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Apesar da chuva, fiéis participam da procissão da Ressurreição, em Mariana

10 de abril de 2023 Arquidiocese

Nem mesmo a chuva impediu que os fiéis percorressem com fé e piedade o trajeto de cerca de 1,2 km entre a Praça dos Ferroviários à Praça da Sé para participar do encerramento da Semana Santa em Mariana (MG). Reunidos em frente à Catedral Basílica de Nossa Senhora da Assunção, os presentes receberam a bênção do Santíssimo Sacramento, concedida pelo Arcebispo Metropolitano, Dom Airton José dos Santos. 

“Participar da procissão do Santíssimo Sacramento, para mim, é um ato de amor e fé. É de suma importância, pois é uma maneira de demonstrar que eu acredito na Ressurreição.
Jesus ressuscitou e não dá mais para viver longe dele. É necessário estar em comunhão com Deus e com os irmãos. Como bem disse São Paulo, ‘Já não sou eu que vivo. É Cristo que vive em mim’. É sobretudo na missa que se renova o sacrifício do altar e celebramos o mistério pascal de Jesus em nossa vida. A chuva foi de bênçãos. Ela soou como melodia e veio purificar o ar e lavar o vírus da indiferença, da violência, da falta de sentido para a vida e da falta de Deus. Por isso, decidi permanecer até o fim, vivenciando a Páscoa que deve acontecer todos os dias”, testemunhou a paroquiana Sueli de Souza Soares, da Paróquia Nossa Senhora da Assunção.

Antes disso, os paroquianos das três paróquias de Mariana (Nossa Senhora da Assunção, Nossa Senhora Aparecida e Sagrado Coração de Jesus), reuniram-se, juntamente com os turistas e demais visitantes, na Praça dos Ferroviários para a Santa Missa Solene da Páscoa, presidida por Dom Airton, e concelebrada pelos Padres Geraldo Dias Buziani, Johny Sales de Figueiredo, Luiz Roberto de Souza e Marcelo Moreira Santiago. 

Durante a homilia, Dom Airton ponderou que a Liturgia da Palavra, na Celebração Eucarística, tem como missão “tocar os nossos corações para compreender tudo aquilo que está escrito sobre Jesus, desde o primeiro livro da Bíblia, o Livro de Gênesis, até o último livro, o Livro do Apocalipse”.  Ele ainda explicou que, durante o Tempo Pascal, são ouvidos os textos do Novo Testamento: os Evangelhos e as Cartas dos Apóstolos. 

Conforme o Arcebispo Metropolitano de Mariana, a Liturgia do Domingo da Ressurreição inspiram três ensinamentos principais. O primeiro é o anúncio das maravilhas de Deus, a partir da ressurreição, por parte de todos os que creem que Jesus Cristo ressuscitou e está vivo. “Anunciar a ressurreição não significa esquecer ou deixar para trás os sofrimentos que Nosso Senhor teve que passar para ressuscitar. Era precisa que Ele, como pessoa humana, fosse entregue às mãos dos pecadores e sofresse esse martírio  para nos libertar da morte e do pecado”, disse Dom Airton, lembrando que os profetas do Antigo Testamento já indicavam a vinda do Cordeiro de Deus, apesar de não dizerem que seria, bem como João Batista. 

“Nosso Senhor Jesus Cristo veio para apresentar-nos Deus como nosso pai: Aquele que criou todas as coisas, fez tudo. Esse mesmo Deus e Senhor é pai de todos nós, nos fez a sua imagem e semelhança, e Jesus Cristo não é diferente de Deus. Jesus Cristo é o próprio Deus que veio até nós, como pessoa humana. Não se fez igual a Deus para nos dominar, para nos obrigar, muito pelo contrário, se apresentou como pessoa humana, limitada pelo tempo, pelo espaço, pelas circunstâncias da vida, porque queria nos mostrar a grandeza e o amor do Pai para conosco”, enfatizou Dom Airton.

Segundo Dom Airton, a segunda lição é a participação na Santa Missa. Recordando os discípulos de Emaús, que somente reconheceram o Cristo Ressuscitado quando Ele partiu o pão, o Pastor da Arquidiocese de Mariana afirmou que “a participação na Santa Missa, para nós, é uma necessidade”. “Mais interessante ainda é que o mistério da compreensão que vem de Deus atinge a todos nós e mesmo que participemos de uma Missa rezada em outra língua, em outro país, nós sabemos que é a Eucaristia. Não precisamos saber a língua para participar da Eucaristia. Contudo, essa participação nos move e nos faz homens e mulheres novos a cada momento. A Eucaristia penetra o nosso ser e nos faz ser testemunhas de Cristo”, destacou.

Por fim, de acordo com Dom Airton, o último apontamento é permitir que a Palavra de Deus “penetre o nosso ser para também arder os nossos corações”. 

Procissão do Santíssimo Sacramento

Encerrada a celebração, debaixo de chuva, os fiéis realizaram a procissão do Santíssimo Sacramento pelas ruas de Mariana. Conforme Dom Airton explicou em sua homilia, não se trata de uma simples caminhada, mas uma caminhada para alimentar a alma, em forma de testemunho. 

Pelas ruas, enfeitadas com as flâmulas e colchas nas janelas, e os tradicionais tapetes de serragem, o Cristo Ressuscitado, ladeado pelos presbíteros, figurado bíblico, anjos, ministros e demais presentes, foi abençoando cada um dos lares pelo qual passava. Este ano, uma novidade na confecção dos tradicionais tapetes foi a participação das crianças da Catequese da Paróquia Nossa Senhora da Assunção que se juntaram aos membros da Associação de Artistas Plásticos de Mariana no trabalho. 

Semana Santa 2023

Na avaliação Pároco e Reitor da Catedral, Padre Geraldo Buziani, as celebrações da Semana Santa, em Mariana, aconteceram com serenidade, profundo espírito de oração e uma grande unidade no trabalho de organização, seja por parte das pastorais, movimentos, bem como das três paróquias presentes na sede municipal. 

“Não obstante a adversidade da chuva, especialmente na Sexta-Feira Santa e no Domingo de Páscoa, graças a Deus, isso não prejudicou a qualidade espiritual da celebração. Então, foi um momento em que experimentamos a força do Cristo, a força da nossa fé testemunhada, mesmo diante das adversidades e imprevistos. Mas tudo transcorreu com muita oração, muito espírito de comunhão e de unidade. Creio que todos estão saindo dessa Semana Santa renovados na força da fé, no desejo de viver mais a comunhão entre nós, sinalizando a presença do Reino em nosso meio”, pontuou Padre Geraldo.

Confira o poema escrito por Sueli de Souza Soares sobre a Páscoa:

Gratidão, Senhor!
Celebrar a Páscoa é celebrar a vida
que em Jesus
você irradia.
E com o irmão
partilha no dia a dia.

É passagem da morte
para a vida.
É fazer da tristeza
trampolim para
enfrentar a lida
e viver a alegria
do Ressuscitado.

Neste sentido, celebrar
a Páscoa é sepultar
em nós os nossos piores
defeitos e ressuscitar
com Jesus, nossa luz, nossas maiores virtudes.

É enfim vivermos felizes
discípulos e missionários
de Jesus, o Mestre,
como eternos aprendizes
de seu amor maior,
Cristo Nosso Senhor.

Feliz Páscoa!

Fotos: Pedro Hudson e Janine Martins – Agentes da Pascom da Catedral

* Atualizado em 11/04/2023 às 14h05