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Celam conclui encontros regionais da Etapa Continental do Sínodo 2021-2024

13 de março de 2023

Após quatro semanas de intenso trabalho, conversa espiritual e discernimento comunitário, as Assembleias Regionais da Etapa Continental do Sínodo 2021-2024 foram concluídas com a Assembleia do Cone Sul, realizada em Brasília, de 6 a 10 de março. No último dia do evento, uma coletiva de imprensa com a participação de Dom Jorge Lozano, secretário-geral do Celam; Dom Joel Portella Amado, secretário-geral da CNBB; Blanca Patricia Palacios, responsável pelo processo Sinodal no Paraguai; Sônia Gomes, presidente do Conselho Nacional do Laicato do Brasil (CNLB), e o padre Pedro Brassesco, secretário-geral adjunto do Celam e coordenador das Assembleias Regionais, trouxe um balanço do que foi essa etapa. 

Trata-se de um processo que é levado a cabo em todo o mundo, como recordou Dom Jorge Lozano, que lembrou que a participação nas Assembleias da América Latina e do Caribe se baseou no número de habitantes e dioceses de cada país, procurando reunir o que tornará possível produzir a Síntese Continental a ser enviada à Secretaria do Sínodo antes de 31 de março.  

Dom Jorge Lozano, Arcebispo de San Juan de Cuyo, na Argentina. Foto: Fabrício Preto

O arcebispo de San Juan de Cuyo, na Argentina, e secretário-geral do Celam, participou desta vez como delegado, envolvendo-se nas comunidades de discernimento, uma experiência muito agradável pelo fato de poder aprofundar a escuta, aprofundar o discernimento, pensar em propostas em conjunto com outros irmãos.

Por esta razão, o arcebispo disse que viveu este momento com um coração agradecido a Deus e ao Santo Padre por esta convocação, agradecendo também a dom Joel Portella, secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) pelo acolhimento fraterno. O Brasil teve uma grande participação neste processo sinodal, salientou dom Joel Portella, que insistiu que o processo continua e que o encontro foi uma sala de aula de sinodalidade, algo que se aprende fazendo.

Blanca Patricia Palacios, responsável pelo processo sinodal no Paraguai. Foto: Fabrício Preto

Um processo que, no caso do Paraguai, como salientou a Blanca Patricia Palacios, responsável pelo processo sinodal no país, foi levado a cabo em continuidade com a Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe e no contexto do Ano do Laicato, com trabalhos nas diferentes dioceses que criaram as suas equipes sinodais, acompanhadas pela Conferência Episcopal, que desenvolveu ferramentas e realizou duas reuniões para partilhar estas experiências.

Blanca Patricia disse que se sentia reforçada como leiga pelo fato de “reconhecer o nosso papel como leigos e agentes pastorais”. Estes são processos que ajudam no crescimento da fé e permitem “ajudar os outros a crescer para que todos tenham uma voz e um lugar na Igreja”, tendo sempre presente que “o objetivo é ser discípulos missionários de Jesus”. Uma realidade também vivida por Sonia Gomes de Oliveira, presidente do Conselho Nacional do Laicato do Brasil (CNLB), que definiu este momento como uma oportunidade para o Espírito indicar caminhos e ajudar os leigos, especialmente no Ano Vocacional que o Brasil está vivendo, a retomar a sua vocação de responsabilidade na Igreja a partir da eclesiologia do Concílio Vaticano II. 

Padre Pedro Brassesco, secretário-geral adjunto do Celam. Foto: Fabrício Preto

Estas assembleias regionais são vistas pelo padre Pedro Brassesco como “uma experiência de aprendizagem de uma nova forma de ser Igreja”, reaprendendo a ser uma Igreja mais participativa que pode entrar em comunhão com o objetivo da missão de chegar a todos, especialmente aos mais pobres.

O secretário-geral adjunto do Celam enfatizou o método, a atitude de escuta, algo fundamental, mas a que não estamos habituados, porque na Igreja se procura mais falar, e aqui a escuta tem sido reforçada. Sublinhou também a importância da oração, porque “não foi um encontro programático, mas um encontro baseado na presença de Deus no nosso meio, que fala através dos nossos irmãos e irmãs”.  

Ao falar dos resultados do processo, estes aparecerão na elaboração de uma síntese continental, que juntamente com a síntese dos outros continentes permitirá a elaboração de um Documento de Trabalho para a Assembleia Sinodal em outubro de 2023. Destacou também a boa recepção do Documento para a Etapa Continental, “a partir das nuances nas diferentes formas de viver a Igreja em cada uma das regiões”.

O processo de escuta na Igreja no Brasil

O bispo auxiliar do Rio de Janeiro (RJ) e secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Joel Portella Amado, afirmou, na Coletiva de Imprensa de balanço da Assembleia Regional do Cone Sul e da Etapa Continental do Sínodo dos Bispos 2021-2024, que o Brasil também está aprendendo a viver o Sínodo no processo rico e desafiador proposto pelo Papa Francisco para a Igreja.

O secretário-geral da CNBB afirmou que a Assembleia do Cone Sul não foi um encontro de peritos e expertos em Igreja, mas de irmãos e irmãs. “Isto é a grande lição. Conversando com muitos dos representantes dos grupos brasileiros, vimos que foi uma grande aula de sinodalidade. Porque comunhão e sinodalidade só se aprende fazendo”, disse.

Dom Joel enalteceu a participação na Igreja no Brasil na fase diocesana. “Na primeira etapa, tivemos a participação de 97% de 279 de nossas Igrejas Particulares. Dos três por cento que não participaram, foi por questões relacionadas a mudanças de bispos”, disse. O secretário-geral afirmou que o número expressa uma adesão e participação integral da Igreja no Brasil, um dos países com o maior número de dioceses do mundo, ao processo do Sínodo sobre a sinodalidade.

Ele destacou ainda que 62% das dioceses brasileiras enviaram sua síntese em preparação à etapa continental o que, em sua avaliação, é também um número satisfatório, considerando que o envio se deu num tempo em que no país vive-se o Natal, o Ano Novo e as férias.

Participação do laicato

Na opinião da presidente do CNLB, Sônia Gomes, para os brasileiros todo o processo sinodal tem sido mais forte porque o país está vivenciando o Ano Vocacional e isso interpela o laicato do Brasil a retomar a sua vocação de batizado e de corresponsável na missão da Igreja.

“Isso aponta caminhos para nós com essa experiência dessa necessidade de a Igreja recuperar a eclesiologia do Vaticano II. Somos batizados, somos povo de Deus e que precisamos assumir o nosso batismo nos vários lugares em que a própria igreja nos chama”. 

Ela salientou que a responsabilidade na evangelização também aponta caminhos. “A Igreja precisa investir nesse laicato, seja na formação, no processo de comunhão e de responsabilizar o laicato no sentido de dar autonomia para que ele possa ser responsabilizado pelas ações e decisões da Igreja”. 

Fase Continental

A fase continental do Sínodo começou em 27 de outubro do ano passado com a publicação do Documento de Trabalho para a Etapa Continental (DEC), inspirado pela exortação de Isaías: “Alarga o espaço da tua tenda!” (Is 54,2). O DEC apresenta um mosaico dos processos de escuta que marcaram a primeira fase do sínodo e subsidiou uma nova escuta das Igrejas particulares.

As conferências episcopais organizaram uma nova síntese de cada país que foi a base para os diálogos nas assembleias da etapa continental.  Na América Latina e Caribe foram realizadas quatro Assembleias Regionais sendo na região da Centro-américa-México, em São Salvador (El Salvador), de 13 a 17 de fevereiro de 2023; no Caribe, em Santo Domingo (República Dominicana), de 20 a 24 de fevereiro; Bolivariana, em Quito (Ecuador), de 27 de fevereiro a 3 de março, e no Cone Sul (Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai) de 6 a 10 de março.

Próximos passos

Haverá uma reunião da Equipe para a Fase Continental com delegados de cada país para a redação da Síntese Continental, de 17 a 20 de março, em Bogotá, na Colômbia. E, de 21 a 23 de março, os secretários-gerais, de forma presencial, e os presidentes das Conferências Episcopais, de forma virtual, vão reler colegialmente a experiência sinodal vivida com base no seu carisma e responsabilidade específicos, mas respeitando o processo realizado e sendo fiéis às diferentes vozes do Povo de Deus.

Este documento será enviado, até 31 de março de 2023, à Secretaria Geral do Sínodo para constituir, juntamente com os dos outros seis continentes, a base do Instrumentum Laboris da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que terá a sua primeira sessão em outubro deste ano e a sua segunda sessão em outubro de 2024.

Texto: Padre Luis Miguel Modino/Ascom Celam (adaptado) com informações da CNBB

Foto de capa: Fabrício Preto/Ascom POM

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