Convidados a viver em um albergue, lugar de esvaziamento e avaliação, e chamados a reacender a chama da vocação, padres e diáconos permanentes da Arquidiocese de Mariana participaram dos dias 3 a 7 de julho da segunda edição do Retiro do Clero de 2023. O encerramento do encontro foi na manhã da última sexta-feira com a celebração da Santa Missa em ação de graças presidida pelo Bispo Auxiliar de Belo Horizonte e pregador do momento, Dom Joel Maria dos Santos.
“Daí graças ao Senhor, porque Ele é bom, porque eterna é a sua misericórdia!”, assim como aclamado no Salmo 105 (106), proposto pela liturgia da última sexta-feira, os presentes concluíram o encontro louvando a Deus em agradecimento pelos cinco dias de fortalecimento espiritual.
Durante a Santa Missa, o Bispo Auxiliar de Belo Horizonte destacou como os temas da missão e do discernimento, também vividos durante o retiro, estavam presente nas leituras proclamadas naquela ocasião. De forma mais específica, ao comentar sobre o Evangelho, Dom Joel evidenciou três pontos para a reflexão: o olhar misericordioso de Jesus para Mateus, fazendo diferença na vida ele; a ida do Senhor à casa do então cobrador de impostos, proporcionando-o a conversão; e quando sob o olhar crítico dos fariseus, Jesus, que está à mesa, possibilita que os pecadores também estejam à mesa, se colocando como o divino mestre.
“O Evangelho de hoje nos deixa esta lição: que a seu exemplo continuar a sua missão. E qual foi a missão de Jesus e não pode ser outra a nossa também? De ir encontrar os excluídos, os marginalizados. Ir encontrar os pecadores”, frisou Dom Joel, lembrando que transmitir o horizonte amplo de uma Igreja em Saída é o chamado do Papa Francisco.
Refletindo sobre à luz do 3º Ano Vocacional, com o tema “Vocação: Graça e Missão” e o lema “Corações ardentes, pés a caminho”, ao longo da última semana, os padres e diáconos permanentes presentes aprofundaram sobre o chamado à escolha que o Senhor fez a cada um a partir das orientações e meditações conduzidas por Dom Joel.
“Para isso, se faz necessário olhar para Ele, Aquele que nos chama, e deixar-nos, de novo, aquecer o coração de tal maneira que assumindo a nossa missão em meio aos seus muitos desafios, [com] pés a caminho permanentes, busquemos, com todas as limitações que temos, sem desconsiderar a nossa humanidade, mas também sem deixar de reconhecer a graça de Deus que nos acompanha, nos fecunda e nos fortalece a permanecer na missão. Buscamos fazer esse caminho ao longo desses dias, contemplando o mistério da nossa vocação e, ao mesmo tempo, buscando no encontro com a Palavra de Deus, no encontro com a Eucaristia, renovar o que é próprio da nossa missão, respondendo sempre com ardor, com alegria, com fé e esperança àquilo que o Senhor confiou às nossas mãos, mesmo sendo limitados, humanos, frágeis, como somos”, detalhou o pregador do retiro.
De acordo com Dom Joel, diante aos desafios dos novos tempos, o caminho importante para permanecer com os corações aquecidos e pés a caminho é voltar para o encontro com o Mestre que nos chama.
“Voltando a Ele, voltar a Jesus Cristo, é fundamental para que não percamos de vista a sua pessoa, a sua vida, a sua missão, que hoje é continuada por nós, pela Igreja. Portanto, buscamos nessa semana fazer exatamente essa experiência de nos dedicar um tempo maior de oração, de silêncio, de escuta, de encontro com a Palavra de Deus no mistério da Eucaristia, porque só quando dedicarmos esse espaço no cotidiano de nossas vidas e em meio às dificuldades é que haveremos de encontrar as forças necessárias, a partir de uma sólida espiritualidade que não condiz apenas com alguns momentos ou atos religiosos; uma verdadeira espiritualidade capaz de nos fortalecer, nos aquecer novamente, e com os pés a caminho, buscar dar respostas novas aos desafios novos que a história e o mundo de hoje sinalizam”, enfatizou o prelado.
Segundo o Representante Arquidiocesano dos Presbíteros, Padre Mauro Lúcio de Carvalho, a experiência do retiro é fundamental ao ministério sacerdotal e diaconal. “Dom Joel, com sabedoria e humildade, nos ajudou a percorrer o caminho do nosso Emaús, fazendo-nos perceber a presença discreta e desconcertante do Cristo em nossa vida. O padre e o diácono são homens da Palavra que se nutrem da Palavra, para se fazerem palavra encarnada de Deus junto às realidades pastorais. Terminamos o retiro agradecidos a Deus pela oportunidade da oração. Voltamos à missão pastoral com o coração ardente”, disse.
Destacando também como foi direcionada a orientação do retiro, o Coordenador dos Diáconos Permanentes da Arquidiocese, Diácono Sebastião Gois, lembrou que o pregador utilizou de metáforas, como albergue e barco, para ressaltar a importância do convívio fraterno no exercício do ministério.
“O albergue como local de reencontro, onde se deve retornar para descansar e refletir. [Já] o barco [para] insinuar [que] o exercício do ministério ordenado é constantemente impelido ao movimento, ora para frente, ora para trás e para os lados, nunca parado. Neste ir para frente, avança para alcançar os ainda distantes, no movimento de volta, apanhar os que dele caíram, e quando para os lados, não permitindo que ninguém seja deixado as margens”, explicou o Diácono Sebastião.
Para ele, “ficou muito claro que a Palavra é que deve conduzir os pensamentos e os desejos do ministro, fazendo dele, de fato, fiel àquele que anuncia, para que tocado o coração do ministro, ele alcance seus fiéis e os conduza à mesa da Eucaristia”, sublinhou o Colaborador da Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem, em Itabirito (MG).
Participando pela primeira vez desde a sua ordenação, ocorrida em novembro de 2022, o Padre Wesley Pires dos Santos definiu o retiro como tempo da Graça de Deus, de revigoramento de Voltar ao primeiro amor, de modo especial, por ter sido realizado no Seminário São José. “É ainda mais reavivar este primeiro amor, essa primeira chama da vocação, reconhecendo que a vocação é graça, dom e missão”, declarou.
“Nós voltamos agora para as nossas comunidades mais felizes, alegres e esperançosos para testemunhar o Cristo, tendo sempre esta ciência da proximidade que devemos ter com Deus, com bispo, com o presbitério e com a comunidade dos fiéis, com os nossos irmãos e irmãs, que no dia a dia da paróquia também caminham rumo a santidade no compromisso com o reino de Deus. Fazer o Retiro é revigorar-se na fé e na vocação”, complementou o Vigário Paroquial da Paróquia Nossa Senhora do Pilar, em Ouro Preto (MG).
Saiba mais sobre o 3º Ano Vocacional em: arqmariana.com.br/3o-ano-vocacional/
Texto e fotos: Thalia Gonçalves | Arquidiocese de Mariana