quinta-feira

, 08 de maio de 2025

Sexta-feira Santa: cerca de 8 mil fiéis participam do Sermão de Descendimento da Cruz

19 de abril de 2025 Arquidiocese

A praça Minas Gerais, em Mariana (MG), se tornou cenário de contemplação dos mistérios da paixão e morte de Nosso Senhor Jesus Cristo para cerca de 8 mil fiéis, nesta Sexta-feira da Paixão, dia 18 abril. Em profunda fé e atenção, a partir das 19h, os olhares se voltaram para o Arcebispo Emérito de Diamantina, Dom João Bosco Oliver de Faria, que proferiu o Sermão de Descendimento da Cruz.

Durante sua pregação, Dom João Bosco discorreu sobre os sofrimentos e atrocidades físicas cometidas ao Cristo. Todas as marcas das chicotadas ficaram estampadas no Santo Sudário de Turim, tecido que envolveu o corpo de Nosso Senhor em seu sepultamento, como relembrou o prelado.

O lenço foi estudado ao longo dos anos, resultando na comprovação de diversos fatos do caminho de Jesus até o Calvário, como a quantidade de chagas, tamanho dos espinhos da coroa e, até mesmo, a altura dos soldados que n’Ele bateram.

“A coroa estampada no lençol era como um capacete que envolvia toda a cabeça do condenado. Os espinhos eram de três a quatro centímetros de comprimento e duros. Quarenta feridas no couro cabeludo com focos de sangue e 120 feridas pelo corpo todo. Por isso a Verônica canta ‘Olhai e vede se existe dor semelhante à minha dor’. Jesus passou por tudo isso pelo amor que Ele tem para conosco. Penso que a agonia no horto das oliveiras talvez seja o momento mais duro de Jesus, porque com a sua ciência divina Ele sabia o que o esperava.

Sua dor e sofrimento foram tão profundos que o Evangelista Lucas, que era médico, dá detalhes que outros Evangelistas não dão. Lucas diz que gotas de sangue rolaram do corpo de Jesus e caiam no chão no horto das Oliveiras. O pavor que Ele experimentou foi tão violento que seus poros se dilataram e passaram a suar sangue de pavor pelo sofrimento que estava por vir”, proferiu o prelado.

Dom Airton e Dom João Bosco após o Sermão de Descendimento.

O sermão tocou notavelmente a comunidade de fé ali presente, sendo finalizado com um convite a deixarmos nossos pecados aos pés d’Aquele que veio ao mundo para nos salvar.

“Cada um de nós tem seus pecados. Somos convidados, humildemente, a colocar nossos pecados aos pés de Jesus e dizer a Ele, do fundo do nosso coração, que queremos ser melhores do que somos até hoje. Mais pacientes em casa, mais amorosos na família, mais presentes junto as pessoas que sofrem e mais alegres confiando na graça de Deus que nunca falta àqueles que n’Ele confiam”, exortou Dom João.

Cristo foi descido da cruz e entregue à Nossa Senhora. Como sinal de esperança que ali brotara das trevas, os fiéis acenderam suas velas formando um mar de chamas amareladas.

Em seguida, formou-se a Procissão do Enterro pelas ruas históricas da cidade primaz de Minas Gerais, em direção à praça da Sé. À frente foram os anjos, seguidos do figurado bíblico, o pálio com Dom Airton e o Santo Lenho, o Senhor Morto acompanhado das imagens de Maria de Nazaré, Maria de Cléofas e o discípulo amado.

Com a chegada, o Arcebispo concedeu a benção do Santo Lenho, ao lado do Pároco e Reitor da Catedral, Padre Geraldo Dias Buziani; e do Pároco da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, em Mariana (MG), Padre Geraldo Luzia do Carmo.

Oficio de Trevas e Ação Litúrgica

A programação do dia foi iniciada com o Solene Ofício de Trevas, presidido pelo Arcebispo Metropolitano de Mariana, Dom Airton José dos Santos, às 9h. Esse rito traz orações para intercessão em um momento em que a escuridão se apossou da terra com a morte de Nosso Senhor Jesus Cristo.

A cada salmo rezado, uma vela é apagada em um candelabro ao lado do altar. Intercalando entre cânticos em latim, preces e salmos, a cerimônia se encerra quando a última vela é apagada, juntamente com a iluminação do ambiente.

O rito também contou com a participação do Pároco e Reitor da Catedral, Padre Geraldo Dias Buziani, o Diácono João Pedro Silva Ribeiro, bem como se fez presente Dom João Bosco que estava unido em oração ao lado das dezenas de fiéis.

Às 15h, ocorreu a Solene Ação Litúrgica em memória da Paixão e Morte do Senhor. Com os altares desnudados, de forma silenciosa, exatamente às 15 horas, a procissão de entrada seguiu até o altar.

Dom Airton, Dom João Bosco e Padre Geraldo Buziani se prostraram no chão diante do altar, fazendo um minuto de silêncio em memória de Cristo, simbolizando a humanidade oprimida e penitente.

Em seguida, realizou-se a leitura do Livro do Profeta Isaías, relato do Servo sofredor. O Salmo fez referência a esperança em Deus, pois só o Altíssimo é a salvação. Já a segunda, leitura da Carta aos Hebreus, convidava a todos para continuar firmes na fé, pois “Cristo é o Sumo sacerdote eminente que entrou no céu”.

O Evangelho narrado por São João, traz o flagelo de Jesus, sua prisão, julgamento e condenação à morte. Momentos em que Jesus viveu, humanamente, a dor, o desprezo e a traição.

Durante a Ação Solene, em clima de silêncio e introspecção, foi feita Oração Universal, pela Santa Igreja; pelo Papa Francisco; por todos os membros da Igreja; pelos catecúmenos; pela unidade dos cristãos, pelos judeus; pelos que não creem em Cristo; pelos que não creem em Deus; pelos governantes, por todos os que sofrem, e por tantos outros que necessitam de orações.

A Sagrada Comunhão foi distribuída e a oração do Pai-Nosso foi rezada por toda a assembleia presente. Logo após, Dom Airton entra, solenemente, com a Cruz de Cristo, encoberta por um véu roxo, até diante do altar, com o canto entristecido, “eis o lenho da Cruz, do qual pendeu a salvação do mundo. Vinde, Adoremos!”

O véu é retirado e, no final da celebração, os fiéis fizeram fila para reverenciar e beijar o Cristo na Cruz. Também nesse dia, foi realizada a “Coleta para a Terra Santa“, a fim de ajudar na manutenção dos lugares santos, como Jerusalém, Santo Sepulcro, Jardim de Getsêmani etc.

Texto: Paulo César Gouvêa/Arquidiocese de Mariana
Fotos: Paulo César Gouvêa e Claudiana Magalhães/Arquidiocese de Mariana