A ventania que atingiu o Rio de Janeiro (RJ) nesta quarta-feira, 1° de julho, não impediu a realização do tributo às vítimas da Covid-19 que foram lembradas na Santa Missa celebrada pelo arcebispo do Rio de Janeiro, cardeal Orani João Tempesta.
A celebração que seria realizada no Santuário do Cristo Redentor – uma das sete maravilhas do mundo, considerado Patrimônio da Humanidade pela UNESCO – por questões climáticas e de segurança foi transferida para a Paróquia São José da Lagoa.
A abertura do evento “Para Cada Vida”, organizado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e pela Cáritas Brasileira, com apoio do Verificado, iniciativa da Organização das Nações Unidas para combate à desinformação, foi feita pela atriz Cris Viana, que explicou o motivo da celebração não acontecer nos pés do Cristo Redentor e leu uma mensagem de apoio e força a todos os brasileiros.
Em seguida, foi exibida uma mensagem do arcebispo de Belo Horizonte e presidente da CNBB, dom Walmor Oliveira de Azevedo, em que destaca que vivemos em um mundo de muitas chagas, de feridas expostas em razão das muitas pandemias, última delas a da Covid-19.
“Somos chamados a lançar nosso olhar sobre esse mundo ferido, somos chamados a lançar nosso olhar em razão do nosso compromisso cidadão e por sermos interpelados a uma solidariedade profunda. Voltamos nosso olhar para todas as famílias enlutadas compartilhando essa dor e, juntos pela força da solidariedade, transformando essa dor numa experiência bonita de fortaleza, de caminho que continua e precisamos percorrer na força desse amor”.
Durante a celebração da Missa, o cardeal Orani João Tempesta falou da importância e do simbolismo do Cristo Redentor ter sido escolhido para ser espaço para esse momento de oração e explicou que a ventania impediu a celebração da Eucaristia no alto do Corcovado.
Na homilia, o cardeal destacou que o Cristo Redentor é o altar do mundo e que a ventania que atingiu o Rio de Janeiro o fez lembrar da celebração do Papa Francisco na praça São Pedro, quando ele fala do barco no meio do mar, açoitado pelos ventos.
“Neste momento a nossa Conferência Nacional dos Bispos do Brasil junto com o secretariado geral da Organização das Nações Unidas nos fazem pensar sobre essa presença do Senhor em nossa história. Diante da nossa fragilidade e vulnerabilidade é importante descobrir um momento propício para responder a pergunta buscando o único sentido na existência, repensando a nossa vida pessoal, familiar, repensando as nossas atitudes de cooperação e comunhão entre os povos. Superando as diferenças e valorizando o bem que se supõe viver como família das nações e não somente países fechados em sua geografia e história para salvaguardar os interesses particulares”.
E continuou: “quando nós rezamos a Deus pelo descanso eterno daqueles que partiram do mundo inteiro nós reeducamos o sentido mais profundo e amplo do nosso viver a fraternidade do amor, do dar uns para os outros, da importância de que toda pessoa é digna de atenção, afeto e preocupação, independente da sua raça, condição social ou convicções pessoais”.
Dom Orani lembrou ainda uma oração do Papa Francisco no mês de maio onde se refere a esse momento de dor e pede a Virgem Maria que volte os olhos misericordiosos para essa pandemia e para que conforte o coração daqueles que se sentem perdidos e choram pelos familiares que perderam a vida e tiveram de ser sepultados sem a presença da família.
“Sustentai aqueles que estão angustiados pelas pessoas enfermas de quem não se pode aproximar para impedir o contágio. Infunde confiança em quem vive ansioso com o futuro incerto e as consequências sobre economia e trabalho. Essa oração do Papa Francisco, nós colocamos essa intenção por todos os que choram seus familiares mortos e que por vezes foram sepultados de uma maneira que fere a alma com a distância, com a dificuldade de aproximação, como convém nesse momento sabemos disso, mas que marca toda nossa humanidade, nossa vida humana”, ressaltou.
Dom Orani finalizou a homilia dizendo que “Nós queremos iniciar esse segundo semestre com esperança e paz”.
Depois do momento eucarístico foi exibida uma mensagem do Papa Francisco com imagens da presença dele no Rio de Janeiro durante a Jornada Mundial da Juventude, em 2013. Na mensagem, Francisco conforta o coração dos brasileiros.
“Deus é o mais forte, Deus é a nossa esperança. Olhem para frente com confiança. A travessia é longa e cansativa, mas, olhem para frente. Existe um futuro incerto que se coloca numa perspectiva diferente relativamente a propostas ilusórias do mundo. Mas que dá impulso e nova força a vida”.
O Papa dá a benção apostólica ao povo brasileiro e diz estar com saudades do Brasil. “O Brasil necessita hoje de homens e mulheres cheias de esperança e firmes na fé que deem testemunho de que o amor manifestado na solidariedade e na partilha é mais forte que as trevas do egoísmo. Com saudades do Brasil, com saudades do Brasil…Concedo-lhes a bênção apostólica pedindo a Nossa Senhora Aparecida que interceda por todos nós. Assim seja”, finalizou.
Após a bênção final, foi exibida as imagens projetadas no Cristo Redentor e novamente a atriz Cris Viana ressaltou que a celebração foi um momento de solidariedade às famílias afetadas pelas perdas nesta pandemia, de gratidão aos trabalhadores e voluntários anônimos, assim como aos profissionais da saúde, e de esperança a todos os brasileiros. Em seguida, o evento foi encerrado com um show da consagrada cantora com 48 anos de carreira Alcione.
Fonte: CNBB