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25 anos da morte da Serva de Deus Lola são celebrados em Rio Pomba

12 de abril de 2024 Arquidiocese

Uma vida sustentada pela Eucaristia. Essa é uma das formas para descrever o modo como viveu Floripes Dornelas de Jesus, mais conhecida como Lola. Dedicada à oração e a propagação da devoção ao Sagrado Coração de Jesus, há 25 anos, milhares de pessoas se reuniram na cidade de Rio Pomba (MG) para se despedirem daquela que era considerada modelo de fé.

Marcando a data, celebrações eucarísticas foram realizadas em Rio Pomba nesta terça-feira, 9 de abril: a primeira, às 9h, na Igreja Matriz de São Manoel; e a segunda, às 15h, no Sítio Recanto da Lola.

Dona do silêncio

Bispo natural de Rio Pomba presidiu a primeira missa.

“Há 25 anos, nesse mesmo horário, estávamos aqui, neste templo centenário de São Manoel, celebrando a missa de corpo presente da nossa conterrânea: a Lola”, com essas palavras o Bispo de Alagoinhas (BA), Dom Francisco de Oliveira Vidal, iniciou a homilia na celebração da manhã. Natural de Rio Pomba, o prelado presidiu a primeira missa do dia em ação de graças pelos 25 anos do falecimento de Lola, que também contou com a presença de outros integrantes do clero marianense.

Recordando sobre o dia 9 de abril de 1999, Dom Francisco Vidal definiu a vida da Serva de Deus como dedicada a um profundo silêncio. “É interessante que, se nós percorrermos a história de sua vida, foi uma história de profundo silêncio em que ela buscou aquilo que é fundamental, a centralidade de sua fé, no encontro com Nosso Senhor Jesus Cristo e, de modo muito especial, no encontro com o Coração de Jesus”, afirmou.

Missa na Matriz Rio Pomba.

“Ela não fez da sua história de vida e da sua espiritualidade uma arrogância espiritual. Aliás, quando a Igreja pediu que a Lola se recolhesse, silenciosamente, ela se recolheu”, continuou. “Lola, de pouquíssimas palavras, ela vivia uma profunda oração silenciosa, ela acolhia os nossos pedidos de oração, mas sempre nos conduzindo àquele que é o fundamento absoluto da nossa fé: Nosso Senhor Jesus Cristo”, disse Dom Francisco Vidal, lembrando das suas visitas à Serva de Deus.

Semeadora da devoção do Sagrado Coração de Jesus

Já a segunda missa do dia foi realizada no sítio em que ela viveu e contou com a presença de centenas de devotos do Sagrado Coração de Jesus da cidade de Rio Pomba e de outras cidades e estados.

Presidida pelo Pároco da Paróquia São Manoel, Padre Luizmar Rocha da Silva, também estiveram presentes os Padres Jamilson Inácio da Silva (Paróquia Nossa Senhora do Rosário – Rio Pomba) e José Geraldo Sabino (Paróquias Nossa Senhora do Livramento, em Oliveira Fortes, e São Sebastião, em Paiva).

Padre Jamilson recordou a devoção ao Sagrado Coração de Jesus.

Durante a homilia, Padre Jamilson destacou que as pessoas ali reunidas estavam para a agradecer a vida e o testemunho de Floripes Dornelas. “A dona Lola teve uma missão muito bonita: ela foi uma seta. Apontava o caminho para que as pessoas pudessem fazer o encontro com o Sagrado Coração de Jesus”, afirmou.

“Dona Lola cultivou, semeou, aqui, entre nós, esta devoção tão bonita, tão pura, tão bela ao Sagrado Coração de Jesus e a nossa missão é a mesma de dar continuidade a este trabalho tão simples que a dona Lola fazia naquela cama: levar as pessoas a estar, a fazer uma experiência, a encontrar-se com o Sagrado Coração de Jesus. Em outras palavras, que as pessoas pudessem sentir o amor do Sagrado Coração de Jesus, que as pessoas se sentissem amadas por Deus e a nossa missão é essa, o sonho da dona Lola foi este: que esse sítio se torna-se um lugar para divulgar essa devoção”, frisou.

Ao final, os presentes receberam um santinho da Lola com a oração do Sagrado Coração de Jesus.

Quem foi Lola?

Reprodução da internet.

Natural de Mercês (MG), ainda criança, Lola mudou-se com seus familiares para a cidade de Rio Pomba, onde viveu a maior parte de sua vida. Em 1934, a jovem Floripes sofreu uma queda de uma jabuticabeira, perfurando o baço e lesionando a coluna. Devido ao acidente, ficou paraplégica.

Doente e bastante debilitada, permaneceu morando no sítio dos seus pais, onde cultivou uma grande devoção ao Sagrado Coração de Jesus. Por não sentir mais fome, sede e sono, por mais de 60 anos, alimentou-se exclusivamente da Eucaristia. Esse fato chamou à atenção da população, que peregrinava até sua residência em busca de graças e orações.

Em 1958, Dom Helvécio Gomes de Oliveira, então Arcebispo Metropolitano de Mariana, pediu que interrompesse as romarias até a sua casa, passando a dedicar-se a todos, por meio do silêncio e oração.

Floripes Dornelas de Jesus faleceu em sua residência, em 9 de abril de 1999. O seu corpo foi velado na Igreja Matriz de São Manoel e, por dois dias, milhares de pessoas estiveram presentes para o último adeus.

Processo de beatificação e canonização

Centenas de pessoas na missa no sítio da Lola.

Em novembro de 2005, atendendo ao pedido do então Arcebispo Metropolitano de Mariana, Dom Luciano Pedro Mendes de Almeida, a Congregação para a Causa dos Santos autorizou o início do processo de beatificação e canonização de Lola, quando foi emitido o nihil obstat, ou seja, nada contra a abertura do processo. Com a autorização, Floripes Dornelas de Jesus recebeu o título de “Serva de Deus”.

O processo foi iniciado na cidade de Rio Pomba, durante uma missa presidida por Dom Luciano com a presença dos fiéis peregrinos. Com o falecimento do 4º Arcebispo Metropolitano de Mariana, a causa ficou paralisada.

“Pela legislação, quando um bispo sai da diocese, por morte ou por outras razões, o sucessor tem que confirmar aquela causa para que ela seja novamente encaminhada. Com Dom Geraldo, essa causa não foi encaminhada, por razões especiais, e se encontra assim desde aquela época”, explica o Vigário Judicial do Tribunal Eclesiástico da Arquidiocese, Monsenhor Roberto Natali Starlino.

Quarto da Lola no sítio em que residiu.

Texto: Thalia Gonçalves/Arquidiocese de Mariana

Fotos: Franz Mosqueira/Pastoral da Comunicação da Paróquia São Manoel

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