A Comissão Episcopal para a Liturgia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) participou de reunião online promovida pelo Conselho Episcopal Latino Americano e Caribenho (Celam), nesta quinta-feira, 28 de setembro. O Encontro das Comissões Episcopais de Liturgia da América Latina e Caribe abriu as celebrações do 60º aniversário da promulgação da Constituição Sacrosanctum Concilium, documento do Concílio Vaticano II que iniciou o caminho de reforma e renovação da liturgia.
Durante o encontro virtual, os participantes recordaram o caminho percorrido nesses anos, avaliando as oportunidades e o crescimento de uma pastoral inculturada. Foi analisado esse percurso de seis décadas, marcado pela busca em promover a formação litúrgica nos Seminários e Casas de Formação, bem como para todos os fiéis, segundo o assessor da Comissão para a Liturgia da CNBB, frei Luís Felipe Marques.
Também foram analisados as deficiências e os aspectos que faltam ser assumidos: “O problema maior é a resistência em viver a comunhão eclesial”, observaram os participantes.
“É notória a influência da espiritualidade de diversos movimentos em nossas celebrações, bem como do retorno de elementos oriundos de uma eclesiologia pré-conciliar: nos cantos que não correspondem ao mistério celebrado, nos gestos inadequados, na interpretação fundamentalista da Palavra de Deus, nas vestes. Além do mais, falta uma boa definição de pastoral litúrgica, gerando um problema metodológico”, pontua frei Felipe.
Para o bispo de Bonfim (BA) e presidente da Comissão Episcopal para a Liturgia da CNBB, dom Hernaldo Pinto Farias, o encontro é importante para pensar a liturgia a partir da dimensão latino-americana.
“A amplidão do Brasil nos coloca na necessidade de adaptar a liturgia às muitas realidades. Além do mais, o encontro com o Celam e a partilha das dificuldades nos ajudam a procurar respostas concretas aos grupos que pensam a liturgia e a inculturação de modo equivocado. É preciso continuar o diálogo e aproximação com as ‘diversas eclesiologias’ com uma propositiva compreensão de que ‘a Liturgia é o cimo para o qual se dirige a Igreja e, ao mesmo tempo, a fonte donde emana toda a sua força’ (SC 10). Faz-se necessário uma formação fundamentada na Sacrosanctum Concílium e Desiderio Desideravi”, comenta o bispo.
Para frei Felipe, “é bonito ver o caminho de toda a América Latina”. O aspecto comum de todas as conferências está em torno a questão da formação, observa, destacando que há elementos para “crescer, purificar e consolidar” em todas as conferências do continente.
“O tempo que vivemos é propício. O povo de Deus demostra muito desejo pela formação litúrgica. No Brasil, a carta Apostólica Desiderio Desideravi, os 60 anos de Sacrosanctum Concilium e a chegada da III Edição Típica do Missal Romano contribui bastante para avaliar o caminho percorrido, pensar as deficiências e refletir sobre o futuro”, conclui o assessor.
A assessora do Setor Espaço Litúrgico, Raquel Schneider, avalia que o encontro possibilitou, além da memória do percurso feito nesses 60 anos em vista da implantação da Reforma Litúrgica, “uma rica partilha das experiências de cada país”. “Conquistas e desafios foram apresentados, com muitos pontos comuns, entre eles, a necessária e urgente continuidade da formação, as preocupações com a inculturação, e, assim, também com a música litúrgica e o espaço litúrgico”, observou.
Para o padre Jair Oliveira Costa, assessor Setor Música Litúrgica, o encontro foi “uma oportunidade ímpar de ter uma visão panorâmica da realidade da liturgia na América Latina. Muitos ganhos e muitos desafios em comum. Destaca a necessidade da formação para toda a assembleia celebrante, e que a liturgia seja preocupação de todo o Povo de Deus, não somente de clérigos e teólogos”.
Texto e imagem: CNBB