Nesta quinta-feira, 15 de dezembro, foi realizada uma coletiva de imprensa para apresentar aos meios de comunicação os trabalhos realizados durante a obra de restauração da Catedral Basílica Nossa Senhora da Assunção, a Sé da Arquidiocese de Mariana.
Participaram desse momento, o representante da empresa ANIMA, responsável pela reforma, Arthur Coelho, o Pároco e Reitor da Catedral, Padre Geraldo Dias Buziani, o Prefeito interino de Mariana, Ronaldo Bento, o Arcebispo Metropolitano, Dom Airton José dos Santos, a Superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em Minas Gerais, Débora França, e o ex- Pároco da Catedral, Cônego Nedson Pereira de Assis.
Durante o diálogo com os veículos de comunicação, Arthur Coelho explicou que a “obra passou por alterações e aditivos de trabalho não contemplados no projeto original”. Por essa razão, foram acrescentados “serviços relacionados ao forro e a capela das laterais, o que demandou mais do tempo estipulado”. Com isso, a etapa da restauração dos elementos artísticos que tinha uma previsão de 18 meses de duração, foi executada em 4 anos.
Para ele, “um grande desafio contemplado foi a restauração completa do forro, bem como sua estrutura superior, as cambotas”. Artur também lembrou dos momentos delicados para fazer a remoção total do emblema central e as demais partes em tom de areia. De acordo com ele, o trabalho “específico executado no órgão da Catedral, com os anjos superiores, a própria caixa do órgão e o paravento que também merece um destaque especial, porque a parte inferior estava bem mais comprometida do que nós esperávamos”.
A restauração da Catedral custou aproximadamente R$ 10.600.000, de acordo com a superintendente do Iphan, Débora França. “O Iphan opta por fazer a transparência na questão do tratamento dos dados, então, todas essas informações estão no processo SEI do Instituto”, ponderou.
Devido à complexidade dos trabalhos, Débora explicou que a obra foi executada em três etapas: a primeira de consolidação estrutural e a restauração arquitetônica, onde ocorreu também o acompanhamento arqueológico dos trabalhos; a segunda etapa foi a etapa das instalações, principalmente as instalações elétricas; e por fim, a restauração dos elementos artísticos e integrados. “O período de seis anos, é exatamente por isso, foi uma quantidade volumosa de serviços de restauração. A parte dos elementos artísticos é uma parte muito delicada, muito primorosa, que precisa de toda uma atenção e um cuidado muito especial”, descreveu.
À oportunidade, o ex- Pároco da Catedral, Cônego Nedson Pereira de Assis, destacou a importância da Catedral e como foi apresentada a necessidade de restauração para o Iphan.
“Nós estávamos cuidando de uma senhora bem idosa. Nós estamos falando de um bem de 300 anos, cujos elementos construtivos são frágeis, mas, são elementos duráveis, a taipa, a madeira. Porém, a Catedral vinha sofrendo muitas trepidações (abalos) devido ao trânsito. Tínhamos também a questão da umidade do solo, porque nós temos uma fonte que nasce bem ao lado do Pátio da Catedral e as torres já estavam com a estrutura muito fragilizada, sendo impedido dobrar os sinos. No ano de 2011, parte da torre esquerda desabou. Alguns altares estavam bem danificados pelos ataques dos insetos e o forro que, aparentemente, estava muito bom, havia apenas uma casca. Toda a estrutura do telhado sofreu muito também com infiltrações”, recordou sobre a situação da Sé de Mariana anterior à obra.
“Tendo em vista toda essa recuperação da Catedral, na época, eu procurei a Raquel que estava aqui e expus para ela a necessidade de pensar em um restauro para Sé. E qual seria o argumento para que o Iphan pudesse abraçar conosco essa obra? É a única Catedral que sobrou das sete primeiras do país. Acho que nem a Raquel sabia. Porque três foram desmanchadas: a de São Paulo, a do Rio de Janeiro e a de Salvador; e três foram muito alteradas: a de Belém do Pará, a de São Luís do Maranhão e a de Olinda e Recife, que foi até incendiada pelos holandeses. A única que restou foi a de Mariana. Minas Gerais teve essa graça. E o Iphan abraçou essa causa na época”, relatou.
Enfatizando o esplendor da Catedral, o Arcebispo de Mariana, Dom Airton José dos Santos, afirmou que a utilização da Igreja, desse templo religioso, é para o culto. “A Igreja Católica tem um local para gente expressar a fé, e uma das coisas importantes para expressar a fé, exatamente, é a participação na liturgia, na missa de modo especial, depois dos sacramentos, casamentos, batizados e assim por diante”, disse.
De acordo com Dom Airton, “nós temos que ser muito firmes naquilo que é a conservação e manutenção desse patrimônio e fazer com que ele dure. O Cônego Nedson lembrou que essa igreja é uma igreja tricentenária, ela tem que durar pelo menos mais de 300 anos, por isso, a responsabilidade da gente é enorme, porque precisamos fazer procedimentos para mantê-la. Evidentemente isso não será fácil nem barato porque tudo é material, é produto. São produtos que a gente deve utilizar para manter e proteger esse patrimônio que nasceu da fé do povo de Mariana, da preocupação em criar a Diocese de Mariana e depois a Arquidiocese de Mariana”, frisou o Arcebispo.
O atual Pároco e Reitor da Catedral, Padre Geraldo Dias Buziani, destacou na coletiva de imprensa a importância do templo dos pontos de vista religioso e espiritual. “É uma Catedral, é a sede da Igreja Particular, onde está a cátedra do bispo. Esse templo tem uma importância porque ele é símbolo da unidade da Igreja Arquidiocesana, onde ela se reúne em torno do seu bispo, e ali é a plena manifestação da Igreja visível de Cristo. Esse templo tem uma grande importância na vida da Arquidiocese e na vida também de cada marianense, porque ele ocupa também uma centralidade, que é geográfica, tudo gira em torno da Sé. As pessoas têm uma memória afetiva com esse templo, batizados, casamentos, momentos importantes”, ressaltou.
O Prefeito interino de Mariana, Ronaldo Bento, também esteve presente na coletiva de imprensa e destacou a importância da Catedral da Sé para o turismo da cidade.
“É uma Catedral realmente central, uma igreja que traz um acervo para que turistas, muitas vezes, saem do Brasil e do mundo para vir aqui ouvir o Órgão. Acredito que isso é um ganho para o nosso turismo. É uma igreja tricentenária, é uma igreja que traz um acervo preservado e que aguça ao Brasil e ao mundo vir conhecê-la. Então, acredito que isso fortalecerá o nosso turismo, fortalecerá a nossa economia, fortalecerá a nossa diversificação, que acho que é um polo que a gente tem que investir muito no turismo. A reabertura da Catedral, nos dá a condição de revivenciar a nossa fé por essa igreja, por essa obra de arte e para que as pessoas possam, de uma forma consciente, vir aqui, propagar a sua fé e conhecer as belezas que assim são ofertadas na nossa Catedral”, apontou.
Fotos: Marina Ferreira/Câmara Municipal de Mariana