Oração, música e devoção marcaram a comunidade de Paracatu de Baixo, no último domingo (15). Os ex-moradores da comunidade atingida em 2015 pela lama da barragem de Fundão retornaram ao local para a tradicional festa do Menino Jesus. A missa foi celebrada às 15h na Capela de Santo Antônio pelo pároco da Paróquia São Caetano, da qual o local faz parte, padre Alex Martins de Freitas.
“Não é como antes, mas a alegria da gente é estar aqui sempre”, conta Glória Maria da Silva, que retorna a Paracatu sempre que pode. Assim como para ela, além de expressão de fé, a festa tende a ser um resgate da memória dos que foram obrigados a deixar para trás parte de sua história. “Todos os anos eu venho, são muitas lembranças boas”, admite.
Para Cátia Aparecida da Silva, a sensação não é diferente. “Eu gosto muito, é uma mistura de tristeza e nostalgia. Mas eu sempre ajudo no que posso porque traz boas lembranças”, expõe. Nesta, por exemplo, ela estava cantando no coral formado por jovens da comunidade há mais de 15 anos. O grupo resiste cantando nas missas dedicadas a comunidade na Capela Santa Cruz, no bairro Barro Preto, em Mariana, em todos os primeiros domingos do mês, às 15h.
A coordenadora da comunidade, Maria Geralda Oliveira da Silva, relata que a festa do Menino Jesus é um momento de grande alegria por fazer memória à tradição passada de geração em geração. “É como reviver as coisas boas que passaram, mas que ficaram na memória. A festa é uma das formas de permanecermos unidos, mesmo que seja por alguns instantes. É reviver o que tínhamos de melhor, o que temos de melhor. É resgatar nossas raízes”, aponta. Os ex-moradores também retornam a Paracatu de Baixo para outras festas, como a do padroeiro, Santo Antônio, e a de Nossa Senhora Aparecida.
Homilia
Na homilia, padre Alex ressaltou que a misericórdia de Deus é infinitamente superior ao pecado da humanidade e que na criança nascida em Belém a ternura de Deus se inclina e toca a nossa humanidade. “O que significa para nós cristãos celebrar a festa do Menino Jesus? Significa dizer que o Deus cristão não é um Deus desconhecido, não é distante, oculto, não é um Deus indiferente a nós. É um Deus próximo, Deus Conosco, que se deixou ser conhecido”.
Ele lembrou aos fiéis que a misericórdia de Deus sobressai a Sua ira e ressaltou que a idolatria praticada no Antigo Testamento é ainda hoje praticada por nós. “Nós também temos cabeça dura, vez ou outra também nos esquecemos de Deus, daquilo que Ele fez na nossa vida. Muitas vezes substituímos Deus, também pecamos por idolatria. […] Quantas vezes somos infiéis a Deus? Quantas vezes não nos esforçamos para pôr em pratica a palavra de Deus? Quantas vezes o que Deus nos pede na Palavra passa longe da nossa vivencia cristã porque outras coisas ocupam o lugar de Deus nas nossas vidas?”, questionou.
Antes da missa, houve apresentação do grupo de Folia de Reis da comunidade. A Banda São Caetano, de Monsenhor Horta, também esteve presente e acompanhou a procissão com a imagem do Menino Jesus.