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, 21 de novembro de 2024

Brasileiros presentes no Sínodo falam sobre a XVI Assembleia Geral Ordinária

10 de outubro de 2024

A Assembleia do Sínodo sobre a Sinodalidade, que acontece de 2 a 27 de outubro, recebeu diversos brasileiros e teve a presença de um bom número de mulheres. Com voz e voto, elas trazem para a sala do Sínodo o desejo de serem cada vez mais ouvidas e reconhecidas na vida cotidiana da Igreja.

O encontro do dia 19, uma iniciativa particular das mulheres participantes da Assembleia Sinodal, é mais uma prova do desejo do Papa Francisco de ouvir a todos.  A iniciativa deve ser um momento para as mulheres se apresentarem e dizerem ao Papa as angústias, as esperanças e alegrias, apresentando muito do trabalho que já fazem na vida das comunidades, paróquias, pastorais, movimentos, dioceses, inclusive na Cúria vaticana.

A ocasião é uma oportunidade para reafirmar os passos dados desde a primeira sessão do Sínodo sobre a Sinodalidade, realizada em outubro de 2023: dar visibilidade para as mulheres, o reconhecimento das mulheres na Igreja e que a Igreja possa ter esse olhar feminino.

Leigas no Sínodo

A presidente do Conselho Nacional do Laicato do Brasil (CNLB), Sônia Gomes de Oliveira, participa do Sínodo e disse que o momento “não é um evento, mas um modo de ser Igreja, e esse modo de ser Igreja nos convoca, não para esperar o final do Sínodo”.

Sônia Gomes de Oliveira, presidente do CNLB.

Sônia Gomes de Oliveira fez um chamado para que “nós leigos, leigas, desde já tenhamos esse compromisso de sair desta noite escura e gritar por todos os lugares aonde formos: Jesus ressuscitou, e se ele ressuscitou, como Madalena fez, nós podemos dizer, é tempo novo na Igreja, é tempo de uma Igreja sinodal, uma Igreja que aproxima, uma Igreja que ama, uma Igreja que chega junto daqueles e daquelas, uma Igreja com estruturas que favoreçam o encontro, o diálogo e a escuta, e nós leigos, leigas, somos responsáveis por essa Igreja”.

Dom Jaime Spengler

Participando do Sínodo como presidente do Conselho Episcopal Latino Americano e Caribenho, o Celam, o Arcebispo de Porto Alegre (RS) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Jaime Spengler, partilhou um texto com as suas considerações sobre o processo sinodal.

Segundo o presidente da CNBB, o Sínodo sobre a sinodalidade representa um apelo para recordar, trazer à fala e aprofundar o caráter dinâmico da experiência de fé cristã. “Vivemos um tempo em que a Igreja está sendo desafiada a buscar meios, linguagem e métodos apropriados para transmitir a fé às novas gerações”, afirmou.

Dom Jaime Spengler durante o Sínodo.

Resgate do Concílio Vaticano II

Trata, segundo Dom Jaime, de uma oportunidade de resgatar as grandes linhas do Concílio Vaticano II. “Na verdade, se trata de desenvolver as intuições dos padres conciliares e encontrar caminhos viáveis para implementá-las”, reforçou.

O bispo recorda que a Igreja como Povo de Deus, comunhão de peregrinos, é um organismo vivo, o que “implica estar disposta, aberta para colher os sinais dos tempos, num mundo em rápidas transformações evolução”.

Escutar o que o Espírito Santo pede hoje à Igreja

Dom Jaime reforça que Sínodo é uma ocasião propícia para, juntos, escutar o que o Espírito diz hoje à Igreja. A dinâmica sinodal, segundo ele, requer uma abertura constante ao Espírito de Deus e seu Santo modo de operar, por meio do qual vive e atua na Igreja o Cristo vivo e ressuscitado. “Ele continua enviando os discípulos em missão. Missão entendida como um acompanhamento no espírito do diálogo”, afirmou.

O Arcebispo de Porto Alegre (RS) aponta que, ao longo do caminho já feito, uma coisa está se tornando sempre mais evidente: é necessário encontrar meios para que as capacidades e disposições de todos sejam colocadas a serviço da missão. “Todos os batizados necessitam melhor compreender o que significa ser Igreja participativa, promovendo a comunhão e a missão. Isto implica formação e espiritualidade pertinentes”, afirmou.

Dom Jaime aponta que, neste caminho, não se pode temer as controvérsias e compreendê-las como algo que faz parte do processo. “O importante e decisivo é se o que está autenticamente em questão é a fidelidade ao Evangelho, à bela e rica tradição da Igreja e se as possíveis e necessárias respostas aos apelos de hoje trazem as marcas da vocação da própria Igreja: ser sal e luz no mundo!”.

Conversão pessoal e pastoral

O presidente do Celam afirma que a conversão pastoral, de que a muito se fala, exige renovação de estruturas. Antes, porém, aponta a necessidade de conversão pessoal. “Urge tornar a tarefa evangelizadora mais inclusiva e aberta; instigar a todos os que reconhecem Jesus como Caminho, Verdade e Vida a ‘saírem’ e a compartilhar com quem encontrar a experiência de se sentir amado e amada por Ele, pois fez também a experiência do encontro com Ele…”, reforçou.

O presidente da CNBB acredita que a metodologia aplicada ao processo sinodal inspire todos a se abrirem e a realizarem o caminho que o Espírito está indicando. “No Brasil, e na América Latina, muito do espírito que orienta os trabalhos sinodais já se está presente na pastoral ordinária das Igrejas Particulares. Porém, sempre se pode avançar, aprender com outras realidades eclesiais, outras culturas. É por aí que passa a tão necessária e desejada renovação de métodos, expressões, linguagem, ardor, disposição e estruturas”, conclui.

Dom Cipollini

Sendo um dos 5 bispos eleitos em Assembleia da CNBB para representar o episcopado brasileiro no Sínodo, o Bispo de Santo André (SP), Dom Pedro Carlos Cipollini,  compartilhou suas visões após a primeira de semana da segunda sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos.

No âmbito da CNBB, Dom Cipollini foi nomeado membro da Comissão Episcopal Pastoral para a Doutrina da Fé para o mandato de 2011 a 2014, e posteriormente eleito presidente da mesma comissão na Assembleia Geral da CNBB de 2015 para o período de 2015 a 2019, sendo reeleito em 2019.

Grupos de Estudo temáticos

De acordo com o Bispo de Santo André (SP), essa segunda sessão começou com uma característica um pouco diferente. “Nós já tínhamos participado da primeira sessão, já estávamos ambientados com o clima e o tipo de trabalho. Porém, tem uma diferença, por exemplo, a criação dos dez Grupos de Estudo sobre as temáticas, pelo Papa, que trabalharão assuntos mais complexos influem porque esses temas não estão sendo discutidos”, avalia.

Segundo Dom Pedro, alguns permanecem como linhas mestras da primeira sessão. Por exemplo, a sinodalidade como um modo de ser da Igreja, tem que ser implementada com mais força. Ele aponta que existe também a questão da missão: “a Igreja existe para anunciar o Reino de Deus;  quer dizer o Reino tem uma Igreja; não é uma Igreja que tem uma missão; é o Reino que tem uma Igreja missionária a seu favor”.

E aponta ainda que permanece a linha de uma Igreja misericordiosa aberta para acolher a todos, todos, como diz o Papa. “Ontem [dia 6 de outubro] passamos o dia todo ouvindo, o Papa também como nós. Um dia de ouvir os depoimentos pessoais quanto os que trabalharam em grupos”, contou.

O Bispo de Santo André aponta ainda que permanece também a linha da iniciação à vida cristã proposta que defendeu nos sínodo. “À medida que tivermos leigos mais conscientes e preparados, nós podemos ter uma Igreja sinodal onde todos participam; são incluídos, porque se tornam e se sentem responsáveis”, reforça.

Dom Cipolini apontou que a questão do clericalismo também permanece com uma questão a ser refletida. “De modo que estamos caminhando por aí; os trabalhos são discutidos e sintetizados no próprio grupo. Além dos círculos menores, temos também as plenárias onde cada um pode se inscrever e falar”, contou.

Texto adaptado da CNBB
Fotos: CNBB e Vatican Media 

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