós: não esqueçam os pobres. Os pobres são os Lázaros de hoje. Temos o compromisso de levar tudo aquilo que Deus nos inspirou através desse Fórum”.

A carta compromisso finalizada na noite de sábado pelos participantes foi entregue a Dom Airton, no final da celebração, e aguarda a aprovação.

 

Avaliação

“Foi uma experiência única. Gostei de perceber que essa Igreja lutadora, batalhadora, ainda existe”, opina Dalvina Gomes Pereira, da Paróquia Sant’Ana, de Jequeri, que diz ser esta edição a primeira de muitas que ainda participará.

Maria da Conceição Leite, da Paróquia Santíssima Trindade, de Ponte Nova, esteve em quatro edições e, em todas, viu o Fórum como um renovador de esperanças. “A gente tem hora que fica meio desanimado, mas quando vem nesse encontro volta com mais animação”.

Presente em todas as edições até hoje, Hélcio Antonio Mendes, da Paróquia Santana, de Guaraciaba, vê um amadurecimento nas reflexões, com pautas mais apropriadas e específicas. “Do primeiro até hoje foi um ganho muito grande, em todos eles a gente aprende. Estamos no caminho certo”, avalia.