“Isabel Cristina soube ser católica e defender os valores da Igreja, que ela sempre anunciou e morreu por causa disso”, disse o arcebispo de Mariana, Dom Airton José dos Santos, na celebração em ação de graças pelo reconhecimento do martírio da Serva de Deus Isabel Cristina, na tarde do sábado, 31 de outubro, no Santuário de Nossa Senhora da Piedade, em Barbacena, igreja que ela foi sepultada.
A celebração também contou com a presença do bispo de Juiz de Fora, Dom Gil Antônio Moreira, e bispo de São João Del Rei, Dom José Eudes, padres da arquidiocese e familiares da serva de Deus.
“Hoje rendemos graças a Deus pelo Santo Papa, o Papa Francisco, que reconheceu o martírio da nossa serva de Deus Isabel Cristina. Reconhecer o martírio para a Igreja significa um gesto muito corajoso do Santo Padre. Esse gesto de reconhecer o martírio libera para o caminha da santidade. O caminho da santidade não é para a glória da pessoa, porque a pessoa já está junto de Deus, não é uma glória vaidosa, mas é para o bem do povo de Deus”, disse o arcebispo.
Dom Airton também sublinhou que Deus apresenta homens e mulheres, santos e santas, que no seu tempo e na sua circunstância sabem ser cristãos. Ele também pontuou que a arquidiocese aguarda com alegria a data da beatificação. “Vamos esperar com muita alegria e esperança o dia que ela será beatificada. Queremos agradecer muito a Deus por essa irmã, a serva de Deus Isabel Cristina”, afirmou.
No final da celebração, monsenhor Danival Milagres, pároco anfitrião, agradeceu a presença de Dom Airton, dos bispos e padres presentes. As relíquias da serva de Deus foram levadas até o túmulo dela, que fica no santuário.
Reconhecimento do martírio
O Papa Francisco reconheceu o martírio da Serva de Deus Isabel Cristina, leiga de Barbacena (MG), assassinada em 1° de setembro de 1982. A informação foi divulgada pela Santa Sé nesta quarta-feira, 28. O decreto com o reconhecimento papal foi autorizado após o Papa receber em audiência, no dia 27 de outubro, o prefeito da Congregação das Causas dos Santos, Dom Marcello Semeraro.
Serva de Deus Isabel Cristina
Isabel Cristina era uma jovem que tinha uma vida de oração, estudava, namorava e sonhava em ser pediatra para ajudar crianças carentes. Em julho de 1982, mudou-se para Juiz de Fora para fazer curso pré-vestibular, queria cursar Medicina. Em setembro do mesmo ano, foi atacada por um homem que foi montar um guarda-roupa no apartamento para onde ela havia se mudado com seu irmão, Paulo Roberto.
O homem tentou violentá-la e, como ela resistiu, ele a atacou com uma cadeirada na cabeça, amarrou, amordaçou, rasgou suas roupas e lhe deu 15 facadas, um crime cruel que teve grande repercussão.
Processo de beatificação
O processo de beatificação de Isabel Cristina foi aberto no dia 26 de janeiro de 2001, em Barbacena, ocasião em que ela recebeu do Vaticano o título de Serva de Deus. Foram oito anos de trabalho, entre coleta de depoimentos e documentos, além da digitação e tradução para o italiano.
A fase diocesana do processo terminou em 2009. Seus restos mortais foram levados para o Santuário da Piedade, pelo fato dela ter sido batizada e ter recebido a primeira Comunhão na Matriz da Piedade, além da ligação afetiva de seus pais com a paróquia e até mesmo para facilitar a visitação.