Fé, luta e resistência marcaram a 30ª Romaria dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Arquidiocese de Mariana. Ocorrida no último domingo, 1º de maio, em Acaiaca (MG), o encontro foi organizado pela Dimensão Sociopolítica e reuniu diversos movimentos e pastorais desta Igreja Particular.
Neste ano, os romeiros foram acolhidos pela Paróquia São Gonçalo, suas comunidades e, em especial, pela Escola Agrícola Paulo Freire (EFA), onde ocorreu a Celebração da Santa Missa e o almoço comunitário com todos os presentes.
Antes de saírem em caminhada, foram homenageadas oito integrantes de movimentos e pastorais que faleceram nos últimos dois anos. À ocasião, duas mudas de árvores foram plantadas em memória aos companheiros de luta.
Para o diretor da EFA e Representante da Comissão para o Meio Ambiente da Província de Mariana, Gilmar de Souza Oliveira, a Romaria foi um importante espaço para criar laços. “A possibilidade da interação de movimentos populares, entidades, do poder público, Igreja, comunidade e movimentos políticos, discutindo uma mesma pauta, dialogando e aprofundado, possibilitou o envolvimento da Comunidade local com a EFA”, relatou.
Com os mesmos objetivos, os romeiros saíram em caminhada protestando pela falta dos seus direitos e a luta por eles. Vale destacar que Acaiaca foi a escolhida como sede da peregrinação por ter sido uma das cidades não reconhecida como atingida pelo rompimento da barragem de Fundão, ocorrido em 2015, e por ter sido afetada pelas fortes chuvas e enchentes em janeiro deste ano.
Ainda, os participantes foram em busca também da reparação, indenização e expulsão da pedreira Estrela D’alva, conhecida também como Irmãos Machados e Bemil em outras cidades, culpada por trazer prejuízos à comunidade Gangula no município.
De acordo com a moradora Ivaneti do Carmo Barbosa, antes da pedreira eles tinham paz e, atualmente, ações cotidianas, anteriormente executadas com tranquilidade, são impedidas hoje devido aos transtornos causados. “Antes a gente poderia pôr uma roupa para secar: ela ficava limpa. Hoje, fica amarelada. Nossas casas estão trincadas, não ficam limpas e o barulho é dia e noite”, afirmou.
Segundo o Coordenador Arquidiocesano da Dimensão Sociopolítica e Pároco da Paróquia São João Batista, em Viçosa (MG), Padre Geraldo Martins, a Romaria teve a marca da emoção e d
a alegria. “Foi restaurador o reencontro, após dois anos, de irmãos e irmãs, de companheiros e companheiras que sempre empunharam a bandeira da defesa dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras, especialmente, no dia 1º de Maio”, disse.
Conforme o sacerdote, a Romaria se caracterizou também pela profecia que se manifestou no grito contra a perda de direitos dos trabalhadores (as) e a favor da vida plena para todos. “Foi ocasião, ainda, de dizermos um retumbante não ao sistema de governo que explora os pobres e privilegia os ricos”, enfatizou.
Por sua vez, Whelton Pimentel De Freitas, mais conhecido como Leleco, que participa da Romaria desde a sua primeira edição — realizada na cidade de Urucânia (MG), em 1991, como gesto concreto da Campanha da Fraternidade —, o sentimento de, mais uma vez, poder estar ativo nesta caminhada que traz esperança e configura a busca por um mundo novo e mais igualitário é o de gratidão.
Para ele, o encontro anual passou a ser um espaço de formação e participação popular, mas também, de encontro das comunidades. “Porque, além do caráter formativo do grito e de todos os temas que afligem os mais pobres e a classe trabalhadora, a Romaria passou a ser ponto de encontro para que pudéssemos sonhar outras atitudes e ações concretas como foi o Grito dos Excluídos, que teve sua primeira edição dois anos depois”, lembrou.
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