No último domingo, 9 de março, a Arquidiocese de Mariana realizou a cerimônia de assinatura do Protocolo de Envio para restauro dos someiros do Órgão Arp Schnitger da Catedral Basílica Nossa Senhora da Assunção, em Mariana (MG). Tratando-se de um instrumento raro e delicado, as peças serão enviadas para a Espanha para serem restauradas.
A Celebração Eucarística, que antedeu a cerimônia, foi presidida pelo Arcebispo Metropolitano de Mariana, Dom Airton José dos Santos, e concelebrada pelo Reitor da Catedral, Padre Geraldo Dias Buziani.
Padre Geraldo Buziani e Dom Airton durante a proclamação do Santo Evangelho na Missa.
Iniciando-se por volta das 11h, a mesa foi composta por Dom Airton; Padre Geraldo; a organista Josinéia Godinho; a responsável técnica pelo projeto de restauração, Deise Lustosa; pelo secretário municipal de cultura de Mariana (MG), Eduardo Batista; e representantes da Câmara Municipal.
Abrindo as falas, Padre Geraldo relatou que, ao longo da história, o instrumento ficou por longas décadas sem tocar. Deise relembrou que há 23 anos vem desenvolvendo trabalhos arquitetônicos em relação à Catedral da Sé, e pontuou que a relação “muito próxima” entre Arquidiocese, IPHAN e Prefeitura Municipal de Mariana foi responsável para que chegasse a este momento de encaminhamento de restauro dos someiros.
Na oportunidade, ela explicou que as duas peças são como pulmões do instrumento, é através delas que o ar passa e sopra os tubos gerando os sons. A arquiteta revelou que na sexta-feira, 14 de março, uma equipe especializada irá fazer a embalagem dos someiros, após a embalagem eles irão de caminhão climatizado para serem embarcados no aeroporto de Guarulhos (SP).
As peças viajarão até Madri, e de lá seguirão em caminhões especializados até a cidade de Cuenca, para o ateliê de restauração. São mais de 8 mil quilômetros do aeroporto de Guarulhos até Madri, correspondendo cerca de 11 horas de viagem.
Deise Lustosa durante sua fala.
A organista Josinéia, durante sua fala, contou como funciona a estrutura interna do órgão. Ela explicou que os someiros são duas caixas que ficam escondidas e devem estar em perfeito estado para se obter o som correto.
“Devem estar perfeitamente fechadas, vedadas e em perfeito estado para o instrumento poder ter o som que ele tem. A falta da vedação do someiro pode causar vazamento de ar e tirar toda a potência sonora”, esclareceu.
Em seu discurso, Dom Airton afirmou que o órgão de tubos é o único instrumento aprovado para a liturgia por ser um instrumento que imita os sons das cordas vocais do ser humano.
“O órgão de tubos é a expressão da voz humana e o único instrumento que faz este mesmo processo semelhante à voz humana. Por isso os someiros são tão importantes, porque se não tem someiro não tem ar passando, e deste modo não tem voz”, elucidou.
Ao final, o prelado manifestou sua alegria em saber que possivelmente o órgão voltará a tocar, por ocasião dos 280 anos da Arquidiocese, comemorados em 6 de dezembro. Lembrou também que próximo a esta data, ele celebrará 40 anos de vida sacerdotal.
“Se Deus quiser, dia 6 de dezembro iremos utilizar este órgão de tubos. Vou ficar muito feliz, pois dia 8 de dezembro completo 40 anos de padre, então vai ser uma festa. Certamente vamos ouvir muito este órgão, seja na liturgia ou em concertos”, desejou o eclesiástico.
Após o discurso do Arcebispo, foi procedido às assinaturas do Protocolo de Envio. Todos os presentes, além dos que compuseram a mesa, tiveram a oportunidade de marcar sua participação no dia histórico através da assinatura no livro especialmente aberto para o registro do Protocolo de Envio.
Texto e fotos: Paulo César Gouvêa/Arquidiocese de Mariana